Sempre estaremos juntas

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Era um lindo dia de primavera. O céu estava tão azul... Erika e Verônica estavam esperando em uma fila, repleta de homens que as olhavam de forma estranha.

Aquela era a fila para o alistamento no exército. Ambas tinham 16 anos. Elas não tinham mais casa, nem emprego e nem esperança. Servir a nação parecia algo bom. Algo muito bom.

-Será que vamos nos sair bem? Aqui só tem homens! –disse Verônica.

-Eu sei, mas isso é por que as mulheres são maricas. Vamos ser as melhores, você vai ver. –tranquilizou-a Erika.

-Próximo! –chamou o homem.

-Oi, quero me alistar nas forças armadas! –disse Erika.

O homem olhou-a por cima dos óculos. Uma garota relativamente fraca, nada em especial. Exceto que era uma garota, e aquilo estava ficando bem raro.

-Nome?

-Erika.

-Sobrenome?

Erika se calou. Ela tinha um sobrenome, mas jamais ousaria dizê-lo novamente. Não depois do que acontecera quando pequena. Não queria lembranças nem da mãe e nem do pai.

-Órfã! Eu não tenho sobrenome! –mentiu.

O homem analisou a garota, largando a caneta em cima da mesa.

-Tem algum documento?

Mas ela não tinha nada, nem Verônica. Tudo foi deixado para trás, junto com o passado.

-Não... –suspirou Erika. Aquilo não ia dar certo.

O homem respirou fundo e pegou a caneta novamente, fitando Erika.

-Pode ao menos dizer-me de onde você é?

-Eu sou de Galacky. Fronteira de Galacky. –disse Erika, confiante.

O homem preencheu um dos campos do papel, voltando sua atenção para a jovem.

-Têm familiares?

-Minha irmã, Verônica. –disse Erika, apontando para sua irmã que estava atrás dela.

O homem olhou. Mas da maneira mais estranha possível.

-Tudo bem. Seu nome esta aqui. Esperamos poder contar com você! –disse o homem, sem entusiasmo nenhum. –Próximo!

-Espera... É só isso? –indagou Erika.

-Sim. Estamos cheios de soldados. Quando montarmos outra equipe, daremos um toque.

-Mas nem tem meu telefone...

-Você tem telefone?

Erika suspirou.

-Não.

-Não desperdice meu tempo! –disse o homem, ríspido.

Erika se espantou com a falta de educação do homem.

-Ei, mais educação, quatro olhos! –retrucou Verônica.

O homem fitou a jovem de cabelos cacheados. De fato tinha algo de especial nela e ele sabia exatamente o que era.

-Você! A semelhança... Você é filha de Jorge Wilston. –disse o homem.

Todos na fila começaram a murmurar e dar risadas abafadas. Erika ficou corada, e Verônica prestes a explodir.

-NÃO REPITA ISSO! ELE ERA UM BASTARDO MALDITO E NÃO É NADA NOSSO... NÃO MAIS! –gritou Verônica.

Ela agarrou Erika pelo braço, arrastando para fora daquele inferno. As duas ficaram do lado de fora. Erika observou a irmã, que estava chorando.

-Ei... Vamos achar outro jeito de viver. E ninguém nos desrespeitará novamente. E sabe por quê? Por que estaremos juntas. Sempre estaremos juntas! –disse Erika, abraçando Verônica com toda a força que pôde reunir.

-E se nada der certo? E se ficarmos sozinhas e vivendo nas ruas para sempre? Morreremos de doenças ou de fome ou de frio ou...

Erika limpou as lágrimas da irmã.

-Verônica, eu e você faremos tudo dar certo! Tudo dará certo enquanto estivermos juntas. Pode confiar em mim?

-Sim... Claro que posso.

As duas ficaram ali durante minutos, sem imaginar que seu destino mudaria para sempre.

Guerra das NaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora