Capítulo 12

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Levantei do sofá e fui ao quarto da minha mãe. Ela ainda estava dormindo. Preparei um café da manhã pra ela porque provavelmente ela não teria tempo de fazer. Eu até queria mandar uma mensagem pro Henrique, agradecendo a gentileza, mas eu não tinha o número dele, e isso não era tão importante também. Mandei umas mil mensagens pro Pedro, mas acho que lá não tinha sinal. Ele não respondeu nenhuma. Hoje o dia estava quentinho até. Coloquei um short e uma blusa e fui até um lugar no centro da cidade que eu havia visto da outra vez, que abriga cachorrinhos pra adoção. Eu ainda não tinha esquecido os meus cachorros da antiga cidade, gostava de ter uma companhia em casa. Eu sempre tive cachorros de raça, o que nunca achei problemático até entrar num canil cheio de vira-latas. Meu coração doeu por cada latido de "por favor me tira daqui" que eu escutei. Perguntei qual cãozinho estava lá há mais tempo, e o senhor que me atendeu apontou pra uma pitbull, dizendo que ela já foi devolvida várias vezes, desde filhote, por que as pessoas acabavam tendo medo e não sabiam lidar com o jeito brincalhão dela, já que era extremamente forte e desajeitada. Encontrei uma certa semelhança entre nós duas, dois anjos incompreendidos por sua brutalidade. Ganhei uma coleira de brinde, e assim voltei correndo pra casa com a Chéri. Ela é extremamente querida e fofinha. Minha mãe brigou, mas achou ela linda e seria incapaz de me fazer devolvê-la, especialmente depois que contei todo o histórico. Acho que devido a todo o estímulo, a Chéri acabou dormindo o dia todo, e eu a acompanhei na difícil tarefa. Depois do nosso sono da beleza, meu celular tocou, de um número estranho, mas era daqui e eu atendi a ligação.

– Oi?!

– Oi, Ma, é o Henrique!

– Ah, oi!

Por que ele estava me ligando?

– Te acordei?

– Me acordou e acordou a Chéri também.

– Quem é essa?

– Minha nova cadela, me ligou só pra ouvir minha voz?

– Na verdade, não... Pra te fazer um convite.

– Espero que seja uma boa proposta, pra me fazer sair da cama.

– Eu tenho um cachorro, o Spike, o meu único amor, na verdade. Hoje é dia de ele ir passear no parque. Acho que a Chéri gostaria de conhecer o melhor lugar pra cachorros na cidade, topa?

– Sim, mas que fique bem claro que é só pela Chéri.

– Eu finjo que acredito.

– Você passa aqui?

– Claro que não, o parque é depois da minha casa, você pode descer até aqui.

– Que cavalheirismo...

– Se você quer um cavalheiro, devia ter viajado com seu namorado.

– Devia mesmo.

– Tá bom, Ma, tá bom. Tô te esperando em cinco minutos, ok?

– Vou pensar.

Amarrei o cabelo e fui. O dia estava meio abafado, por incrível que pareça. Bem que dizem que depois da tempestade o sol acaba aparecendo. O Henrique estava com um casaco! Qual era o problema dele?

– Você vai morrer assado com essa roupa.

– Vai chover hoje.

– Lógico que não vai, olha esse clima!

– Ma, eu moro aqui há bastante tempo, e sei quando vai chover.

– Ok, Garoto do Tempo!

– Vai brincando.

Nem Todos Os Amores Se Chamam HenriqueWhere stories live. Discover now