Capítulo 19 - Suzana percebeu o interesse de Marin

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Já na rua, as duas atrizes conversavam sobre a compra na lojinha dos Jaques.Suzana Sales, a atriz mais velha e esperta, percebeu o clima entre Marin e o vendedor. Logo foi tirar a limpo porque ela paquerava tanto o garoto.

—Você deu muita bola para aquele rapazinho. — Suzana comentou.

—Eu?— Marin disse despreocupada.

—Nunca vi você falando tanto com um nativo daqui.

—Sei lá, ele parecia interessante! — Marin disse meio vermelha.

—Estava na cara que ele era seu fã.

—Você acha?

—Tenho certeza! Ele estava doido para tirar uma foto contigo ou pedi teu autografo. Ou ir além, te beijar!— Suzana comentou com um risinho.

—Ah! Isso sim, todos me amam. — Marin disse orgulhosa.

—Mas você é que estava estranha. — Suzana alertou refletindo nas atitudes da amiga.

—Eu? Por quê?—Marin perguntou ponderando.

—Dizendo que conhecia de algum lugar. Normalmente são os seus fãs que dizem isso para você para puxar assunto. — Suzana lembrou.

—É verdade! Eles sempre vêm com esta conversa repetida.

—Pois é! Mas desta vez, foi você! — Suzana disse exaltada. —O que te deu? Encarou o rapaz, não parava de olhar para o rosto dele. Ficou apaixonada? Foi?

—Ele é bonito!

―Uh! Achou?

― Sim! E tinha algo nele que me lembrava de alguém muito estranho daqui.

—Sim! Quem?— Suzana perguntou curiosa.

—Aquele herói, o Brazimuz. — Marin comparou.

—Sério!? Não achei não!

—Eu achei parecido, só que os olhos do Brazimuz são azuis claros, esquisito, e o dele é muito preto.

—Não reparei nisso, Marin. Você ficou interessada no rapaz. Foi?— Suzana deduziu. —Ele é um menino para você!

—Que isso, Suzana? Eu sou nova.

—Não para aquele menino!— Suzana repetiu.

—Menino! Um "galalau" daquele.

—Só tem tamanho!

—Suzana, deixe-me te lembra que eu estou noiva!— Marin ressaltou sua condição atual. — Não sou de ficar com um pobre rapazinho, estando comprometida.

—Noiva?! —Suzana disse rindo. —Você já ficou noiva antes e terminou na véspera do casamento.

—Sim! Eu não o amava!― Marin disse exaltada.

―Você nunca ama ninguém. Suzana alertou.

―Ora mais, amo sim. Só que era perda de tempo e dinheiro casar com o Ernesto. Mas o Kaio é uma gracinha! Não acha?— Marin disse rindo ao lembra-se do rapaz.

—Mas é muito novinho, deve ter menos de 20 anos. Esquece!

—Pois é! Um gatinho lindo querendo meu colo. — Marin disse rindo continuando a pensar nele com certo desejo.

—Oh! "Papa anjo" não delira! Você já tem quase 30 anos.

—Não me lembre disso, querida! Alias, não são 30, vou fazer aniversário no próximo mês é de 28 aninhos.

—É uma velha para ele. — Suzana ressaltou.

—Deixa disso, Suzana!―Marin pediu.

― Sei que parece mais nova, mais ele tem cara que tem 18 anos.

― Epa! Tenho que organizar minha festa, esqueci! ― Marin se lembrou. ―Isto é importante!

—E seu noivo? Não vai te ajudar?— Suzana perguntou curiosa.

—Aquele é folgado! Não ajuda em nada. Talvez eu termine com ele também antes da festa do aniversário.

―Marin, você não tem jeito! ― Suzana disse desconfiando que seria isso mesmo que ia acontecer.

Elas riram da possibilidade provável e nunca mais as duas voltaram àquela cidade.

Depois da grande aparição do Brazimuz vieram várias equipes de reportagem para tentar conseguir ver o sujeito de novo, entretanto Brazimuz não apareceu mais por um bom tempo. Ele foi esperto, porque acabaria sendo descoberta sua real identidade.

Kaio pensou em tentar a vida na cidade grande, Fortaleza, pois na cidade de Mulungu, a casa dos Jaques era muito visitada devido à lojinha de artesanato local, e todos conheciam muito Kaio Jaques. E, era possível que ele fosse reconhecido mais cedo ou mais tarde.

Para piorar, já tinham começado a fazer um retrato falado dele; mostrando umas imagens dele na TV local, por isso vieram umas pessoas que perguntaram se ele era Brazimuz. Ele negou, e não quis mais ficar na loja.

Quando seu pai fechou a loja, porque não conseguia mais trabalhar com escultura, Kaio continuou seu oficio por um tempinho, fazendo ainda peças ornamentais e estatuas, mas sem a presença do pai para vender em outros lugares, não era suficiente para manter as contas da casa e Kaio foi trabalhar em outras tarefas como pintou, marceneiro, eletricista, guia de turismo, motorista de moto.

Passou mais cinco anos, Kaio fez vestibular para universidade pública para curso de Física, passou, morou numa república de universitários, trabalhou como manobrista, garçom e entregador. Ele não parava quieto, mas sua vida continuava monótona e sem grana.

Kaio sentia falta de sua cidade Mulungu. Ia sempre visitar seus pais adotivos que tinham se aposentados. Eles voltaram a morar mais no interior, distante do centro da cidade de Mulungu; neste processo o rapaz também passeava na casa do centro, pois seu irmão André voltou a morar na cidade com a esposa Camili, e fazia isto todo ano. Indo nas casas do irmão Antônio, em Fortaleza, depois ia passar uns dias com o André e Adrizia e seus pais adotivos.

E a vida de Kaio Jaques seguia em paz.

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