Elric Redthorn
Flashes e gritos... barulho de espadas e soldados se contorcendo no fogo...
Acordo ofegante numa cama diferente. Enquanto respiro fundo absorvendo o ar mais limpo ao meu redor, a claridade invade meus olhos. Olho para baixo, e vejo a seda em cima das minhas pernas. Brancas, tão brancas. Com a mão a jogo para o lado e vejo meus dedos limpos, até a sujeira de sangue seco embaixo das unhas está fora do meu corpo.
— Jehan? — chamo, minha voz um pouco sonolenta.
Olho ao redor e observo o quarto, todo em mármore — ou é quartzo? Plantas e detalhes em ouro e pedras preciosas. Ouço barulho de água correndo perto e me levanto da cama redonda que... está flutuando? Erro meu, ela é pendurada ao teto alto do quarto com cabos de ouro que tem heras moldadas subindo até o teto. Caminho até a sacada e olho para o horizonte... um sol claro e forte crescendo na manhã de céus limpos de Porto Larkin.
Porto Larkin...
Eu estou na capital dos feéricos!
“Jehan, cadê você?” pergunto pelo nosso laço.
“Me trocando” responde ele.
“Onde eu posso te encontrar?” pergunto.
“Humm... deixe que um empregado te busque...” pede ele.
“Erro seu” abro a porta dupla do quarto que faz um barulho suave, “Já estou a caminho.”
Enquanto caminho sinto o frio do piso lustroso nos meus pés, olho para baixo, estou usando uma calça de um marrom claro justa, o que eleva minhas coxas, a calça ainda é de a cintura alta e, por dentro da calça, uso uma camisa folgada branca com tirinhas em prata que estão desamarradas. Meus cabelos estão soltos e úmidos. Alguém me deu banho?
O corredor de um lado é todo aberto, o que faz com que a paisagem exuberante da Cidade Branca me atinja. Cavalos voam no céu e em algum lugar algum alaúde está tocando. Esse lugar parece calmo demais, limpo demais, bonito demais. Onde está Porto Larkin das lendas? Bem... as lendas falam que os terrores começam a noite, que homens lobos saem da floresta, que os viajantes ouvem as náiades e dríades e se perdem em seus cantos, que a próprio Eco os puxa para dentro das cavernas... sem contar as histórias de dezenas de homens que partem para o centro de Bellario atrás da rosa de diamantes, porque se a encontrar, você encontra a Princesa Perdida. Lendas e mais lendas de uma terra mística como Bellario.
“Elric?” a voz de Jehan vem calma, “Onde você está?”
“Em um largo e longo corredor branco” respondo.
“Isso é praticamente a definição de todos os corredores do meu castelo, Elric” ele responde risonho.
“Bem... vi uma escada... me explique onde é...” digo e encontro as primeiras pessoas, ou feéricos, ah, sei lá.
Elas me olham curiosas enquanto passam ao meu lado, mais altas do que eu. Cabelos de um vermelho vivo e olhos tão brancos que eu diria que são cegas.
“Desça essa escada até o jardim do lado de fora, eu vou te encontrar” orienta Jehan e concordo com ele.
Desço à escada, o que parece uma eternidade e é aí que me lembro do meu pai... da fumaça... de Ljuban na mesa... da cela... dos gritos... não, não foi um pesadelo. É por isso que eu estou aqui. Respiro fundo e desço os degraus da torre mais rapidamente passando a minha mão pela parede branca. Assim que chego no térreo, as vozes estão mais altas no salão a minha frente que é cheio de almofadas pelo chão e tem vários feéricos, tanto homens e mulheres e crianças, de um lado para o outro e comida. Muita comida.
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Coroa de Sangue (Mpreg)
RomansaDois homens, dois reinos, duas coroas e um destino. O que você faria ao descobrir que sua alma está entrelaçada ao filho do maior inimigo de seu reino? Luta pela sua alma gêmea ou pela honra da sua família? Elric Redthorn não sabe essa resposta e...