15 - NARRADOR

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Martin dormia calmamente na ponta do carro enquanto Maeve olhava com atenção cada detalhe das ruas que passavam. O caminho do aeroporto até a casa da ruiva era longo, dando tempo para que a menina escutasse toda a playlist de músicas aleatórias do spotify. Quando o carro finalmente parou em frente à casa alaranjada, o sorriso largo tomou conta do rosto da moça, que em segundos já estava do lado de fora do carro. Martin saiu sonolento e se espreguiçou antes de ajudar a tirar as malas do porta-malas.

O menino esperou o pequeno portão ser aberto e encarou a casa de dois andares com o jardim cheio de coqueiros. Acompanhou a garota porta à dentro e reparou no tamanho da casa. Só a sala principal era maior que seu apartamento inteiro. Nas estantes perto da escada, fotos da garota atuando, dançando, com sua família e até uma com Andrew, preenchiam o local.

- Dulce – Mae soltou um gritinho animado ao ver a senhora que cuidava de sua casa – Como senti sua falta – abraçou a senhora baixinha.

- Niña Mae, como estas guapa – disse em espanhol, fazendo Martin torcer o nariz sem entender nada.

- Dulce, esse é Martin, meu namorado – apresentou o rapaz que apenas sorriu.

- O quarto já está preparado, ninã. Se arrume que logo o jantar estará pronto – pediu e a ruiva concordou.

Pegou sua mala e guiou o homem ainda com sono até o andar de cima, logo entrando no quarto imenso que a garota tanto sentiu falta. Se atirou na cama e se rolou nela, ficando de barriga para cima e encarando o teto branco. Nunca sentiu tanta falta de algo como sentia de sua cama macia.

- Onde eu vou dormir? – chamou a atenção de Maeve, que o encarou como se fosse óbvio.

- Não vou te morder, Martinzinho, fica tranquilo – piscou para o homem. – Vai lavar essa cara de sono e depois desce para jantarmos – levantou da cama – te espero lá em baixo – deu um beijo rápido na bochecha do rapaz, saindo e descendo as escadas com rapidez. – Eu amo o cheiro da sua comida, Dulce – entrou na cozinha e a mulher sorriu agradecida.

- Veio para o casamento de Jhuan? – perguntou ponto a mesa.

- Infelizmente sim – se sentou – Vim mais por meu pai, sei que ele gostaria que eu viesse – deu de ombros. – Cristian está em casa?

- Nunca sei onde ele está – riu nasalado.

- Quem é Cristian? – Martin de sentou ao lado da Mae.

- Meu gato.

- Seu gato tem nome de gente? – arqueou uma sobrancelha.

- Meu cachorro se chama Eduardo – deu de ombros.

- Você tem problemas.

- Espero que gostem de lasanha – Dulce disse colocando a grande travessa sobre a mesa e riu fraco ao ver a cara de felicidade do garoto ao ver o prato. – Vão ficar quanto tempo?

- Não muito. Se tudo correr bem quero voltar em três dias. Gostaria de passar um tempo com papa antes. – Maeve deu de ombros.

Os três comeram enquanto jogavam conversa fora. Martin na maior parte do tempo apenas escutava oque as duas tinham a falar e de vez em quando acabava rindo do modo como Dulce esquecia que ele estava ali e falava em espanhol com a garota ruiva.

Lá pelas onze da noite os mais jovens resolveram ir ao quarto para descansar. Maeve tomou banho na banheira de seu quarto, passando quase 20 minutos escutando música enquanto sorria boba por estar em casa novamente. Martin apenas mexia em seu celular já deitado na cama quando viu Maeve saindo apenas de toalha do banheiro. Se remexeu na cama e tentou ao máximo não seguir a garota com o olhar. Ela nem notou seu olhar e apenas entrou no closet, procurando o pijama mais confortável que tinha. Voltou já vestida e se jogou na cama ao lado do holandês, que lhe lançou um sorrisinho de lado.

- O que achou da Espanha? – se virou.

- Não vi muito dela. Apenas algumas ruas antes de pegar no sono no carro – riu nasalado. – Mas sua casa é gigante. Só mora você aqui? – perguntou e ela concordou.

- Eu, Dulce, Manuel, que é outro empregado e meus animaizinhos – sorriu.

- E para que casa tão grande?

