Capítulo 26

1.9K 114 18
                                    

No dia seguinte Ludmilla foi trabalhar e deixou Brunna no apartamento dela.

No escritório, Rômulo tentava entender o comportamento de Ludmilla.

- Não entendi o motivo daquela sua cara num dia lá no sitio da família de Brunna.

- É que ela não queria... namorar.

- Claro, na casa dos pais, você ficou doida?

- Eles não iam ver.

- Ludmilla, entenda, Brunna ainda é nova, não tem esse jogo de cintura que você tem. E já pensou se os pais descobrem? Botam ela pra fora de casa.

- Você acha? Queria mesmo te perguntar se percebeu algo lá.

- Deles não muito, mas pelo jeito dá pra notar que eles são conservadores demais. E a cunhada é mais cismada, não fala muito, mas observa pra caramba.

- Ela falou algo?

- Não, mas ficou de olho. E o que você achou da viagem? Não tive tempo de perguntar antes.

- Eu gostei.

- Só? Esperava mais empolgação.

- Ué, dizer que gostei, não é empolgado?

- Ludmilla, te conheço. Quando você gosta mesmo não para de falar sobre o assunto. A negra parou um pouco, respirou fundo e depois falou pausadamente.

- Eu gostei da viagem, adorei conhecer a família de Brunna. Só não gostei de não ter privacidade com ela. Mas isso acho que é porque me acostumei ao ritmo daqui. Fiquei pensando nas coisas que me falou.

- Que coisas?

- Nas diferenças que temos de família, financeira, de maturidade. Eu sei que Brunna ainda é muito inocente, às vezes imatura.

- Ela mudou um pouco.

- Sim, concordo, mas ainda age como se fossemos um casal de adolescentes.

- De repente é porque ela ainda se sente uma e não é você quem vai mudá-la. Isso se muda vivendo, crescendo e aprendendo. Você sabe disso, o que não sabe é se vai ter paciência. Porque agora está tudo bem, ainda é tudo muito novo, mas quando caírem na rotina eu quero ver se vai aguentar.

- Por que você pragueja meu relacionamento?!

- Não estou praguejando. É uma advertência, todo casal passa por crise, sabe disso. Quando você enjoava, trocava de namorada.

- Não eram namoradas, eram no máximo ficantes.

- Mas trocava. Sinceramente não sei o que você viu nela, Brunna não é nem seu tipo físico. Você normalmente gosta de mulher mais alta, e no estilo perua. Ela não tem nada disso.

Rômulo saiu da sala deixando Ludmilla pensativa. Realmente Brunna não era em nada parecida com as mulheres que ficava, mas ela a amava. Adorava seu jeito, mas em algumas coisas realmente eram diferentes. Muitas vezes a indecisão da garota a deixava inquieta e até sem paciência. Brunna aproveitava as horas em que Ludmilla estava trabalhando para tocar dançar. E quando a negra estava em casa, as duas conversavam, namoravam e sempre faziam amor. Brunna nunca se sentiu tão feliz e para Ludmilla tudo era diferente e novo, aqueles momentos eram únicos. Vez ou outra comentava sobre a volta as aulas de Brunna e do tempo que não poderiam mais ficar juntas. Brunna percebeu até irritação nos comentários da promotora, mas sempre dava um jeito de agradá-la.

Uma segunda a noite, Ludmilla chegaria em casa mais tarde, pois não trabalhara no escritório de manhã por conta de uma audiência. Brunna aproveitou a última semana de férias e se dedicou a dar atenção a negra. A banda retornou aos shows e Renatinho conseguiu agendar todas as quintas em outro bar. E alguns sábados em um clube. O volume de shows aumentou a renda dos músicos e Brunna pode até guardar dinheiro. As aulas voltaram e por conta de trabalhos e provas Brunna dormia algumas noites no apartamento com Larissa.

MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora