Untitled Part 23

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Eu não queria sair. Não queria sair nem a um, nem a dois, muito menos a três. Aquele era um dia em que eu queria ficar em casa tomando um café forte e olhando o caminho que a chuva faz quando escorre pela rua; olhando o tempo passar; enfim, olhando pra qualquer lugar que não fosse a cara da Mariana... Mas é lógico, era impossível. O Pedro me mandou um milhão e meio de mensagens. Eu até tentei responder, mas assim que estava começando a responder uma, ele mandava outras. Acabei desligando o celular pra conseguir me arrumar.

– Ma, abre essa porta, até parece que desligar o celular vai adiantar.

Desci as escadas correndo. Eu queria fugir do celular dele, não dele em si.

– Só desliguei pra conseguir pelo menos me vestir, porque você, insuportável, não estava deixando. Que descontrole! – Ele riu, e eu juro que queria guardar aquele sorriso em uma caixinha, pra eu olhar toda vez que ele estivesse prestes a me irritar.

– Desculpa, é que eu estou um pouco nervoso pra hoje...

– Ai Pedro, eu fico me sentindo um monstro quando você fala assim!

– Você é meu monstro favorito!

– Aham, claro. 

– Desculpa, quer um chiclete?

– Cara, relaxa, vocês já tiveram um primeiro encontro, você está tremendo e suando...

– Eu estou nervoso porque não sou só eu e ela.

– Então eu não vou, simples.

– Deixa disso, Ma, tu sabe que eu só quero que dê tudo certo: minha melhor amiga e minha namorada, não era pra ser tão difícil assim.

Eu me senti mal por ele. É complicado isso. Acho que eu estava mesmo dificultando as coisas. Pela primeira vez, resolvi tentar. Fazer teatro desde que eu aprendi a falar iria me servir em algum momento da vida. Abri um sorriso que até eu acreditei na minha felicidade. Funcionou.

– Pedro, eu estou implicando tipo irmã mais velha, mas eu estou mesmo feliz por você. Você é incrível. É claro que a Mariana se apaixona toda vez que te vê... Quem não se apaixona? Ela vai acabar aprendendo a ser tudo o que você precisa que ela seja, e eu desejo de verdade que dê certo. – Sorri levemente e o abracei. 

Noossa! Acho que a última vez que eu menti tão bem assim foi dizendo que eu estava doente pra faltar a uma prova de Matemática. E minha mentira nesse dia havia sido tão convincente que minha mãe até me levou pro hospital.

– Eu achei que nunca fosse ouvir nada assim, não de você.

– Eu sei ser fofa. É bem de-vez-em-nunca, mas acontece.

– Obrigado!

– Eu que agradeço, sempre...

– Está pronta?

– Eu nasci pronta! – brinquei. Eu não estava pronta nem pra pensar, quanto mais pra sair com o Pedro e a namorada dele. Até hoje me pergunto o que foi que eu joguei na cruz pra esse tipo de coisa acontecer comigo.

– Oi, mô, a gente tá chegando.

MÔ? MÔ? Quê...?! Cara, se tinha uma coisa que eu detestava em relacionamentos era gente que forçava a barra. Pra que essa melosidade toda? O cara vai saber que você ama ele e a guria vai saber que você ama ela... Não precisa ficar com esses mi-mi-mis, como se fosse lindo. Comecei a rir.

– Ah, Pedro, agora você me decepcionou...

– Por quê?

– Mô...?

Nem Todos Os Amores Se Chamam HenriqueWhere stories live. Discover now