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O cheiro dela ainda está no meu nariz, na minha roupa, nos meus dedos. O gosto dela na minha língua. Taylor Heartz, a garota da fala afiada, do queixo sempre erguido, dos olhos azuis mais brilhantes que eu já vi na vida, do cabelo em um tom de loiro como ouro derretido. Queria que tivéssemos tido mais tempo. Queria que eu tivesse a coragem necessária para isso.
Seria engraçado se não fosse tão trágico, toda essa situação. Como eu passei três anos tentando provoca-la, tentando entender como ela fazia isso, como era tão corajosa, forte, independente e espontânea. Ela não se parecia com nada que eu já tinha visto e por isso que eu tentei desestabiliza-la. Mas ela não cedeu e aqui estava eu, completamente perdido e desejando que eu não tivesse sido um babaca por tanto tempo. O que estaria acontecendo nesse momento se eu não tivesse sido um idiota? Taylor seguraria minha mão quando eu encontrasse o corpo sem vida da minha mãe? Ou ela ainda estaria viva? Meu pai teria esse controle sobre mim? Eu com certeza não estaria preso a esse casamento.
O terno que eu uso é em um tom de branco enjoativo. Eu o provei há dois dias, mas não me lembro. Não me lembro de nada dos últimos dezessete dias, apenas dos olhos assustados de Taylor e dos seus dedos no meu cabelo. Ela não disse que tudo ia ficar bem, porque ela nunca foi mentirosa. Ela não disse coisas como "vamos resolver isso" ou "você tem certeza?". Ela apenas me abraçou e me deixou chorar e ficou comigo durante quinze dias. Então me mandou ir para casa. Ela sabia, sabia da promessa ao qual estou preso.
A maldita promessa. Às vezes eu me amaldiçoo por tê-la feito. Por ter sido burro, estúpido e por ser esse covarde. Ela está morta, eu repito para mim mesmo, morta. Ela não se importa. É uma promessa idiota.
Mas então eu lembro dos olhos dela, verdes como esmeraldas, os ossos frágeis, o cabelo escuro ralo e dela usando suas últimas forças para me pedir aquilo. Não discuta com seu pai, Damien, você sabe como ele é. Alyssa é uma boa menina, vai te fazer feliz. Me prometa que se eu for, você vai fazer isso. E lembro da minha concordância. As malditas palavras que eu sabia que não devia dizer, mas não consegui, não com ela naquele estado.
Duas horas depois, ela estava morta. E eu não tinha outra escolha a não ser cumprir o que prometi.
- Acho melhor você sorrir, garoto. – meu pai diz atrás de mim.
