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As palavras de Damien ainda reverberam na minha cabeça, sete semanas depois que ele me contou sua história. Eu ainda não sei por que ele decidiu dividir aquilo comigo, se foi porque sabia que eu não o julgaria, se foi porque eu era a única pessoa naquela casa além do demônio do pai dele, ou se ele apenas não aguentava mais carregar esse peso todo sozinho.
O cheiro dele de limão e tangerina de alguma forma ainda está no meu nariz. A sensação do seu cabelo sedoso passando por meus dedos enquanto eu o abraçava e o confortava, também.
E de alguma forma, isso nos aproximou. Nós só tocamos no assunto uma vez depois daquele dia, quando eu perguntei por que ele não dava parte do pai dele na polícia. Falta de provas, ele disse, e advogados muito bons. Mesmo que o pai dele não tivesse tanto dinheiro, ele ainda tinha contatos. A mãe dele morreu de falência dos órgãos. Talvez pelo que o pai dele fizera a ela, mas ela estava realmente doente. Um câncer que apareceu rápido e se alastrou mais rápido ainda.
Nós terminamos o trabalho na minha casa, porque eu não sabia se conseguiria encarar o pai dele sem vomitar nos seus sapatos. E então entramos em algum tipo de rotina esquisita. Não amigos, mas algo parecido. Ele continuou as provocações e eu continuei mandando que ele fosse pro inferno, mas tinha algo diferente pairando entre nós agora. O peso daquela confissão e a confiança. E algo mais.
Na segunda feira, Damien me espera no lado de fora da loja quando meu turno termina, o corpo apoiado no carro em uma posição quase relaxada. O sol da tarde deixa seu cabelo com um leve brilho avermelhado e os olhos cinzas quase transparentes.
- Oi, stalker. – encaro ele em confusão.
- Quer carona para a faculdade?
Dou de ombros com um suspiro. Minha primeira aula do dia é a mesma que a dele e apesar da faculdade ficar a poucos quarteirões, eu só murmuro um sim e entro no carro estúpido dele.
- Você está esquisito. – murmuro quando ele começa a dirigir e permanece em silêncio. – Mais esquisito do que o normal, no caso.