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Antes que essa história comece, você precisa saber de duas coisas. A primeira delas é que eu não sou o tipo de garota que invadiria um casamento. A segunda é que ele não é do tipo de cara que se casaria com a garota errada. Então eu tenho motivos nobres para estar aqui, entrando de fininho nessa igreja.
Vejo todos os amigos dele já sentados e a família arrogante dela. O tom pastel de bege que eles usam quase me faz vomitar. Vejo o pai dele também, próximo ao altar, com um pequeno sorriso de vitória nos lábios e isso quase me arranca do meu lugar entre as cortinas para ir tirar aquela maldita presunção dos seus lábios.
O órgão começa a tocar e eu vejo todos tomando seus lugares, inclusive Damien. O smoking que ele usa com certeza custou mais do que meu carro. O cabelo castanho está penteado em um jeito que nós dois sabemos que ele detesta. Ele sempre preferiu o cabelo estrategicamente bagunçado e eu sempre preferi o jeito como ele ficava depois que meus dedos passavam pelos fios. Ele tem a postura firme, confiante, mas eu vejo em seus olhos cinzas que é como se ele estivesse em seu próprio funeral, os lábios tão bonitos comprimidos em desgosto.
A marcha nupcial ecoa pela igreja, mas soa completamente fúnebre para mim. Talvez para ele também, pelo modo como ele engole em seco e remexe os dedos das mãos.
A noiva desliza pelo tapete vermelho em um vestido que mais parece o próprio bolo de casamento. Ela está linda, isso eu não posso negar, com seus cabelos escuros presos em um penteado complicado e com o véu cobrindo seu rosto parcialmente. Mas eu sei que ela ri arrogante. Ela também acha que ganhou.
Isso com certeza não é como ele esperaria que fosse, é? Também não é como eu achei que fosse acontecer. Em algum lugar da minha mente, eu tenho essa imagem de nós dois, meu vestido simples e branco, seu terno cinza acendendo ainda mais seus olhos, a areia nos nossos pés e o barulho do mar a nossa frente.
Foco minha cabeça de volta a cerimônia acontecendo bem a minha frente. O padre diz alguma coisa sobre como os caminhos de Deus os trouxeram até ali e eu preciso de um pouco de controle para não bufar alto. Não foi Deus que os trouxe até ali, e sim o próprio demônio que é o pai de Damien.
- Se há alguém aqui que se opõe a esse matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre.
O silêncio absoluto reina na igreja. Posso ver os olhos vitoriosos do pai dele. Algo na sua postura muda quando ele estufa o peito e sorri ainda mais como um maldito predador que tem sua presa em suas garras. Os ombros de Damien caem alguns centímetros, não o suficiente para alguém notar, mas eu noto. Eu sempre noto os detalhes sobre ele.
Preciso te confessar uma coisa nesse momento e temo que talvez você não acredite em mim. Mas eu juro. Quando corri pelas ruas de Manhattan e me esgueirei pela igreja essa manhã, eu não tinha em mente realmente fazer algo a respeito. Eu só queria ver. Eu já disse, eu não sou o tipo de garota que impediria um casamento. Mas nem por todos os deuses do mundo eu conseguiria ficar quieta nesse momento, não depois de ver como ele estava arrasado com essa decisão.
Eu saio de trás das cortinas e ouço o primeiro arquejo vindo do altar. Então todos os olhos estão voltados para mim, horrorizados e cheios de ódio. A noiva dele me fuzila com o olhar, mas eu só tenho olhos para ele.
É estranho como as coisas se desenrolam em câmera lenta. Como eu percebo seu rosto indo de surpresa a orgulho a preocupação. Como eu vejo os seguranças atrás de mim, que sabe se lá de onde surgiram já que não encontrei resistência alguma para entrar aqui. Como eu escuto a voz do padre me perguntando quem sou e se tenho algo a dizer.
- Eu realmente não sou do tipo que faria isso em um casamento, isso não foi como eu esperava que seria. – dou uma risada nervosa.
- Minha jovem, você tem alguma coisa contra esse casamento? – o padre pergunta pelo o que parece ser a terceira ou quarta vez.
- Não diga sim. – sussurro para Damien, me espantando com a urgência da minha voz. – Não case com ela.
- Taylor. – a voz dele não é melhor que a minha.
- Tirem logo essa garota daqui. – o pai dele rosna.
- Senhor Steele, por favor. – o padre intercede por mim no momento em que dois seguranças me agarram pelos braços. – Deixe a moça terminar de falar.
- Ela não tem nada para dizer, é uma ninguém.
Ignoro seus insultos, as mãos ao meu redor que por algum motivo ainda não me arrastaram para fora do lugar. Foco meus olhos apenas em Damien outra vez.
- Não diga seus votos, não diga sim. – sinto as lágrimas picarem meus olhos.
- Tirem ela daqui. – o pai dele berra outra vez.
Então os seguranças começam a me levar para fora da igreja e eu não posso mais lutar.
- Eu vou esperar você. – grito para Damien, porque já não me resta muita dignidade. – Fuja e me encontre. Eu vou esperar você.
Não sei se ele me escuta, mas ouço as portas se fechando atrás de mim e meus joelhos descem até os degraus frios. Meu coração esmurra minhas costelas, mas é o único som que eu ouço. Nada de passos, nada de gritos ou choro. Apenas meu pobre coração ainda mais partido depois dessa manhã.
Ele não vai vir, me dou conta. Ele não vai desistir de tudo por minha causa. E por que diabos o faria? Eu sou uma ninguém.
Meus pés me forçam até o final da escada e em direção ao meu pequeno carro. De alguma forma, me sobra um pouco de orgulho para não chorar. Apenas encosto meu rosto no vidro frio do carro e fecho os olhos. Então eu espero. Pelo o que parecem ser anos, eu espero na frente daquela igreja. Mas ninguém sai.
Meu coração se parte ainda mais um pouquinho. Deus! Eu sou a maior piada que já existiu na vida. O que diabos aconteceu para eu me encontrar aqui, na frente de uma igreja, depois de ter interrompido um casamento, ainda esperando que por algum motivo ridículo ele vá vir atrás de mim?
Ele não vem. Me dou conta quase uma hora depois. Ele não vem.
Ligo o carro e dirijo para casa. É só quando meu corpo cai na cama e meu rosto acerta o travesseiro que de alguma forma ainda tem o cheiro dele, que me permito chorar.
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