No quarto de Taehyung havia um abajur com formato de planeta terra, iluminando todo o cômodo com a sua luz azul.
Aquele era um dos seus presentes favoritos dados pela sua tia Helen, porque o globo podia ser girado de acordo com a direção dada por suas mãos. Naquele pequeno mundo, Taehyung podia dizer o que acontece e o que não pode acontecer; Taehyung podia girar o planeta à sua maneira, ao seu favor.
Naquele pequeno mundo sua mãe ainda estaria morando com ele e o seu pai estaria sóbrio agora, colocando-o para dormir mesmo que já tenha 23 anos. Ali os seus amigos não teriam problemas que ele mesmo não conseguisse ajudar a resolver... Naquele pequeno mundo Taehyung e sua irmã poderiam estar mais próximos um do outro mesmo depois de tudo o que aconteceu...
Naquele pequeno mundo sua tia Helen ainda estaria viva, e Taehyung não se sentiria culpado pela sua morte. Mas as coisas não eram assim no mundo real, e ele tentava entender isso enquanto girava o objeto redondo sem parar enquanto seu corpo permanecia jogado na cama.
Estava de madrugada, e uma tempestade caía. Taehyung tinha medo de chuvas fortes, seu pai costumava abafar o som dela o máximo possível para tentar acalmá-lo fechando todas as janelas e cortinas, e a caçula vivia tirando sarro dele por sentir medo de algo tão bobo. Bem... Ele estava com medo agora, mas seu pai estava jogado no sofá da sala sem ter a noção do que fez na noite passada, e já fazia alguns dias que Taehyung não ouvia a voz da sua irmã dizendo algo para ele, além dela ter ido dormir na casa de uma amiga sua. Ultimamente ela tem passado mais tempo lá do que na própria casa, e ele a entendia perfeitamente. Aquele lugar não era mais o mesmo de antes.
Mas o pior de tudo era sentir que aquilo era sua culpa.
As vezes ele olhava para o globo azul e desejava estar em outro lugar, quem sabe vivendo dentro daquele mundo de plástico, tão desejável e falso? Ele poderia levar todos os seus amigos para lá, além de toda a sua família junto. Sem mortes e sem dor. Seria perfeito demais. Tão perfeito quanto o seu livro favorito na prateleira perto da cama.
Sam, Charlie e Patrick pareciam o encarar na capa esverdeada e muitas vezes, ao olhar para eles, Taehyung se perguntava... Por que as coisas não podiam ser diferentes? Então a vida é realmente assim? E apenas isso? Onde esta toda aquela emoção que seus livros costumam lhe dar? Ou será que ele deve fazer algo para isso começar a acontecer?
Em resposta do universo, o seu celular toca ao lado do abajur e um trovão clareia todo o quarto. Taehyung se assusta e automaticamente se encolhe dentro do lençol. Assim que seu coração se acalma, ele estica seu braço pegando o celular e levando-o para debaixo da coberta. Duas mensagens haviam chegado.
Acredito que você esteja com medo agora, e que papai ou não esteja aí ou que não faça a mínima ideia de que esteja em algum lugar... Então imagine que eu esteja na sua frente agora e leia isso com a minha voz infantil de 2 anos atrás:
Na na na na na na, o Teco tem medo de chuvaaaa.
Espero que esteja falando comigo,,, se não me avise pra eu apagar essa vergonha e fingir que nunca aconteceu.
Mandy, 02h37.
Acredite, eu realmente não devia ter pegado nesse celular agora, por correr o risco de um raio me acertar bem na cabeça e eu morrer antes da hora. Mas enfim, tá caindo o céu lá fora então tô mandando esse cover pra você ouvir, mas não pegue muito no celular enquanto estiver ouvindo, por favor. Ela é bem calminha, as vezes eu imagino você, Namjoon e Hobi cantando essa musica com um violão em volta de uma fogueira enquanto viajam pelo mundo na Kombi dos pais do Nam. Estou fazendo o máximo para me ver nisso também, eu garanto. Espero que ela possa te trazer alguma paz assim como traz pra mim.
Nos vemos amanhã? Preciso esfriar a cabeça, sinto que se continuar sozinho posso acabar fazendo alguma besteira, como por exemplo roubar um carrinho daquele supermercado do meu bairro.
Lost Stars - bunnysmile.
Jimminie, 02h39.
Taehyung clica no link da musica e escuta o som do violão tocar junto da voz melodiosa do cantor. E ele sorri. Era realmente a cara de Jimin ouvir musicas como aquela. Era a trilha sonora perfeita para uma volta ao mundo dentro da Kombi dos pais de Namjoon, junto de Hobi e Jimin. A presença dele era essencial, e com certeza ele estaria lá, Taehyung sabia que sim.
As vezes as ideias mais sem nexo do loirinho chegavam a fazer tanto sentido, sendo incrivelmente empolgantes e impossivelmente possíveis.... Que provavelmente um dia a velha e clássica kombi vermelha teria fôlego o suficiente para carrega-los pelo mundo inteiro juntos. Esse era o tipo de visão do futuro que Taehyung sempre gostaria de ter, o que não era muito frequente, mas necessário.
Taehyung lia e relia a mensagem de sua irmã. Ela havia se lembrado dele por conta da chuva forte, se lembrou do seu medo e se preocupou consigo. O seu coração não poderia estar mais cheio do que agora.
Os dias de Taehyung eram assim. Qualquer coisinha poderia deixa-lo extremamente feliz ou extremamente triste ou extremamente com raiva. Ele era Kim extremamente Taehyung. Extremo ao extremo. Será que foi isso que fez tudo ser como estava sendo agora? Ele não saberia responder.
E já que nem sempre o universo fazia questão de responder todas as suas perguntas, na manhã do dia seguinte, o garoto de cabelos escuros pega um livro e se senta na escrivaninha de seu quarto, olhando pensativo para a capa esverdeada. Na sua mesa estavam espalhadas várias canetinhas coloridas e brilhantes, junto de folhas tiradas dos seus cadernos antigos da faculdade que trancou desde que começou a se sentir perdido. Talvez a ideia que teve agora o ajudasse a se encontrar no futuro..... Ou talvez tudo aquilo não passasse de uma lorota da sua cabeça que fosse fazer o pouco que conhecia sobre Kim Taehyung se perder completamente...
Sua mão escolhe uma cor, o cover do garoto de voz angelical continuava tocando pelo seu quarto, e os seus olhos se fecham ao se concentrar na canção e, pela primeira vez, pensando na possibilidade de não começar essa nova carta com o velho e frequente ¨querida mamãe¨...
Hmf.... Espero que Stephen Chbosky não me acuse de plágio depois... É a única coisa que pensa quando começa a escrever.
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Olá querido ser humano que chegou até aqui, bem... Se é que alguém vai chegar aqui de fato. Pode me chamar de Loha se quiser, e eu ficarei muito grata se você, ser humaninho do outro lado, interagir comigo durante o progresso dessa história. Eu sou iniciante aqui e geralmente é tudo tão solitário kkkk mas qualquer comentário ou favorito já me incentiva bastante. Essa fic tem um significado pessoal muito grande pra mim e... Só espero que dê tudo certo.
E é isso, até a primeira cartinha do tete <3
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dear friend; taekook.
Teen Fiction[EM ANDAMENTO] O que você faria se, sem mais nem menos, cartas de um desconhecido começassem a aparecer na sua caixinha do correio? Iria se sentir dentro de As vantagens de Ser Invisível ou em algum romance clichê escrito por John Green? Bom, Taehy...