- No começo eu morava com Ellena, Antony e o namorado dele. Depois Ellena foi para Londres, logo Antony terminou o namoro e “La primera mujer” começou a ser gravado. Então eu e Antony também fomos para Londres. – explicou.

- Eu não sabia que Antony era...

- Gay? – o olhou – Eu percebi quando você surtou ao me ver no quarto com ele – riu – Ele é meu melhor amigo desde o ensino médio. O considero mais meu irmão que meu próprio irmão.

- Sinto muito por aquele dia – diz cabisbaixo.

- Você já se desculpou por isso, não precisa fazer de novo – respirou fundo – Mas e você? Nunca me contou oque realmente aconteceu com Charelle.

- A gente namorou por dois anos e meio. Era perfeito no começo, fazíamos tudo juntos. Mas não era mais a mesma coisa, alguma coisa estava estranha entre nós dois e eu não podia deixar tudo piorar e acabar com nossa amizade apenas por não querer terminar o namoro. Eu a amava demais para deixar as coisas se estragarem assim. – respirou pesado e Maeve pode notar o quão difícil para Martin era falar sobre Charelle – Então eu resolvi que terminar era a melhor opção. Oque eu não esperava era que ela fosse surtar, quebrar os vasos de flor do meu apartamento e espalhar para todo mundo que havia me pego traindo ela. – sorriu forçado.

- Uau, doida surtada – balançou a cabeça e Martin riu.

- E você e o Andrew? Vi que ainda tem fotos dele lá em baixo.

- O conheci quando tinha 19 anos, quando fui convidada para dançar em um clipe do The Chainsmokers. Pensei que tinha encontrado o amor da minha vida. – riu se lembrando daquele tempo – Ele estava comigo em todos os momentos. Em tudo. Acho que nunca amei alguém da forma que consegui amar ele. Mas a vida ama me fuder – sorriu sarcástica – Ele começou a fazer turnês e mais turnês. Nos víamos com uma frequência muito baixa e isso acabava comigo. Meu desempenho, tanto na dança quanto na atuação caiu de um jeito terrível e eu sabia oque era. Então eu terminei com ele.

- Você ainda o ama? – a pergunta de Martin atingiu Maeve. Ela não esperava por aquela pergunta.

- Não – suspirou – A gente continuou amigos por algum tempo até perdermos o contato completamente. Ele ainda é muito especial para mim. Sempre vai ser. Mas não dessa maneira mais. – Martin assentiu de vagar.

A conversa durou por mais algumas horas até finalmente resolverem dormir. Maeve tinha sua cabeça encostada no ombro de Martin e seus pés inquietos. Já fazia horas que estava pensando sobre sua família e o casamento de amanhã. Não sabia se estava finalmente preparada para encarar as duas pessoas que mais a decepcionaram na vida de novo.

Maeve sempre se deu muito bem com o irmão, eram grudados até mais o menos os 16 anos da garota. Ele estava com ela em todos os momentos e ela o apoiava em tudo, principalmente quando o garoto resolveu se assumir gay. Depois de um tempo as coisas foram se complicando, os dois já não se entendiam como antes e o crescimento da garota na carreira artística apenas piorou o humor do irmão. Maeve nunca entendeu bem oque provocou tudo isso. O toque final para que a relação dos dois terminasse de vez foi quando a garota chegou na casa de seus pais mais cedo e acabou por encontrar o irmão e o namorado juntos. Nunca em toda sua vida se sentiu tão inútil e substituível. E o pior foi quando sua própria mãe ficou ao lado do garoto e não ao dela. Foi então que Maeve juntou todas suas coisas e arrumou uma casa com seus melhores amigos.

Maeve balançou a cabeça tentando espantar os pensamentos e levantou da cama lentamente, com medo de acordar o garoto que dormia de forma calma. Descalça mesmo desceu as escadas e foi até a cozinha, procurando por água na geladeira e por biscoitos no armário que sempre tinha guloseimas.

Martin se mexeu na cama e abriu os olhos ao sentir o espaço vazio à seu lado. Ergueu o rosto a procura de Maeve pelo quarto mas acabou achando apenas a escuridão do vazio. Se espreguiçou antes de levantar da cama e calçar os chinelos, logo saindo pela porta e descendo as escadas. Maeve não estava na sala e nem na cozinha. Ao sentir o vendo gélido em seu braço, reparou na porta dos fundos aberta. Coçou os olhos enquanto se dirigia a área da piscina e se assustou ao escutar latidos. Um grito agudo saiu de sua garganta ao ver o tamanho do cachorro vindo em sua direção e se encolheu prevendo que perderia um braço.

