Capítulo 31

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Cinco anos depois

- Patroinha, acorda! – Emilly brincou. - Você pediu que eu te chamasse as oito. Então ta na hora! – chamava. – Anda!

- Eu acordo, mas me recuso a levantar! Onde estava com a cabeça que te pedi pra me acordar essa hora?! – Brunna esfregava os olhos e se mexia vagarosamente.

- Não tem que estar no centro cultural às nove? Até que você levante, tome banho, coma alguma coisa, acho que ainda vai chegar atrasada.

- Eu faço tudo muito rápido, pode ficar tranquila.

- Precisa que eu vá com você?

- Não, eu queria que você marcasse uma reunião com aquele pessoal de Florianópolis. – fez uma cara de quem pedia um grande favor.

- Sim senhora. Tea with me!

- Que é isso Emilly? – Brunna fez uma cara sem entender.

- Nunca ouviu? É "chá comigo". E depois diz que aprendeu inglês. – falou revirando os olhos e saindo do quarto, deixando Brunna rindo de suas bobeiras.

Emilly era a secretária de Brunna fazia um ano. Conheceram-se através de um amigo em comum. A morena precisava de alguém para gerenciar seus compromissos e Emilly apareceu. Era um pouco mais alta que Brunna, negra quase mulata e tinha os cabelos enrolados e meio rebeldes. Sua marca registrada era o sorriso, seu bom humor era a arma contra o estresse do dia a dia. Era solteira, mas tinha uma filha adolescente, fruto de um relacionamento que não deu certo. Quando aceitou trabalhar com Brunna viu que logo se dariam bem, pois tinham muita coisa em comum, uma delas era o respeito. Emilly é hétero convicta e Brunna gay totalmente resolvida. Saíam juntas e gostavam de dar risadas das situações em que envolviam no cotidiano. Além de companheira, Emilly tinha aquela intuição feminina invejável, sempre aconselhava Brunna e conversava com ela sobre trabalho e até relações amorosas. Havia se tornado o seu braço direito. Brunna levantou da cama e tomou um banho rápido, apareceu na cozinha toda pronta, tomou um suco e comeu uma fruta, pegou um pão e se despediu da amiga.

- Emilly, to saindo!

- Só vai comer isso? Um dia você vai desmaiar na rua.

- Desmaio não. Qualquer imprevisto me liga. – saiu.

Ligou o carro e foi para o centro cultural, no caminho ligou para a mãe e combinou com ela de pegá-la na rodoviária com Luisa, passariam uns dias em São Paulo e depois viajariam para Bahia. Mudara-se para a cidade para ficar mais perto da família e por conta dos negócios. Havia se tornado a melhor coreógrafa do país, tendo trabalhado com os principais artistas do Brasil e do mundo, e tinha um centro cultural renomado. Apesar de ser mais familiarizada com São Paulo achava a cidade cinza, bem diferente do Rio. Parou no sinal e viu uma mulher alta e negra atravessando a rua, seus olhos se fixaram nela. O sinal abriu e ela arrancou com o carro e foi para o centro cultural. Chegando lá se trancou em sua sala até que os bailarinos chegassem. Seus pensamentos ficaram perturbados e sentiu como se voltasse no tempo...

Cinco anos antes...

Naquele dia em que surpreendeu Ludmilla na cama com Rcinciebeca, saiu de lá e se escondeu no seu apartamento ficando sozinha até Larissa chegar. Uns dias depois, quando a amiga chegou encontrou Brunna abatida e a casa totalmente fechada.

- Brunna! Há quanto tempo está aqui?

- Tem quase duas semanas. – respondeu chorando.

- Passou o ano novo aqui? Que aconteceu? Você ta horrível!

Brunna contou tudo e terminou a história soluçando de tanto chorar.

- Desgraçada! Eu sabia que ia dar nisso, aquela filha da mãe não podia ter feito uma coisa dessas com você.

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