Capítulo 19

5 1 0
                                    

Ignorei a mensagem, como se não tivesse sido pra mim. Eu não queria que fosse. Dormi, evitei pensamentos ruins... Até que foi bem rápido, eu estava cansada. Acordei meio desnorteada, sonhei com meu pai, aproveitei e liguei pra ele. Tem horas que bate uma saudade incontrolável. Quando eu me concentrei em ouvir, o Pedro já tinha chegado, mas não escutei minha mãe. Desci pra ver com quem ele estava falando.

– Estou interrompendo?

– Pera aí, Tia... Oi, Ma, sua mãe ligou aqui pra falar que precisou sair mais cedo. Ela disse que te liga mais tarde... Beijo, Tia.

– Para de chamar minha mãe assim, meu Deus. Nesta cidade ela só é MINHA parente.

– Perdi alguma coisa? – Ri, ele de fato tinha perdido, ou não... Talvez eu é que tivesse desperdiçado uma semana todinha.

– Não, só perdeu a oportunidade de contemplar minha beleza. Agora acabou o tempo, vamos?!

– Você, animada pra ir à escola? Com certeza perdi alguma coisa.

– É que eu não quero começar o ano me lamentando, reclamando, querendo minha vida antiga. Eu estou aqui, sabe? Isso não vai mudar; então, quero que dê certo.

– Eu voto em você!

– HAHAHA! Você é sempre assim?

– Lindo?

– Não, engraçado.

– Já te pedi pra maneirar no amor, né? Cuidado pra não me sufocar.

– Sonhar não tem problema, é de graça mesmo. 

Voltamos aos "velhos tempos". Saímos de casa rindo e cantando. Estava chovendo e a gente chegou pingando na escola. Mas preciso dizer que foi o melhor banho de chuva que já tive.

– Maria Alice, você está toda molhada!

– Então, depende do ponto de referência.

A turma toda riu, a professora também. Tudo voltava aos conformes.

– Já pode se sentar no seu lugar.Fui andando na direção de uma cadeira perto da janela, até que fui interrompida.

– Pro seu lugar!

– Como assim, meu lugar?

– Devido ao excesso de conversa dessa turma, foi solicitado um mapeamento... Agora o seu lugar é bem ali, atrás da Natália.

– O QUÊ?! – não pude me conter.

– É, na frente do Henrique.

– Quem fez esse mapeamento?

– Professora, eu posso trocar de lugar com a Ma? – o Pedro tentou me salvar.

– Claro... que não, se eu abrir exceção pra vocês, terei de abrir pra todo mundo.

– Tudo bem, Pedro, eu adorei este lugar, tem um clima meio zoológico, meio canil. – Todo mundo riu, acho que só eu estava brava de verdade com aquela palhaçada.

– Bem-vinda ao nosso ambiente animal – latiu a Natália.

– Obrigada.

Eu podia ter sido grossa, ter feito piada, mas não precisava daquilo.

– Pelo visto você vai ter que me engolir... – o Henrique deu a ideia de que estava pensando alto, porém ignorei. Eu não queria mesmo assunto.

– Turma, então, este bimestre vamos estudar as artes musicais. As provas serão suspensas e eu aplicarei trabalhos. Nós vamos fazer um show. Alguns alunos serão selecionados pra cantar, tocar, encenar... Outros pra ajudar com o cenário. Alguém se candidata a algum posto?

Nem Todos Os Amores Se Chamam HenriqueWhere stories live. Discover now