Elas eram muito pequenas, quando tudo aconteceu. Seus pais decidiram que o melhor era ficarem separados. As meninas ficaram com a mãe, Ruby. Elas viviam bem, mas quase nunca viam o pai. Jorge era um ex-veterano do exército que foi expulso após tentar matar o General. Ele foi diagnosticado como doente mental, para o desespero de Ruby.
Ela achava que o melhor era que as meninas nunca mais o vissem. Mas Jorge não iria desistir de ter suas filhas de volta. Depois de alguns anos, quando as meninas completaram 10 anos, ele foi visita-las, com a permissão e o receio de Ruby.
-Jorge, você pode vê-las hoje, mas é só isso. Depois disso você some e nunca mais aparece. –sussurrou Ruby.
-Papai! –disse Erika.
Erika e Verônica abraçaram o pai.
-Meus amores. –disse Jorge.
O pai ficou na pequena casa até por do sol. Ruby o mandou embora, para a tristeza das meninas.
-Ele vai voltar? –indagou Verônica.
-Em algum momento! –mentiu Ruby.
Por ela, aquele homem estaria morto faz tempo.
Depois de algumas horas, durante a noite, Verônica escutou alguém bater em sua porta.
-Abre aqui! –disse Erika.
Verônica saiu da cama e abriu a porta, se deparando com uma expressão assustada da irmã.
-O que foi? –indagou Verônica.
-Eu ouvi alguma coisa.
-O que você ouviu?
-Não sei... Algo na sala! –sussurrou Erika.
As duas desceram até a sala de estar, onde para a surpresa delas, Jorge estava.
-Pai? –indagou Erika.
Verônica viu. Ela viu algo que com certeza jamais esqueceria.
-Mãe! Mamãe! O que você fez com ela?
Ruby estava caída no chão, ensanguentada, com os olhos abertos em sinal de pânico. Jorge tinha sangue em suas roupas.
-Pai... –Erika Disse, assustada.
-Não se assustem meninas... Agora vocês podem ficar comigo! –Jorge se aproximou de Verônica, para abraça-la.
A menina se assustou se debatendo para se livrar do pai. Jorge ainda estava com a arma nas mãos.
Erika pegou uma cadeira e bateu nas costas do pai. A cadeira era pesada e ela não era forte, mas foi o suficiente para tirar o pai de cima da irmã e derrubar sua arma no chão.
Verônica correu para perto da irmã. Lágrimas escorriam e o desespero era visível. Erika precisava fazer alguma coisa.
-Erika... –sussurrou Verônica, aos prantos.
-Não se preocupe. –tranquilizou a irmã.
Erika pegou a arma do chão, apontando para o pai. Ela não fazia a menor ideia de como usar, mas ela não pretendia fazer nada. Ela não queria fazer nada... Ela não queria...
-Erika, coloque isso no chão. –ordenou o pai.
-POR QUE VOCÊ MATOU A NOSSA MÃE? –gritou Erika, desesperada.
-Eu só queria ficar com vocês... Ela estava atrapalhando. –disse Jorge.
Erika sentia as lágrimas quentes preencherem seu rosto. Verônica ainda estava em choque.
-VÁ EMBORA E NUNCA MAIS VOLTE! –disse Erika, completamente assustada.
Mas Jorge se levantou, se aproximando de Erika.
-Me dê isso meu amor, vamos ser uma família agora.
Mas Erika não deu. Ela apenas ficou ali, parada. O inevitável já tinha acontecido.
-Eu amava minha mãe! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? –indagou Erika, chorando.
-Sua mãe era uma pessoa horrível. Ela tirou vocês de mim, mas agora vocês e eu podemos... –mas ele nunca terminou a frase. Ele nunca terminou a frase que poderia ter mudado o destino das garotas.
Erika se assustou. Ela não fazia ideia do que tinha acabado de fazer. Não tinha ideia...
Verônica gritou, assustada ao ouvir o estrondo. Erika jogou a arma no chão, tremendo e em choque. Ela não errou. Jorge caiu no chão, com um furo em sua cabeça.
-Você... Matou nosso pai? VOCÊ MATOU NOSSO PAI? –se desesperou Verônica.
Mas Erika nada disse. Ela não disse nada, pois nada tinha para ser dito. O que aconteceu, aconteceu. Desde aquele dia, ela nunca mais disse nada a respeito daquilo. Nunca.
Quando as duas fizeram dezesseis anos, após cinco anos no orfanato da igreja, elas decidiram entrar para o exército. Proteger as pessoas. E foi isso que elas fizeram, durante muitos anos. Até serem promovidas. Erika era uma General. E ela era a melhor nisso. Mas tinha coisas que ela simplesmente não conseguia esquecer, por mais que tentasse...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guerra das Nações
ActionO mundo como conhecemos não é mais o mesmo. As nações estão em guerra entre si, tudo é uma busca insana por poder. O exército treina seus soldados para serem implacáveis e com a general quem têm, não há espaço para fraquezas. Com o mundo desestabili...