- Eduardo! – Maeve gritou fazendo o cachorro recuar – Garoto mau – fez cara feia e Martin finalmente viu a garota de pijama sentada em uma espreguiçadeira.

- Caralho por que você tem um monstro em casa? – Martin arregalou os olhos.

- Não fala assim do meu menininho – olhou feio para Martin – Ele é só um pouco grandinho – fez carinho no Dobermann. – O que faz acordado?

- Procurando você. E você? – se aproximou da garota.

- Perdi o sono – deu espaço para que o garoto sentasse e ele encarou o cachorro – Ele não vai morder – riu fraco e ele finalmente se sentou.

- Pensando em que? – encarou a menina.

- Nada específico – disse simples – apenas na forma em que as coisas estão acontecendo – Martin a olhou sem entender oque ela queria dizer – Eu nunca imaginei que estaria me preparando para ir no casamento do meu ex, que estaria num relacionamento falso com um desconhecido e que estaria nesse momento conversando sobre coisas aleatórias com esse mesmo, que nos primeiros dias eu queria matar. – Martin riu.

- A vida surpreende a gente de tantas formas que chega a ser engraçado.

- Engraçado nada, é desesperador – a garota fez cara de choro.

- Ah, qual é. Vai dizer que não está sendo divertido ter que morar comigo. Digo, você se deu tão bem com o Brooks e com o Osrin.

- Isso é verdade. Eles são simplesmente incríveis – lembrou dos amigos do garoto.

- Eu também sou incrível – disse e a garota o olhou com deboche.

- Me poupe, Garrix.

- Vai negar agora – se fez de ofendido – Eu sou uma ótima companhia, ok? Sei escutar quando você quiser conversar, sou ótimo em piadas e escolho os melhores filmes para assistir de madrugada – se gabou e Maeve riu ao lembrar de algumas noites que passou maratonando filmes ruins que Martin queria assistir.

- Ok, ok. Você é até que é legal – tentou segurar a risada quando o garoto a encarou, mas falhou ao gargalhar alto e contagiar o menino.

O vento gelado soprava nos braços dos dois que se arrepiavam de vez em quando. A lua grande em cima dos jovens deixava a noite com uma claridade agradável. Iluminava perfeitamente o rosto de Maeve, dando uma claridade e um brilho lindos nos olhos caramelo da jovem. Martin encarou a forma como a imagem da menina ficava linda em frente à seus olhos. Adorava a presença de Maeve em qualquer situação e não era burro para não enxergar o quão bonita a ruiva conseguia ser, ainda mais na luz daquela noite. Era como se os cachos ruivos da garota se realçacem ainda mais quando estavam desarrumados. Martin poderia encarar aquela imagem a noite toda se possível.
Algo em seu peito esquentou ao ver os olhos da menina a sua frente encarar seus lábios e seus olhos não demoraram muito para encarar os dela, que no momento se encontravam entreabertos. Suas mãos suaram e algo dentro de sua cabeça gritou para que parasse de se aproximar, mas seu corpo não correspondia mais a seus comandos e, quando percebeu, sua mão estava acariciando a bochecha macia da espanhola. Suas respirações se encontraram e Maeve fechou os olhos, pronta para sentir os lábios do garoto se chocarem com os dela. E foi exatamente oque aconteceu. Em segundos suas línguas já se mexiam de forma sincronizada e a mão direita de Maeve brincava com alguns fios de cabelo na nuca de Martin. Ao acabar o beijo, por falta de ar, Martin apenas se afasta olhando para a garota que o encara como se perguntasse oque havia acabado de acontecer.

- Eu... Desculpa, eu não quis... – tentou se explicar mas foi interrompido.

- Não se preocupa, ta tudo bem – Maeve tenta o acalmar. – Acho melhor a gente voltar para o quarto. Amanhã o dia vai ser cheio e devemos descansar – se levantou sendo acompanhada por ele.

- É, claro. Devemos sim. – disse baixo.


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fire in the playground

oq acharam do primeiro bj do casalzao?

serasse agora vai pra frente esses lerdos?

pasión 🥀 Martin Garrix Onde histórias criam vida. Descubra agora