Efeito dominó

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Era noite. Todos dormiam. Os recrutas ficaram nos quartos que sobraram dentro da guarnição, que infelizmente, eram muitos. Existia apenas uma luz acesa: a do quarto de Erika.

A General estava sentada na cama, segurando uma foto antiga. Uma família que um dia existiu. Sua família.

Uma leve batida na porta tirou sua atenção da foto.

-Entra! –disse, com firmeza.

Verônica entrou no quarto, com um lírio em suas mãos. Sentou-se ao lado de sua irmã.

-Eu lembrei que era sua flor favorita. Achei-a... Bem longe daqui! –disse Verônica, entregando a flor para Erika.

-Você saiu... Para buscar uma flor?

-Sim. Quando éramos pequenas essa flor te acalmava. Você dizia que ela te trazia paz e clareza. Consegue sentir isso ainda? –indagou Verônica.

Erika sentiu o leve perfume da flor. De fato ela sentia algo.

-Eu era idiota. Flores não ajudam em nada! –reclamou Erika.

Verônica observou a foto que ela segurava. Deu um leve sorriso.

-Luke... –disse.

Erika guardou a foto, rapidamente. Aquela era uma parte de sua vida que ela não gostava de lembrar, mesmo que tivesse sido boa.

-Erika... Fomos felizes. Tão felizes. Por que não somos mais? –indagou Verônica, angustiada.

-Por que não temos mais dezesseis anos. Temos vinte e três e... Não somos mais inocentes. Somos veteranas, somos Generais. Somos líderes... Somos... –mas Erika não terminou. Ela já não sabia mais o que ela era.

-Se somos tudo isso, por que cogitou a ideia de se render? Não vai falar com Frederic, vai?

-Não. Eu não desisto. Só não quero ver todos aqueles adolescentes mortos. Não mesmo. –suspirou Erika.

Era a primeira vez em anos que Verônica viu o lado sensível de sua irmã.

-Então o que faremos? –indagou Verônica.

Erika respirou fundo, fitando o lírio em sua mão.

-Vamos lutar. E vamos fazer isso muito bem! –disse a General.

-Mas como faremos isso?

-Com a ajuda das tropas de Assímia. Frederic me ligou. Eles estão enviando suas tropas para cá. Eles estão vindo! –disse Erika.

Eles estavam vindo. O amanhã seria bem diferente, para todos.

*

Frederic e Hector estavam sob o palco. A praça de Stevenston estava lotada. Pessoas aglomeradas ali, tudo para saber a atual situação.

-Povo de Stevenston... Recebemos hoje as tropas de Assímia. O próprio Theodore os mandou, para nos ajudar nesse... Conflito. Muitos ainda não sabem, mas Sakamoto possui uma base na floresta negra e... Tem homens lá, prontos para nos atacar. Vamos massacrar aquele, como diz uma garota que eu conheço, bastardo maldito! –disse Frederic, com convicção.

Da multidão, Erika mostrou o lampejo de um sorriso.

Hector pegou o microfone das mãos de Frederic, dando-lhes mais uma notícia.

-Se lembram do caso das mortes misteriosas, de uns meses atrás? Parentes e pessoas amadas que vocês tinham... Que nós tínhamos morreram. Passamos um bom tempo tentando descobrir o que acontecera e agora temos uma resposta.

Houve um murmúrio na praça. Eles finalmente sabiam o que tinha acontecido.

-Estudos comprovaram que a causa das mortes foi... Uma praga! –disse Hector.

A praça inteira manteve-se quieta, em choque.

-Essa praga é transmitida através de contato humano com quem estiver contaminado. Ela afetou todas aquelas pessoas, pessoas que faziam parte do trabalho voluntário na parte oeste do país. As pessoas que vivem lá tem menos acesso à higiene do que nós, dessa parte do país. Essa praga foi trazida para cá de um continente desconhecido. Acreditamos que foram algumas das pessoas resgatadas de outros lugares que trouxeram a praga até aqui!

"A vacina que vocês tomaram irá ajudar, mas não é o suficiente, principalmente por que a criamos como imunizante. A parte oeste do país foi completamente isolada. Estamos trabalhando para descobrir alguma espécie de cura para isso. Essa praga mata o indivíduo dentro de poucas semanas. Várias pessoas já morreram, outras ainda morrerão. Nós a chamamos de: efeito dominó!" –disse Hector.

As pessoas começaram a falar, algumas começaram a chorar, outras desmaiaram... Foi um caos total. Uma praga não era algo bom.

-Por favor... Por favor, silêncio. –pediu Frederic. –Nosso terceiro consorte, Maicon, está trabalhando ao lado dos cientistas para descobrir uma cura. Ele é um homem de confiança que está liderando a nossa equipe. Não percamos a fé. Aqueles que perderam suas pessoas amadas... Eles eram voluntários. Davam comida, água, medicamentos... Aquelas pessoas passaram um inferno e agora... Estão morrendo de forma cruel. Não vamos deixar isso durar, é uma promessa! –disse Frederic.

Capitulo XIIII

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