dear friend; taekook.

9. (re)aproximações.

6 de outubro de 2011

Querido amigo,

Sabe quando você está dentro de um ônibus, repara nas pessoas que estão ali dentro e começa a pensar em como cada um ali tem uma vida assim como você?

É que... geralmente a gente não para pra pensar, mas todos ali tem uma família ou sonham em formar uma; tem os seus sonhos e falhas, problemas e dias ruins e bons como nós...

Talvez eles até reparem em detalhes que ninguém mais repara e os compartilham por cartas assim como nós dois fazemos, talvez eles se sintam dentro de um filme ou num livro clichê assim como a gente...

Talvez eles tenham problemas parecidos com os nossos... Todos ali anseiam voltar para suas casas e saber que as pessoas que amam estão protegidas, independente do que a palavra "casa" simbolize para cada um... E simplesmente eles nem sequer olham na cara um do outro ali, naquele ambiente...

Pois é, definitivamente ninguém repara nisso.

Mas eu fui comprar ração pro Yeontan ontem, e aí acabei pensando nisso antes de cochilar com a cabeça encostada na janela. Sim, o meu cachorro, aquele que viaja numa nave espacial ao lado de 4 forasteiros da galáxia e que é fascinado por armas se chama Yeontan, o prazer é todo dele.

Na verdade ontem o dia foi totalmente dedicado à ele, e o folgado nem gostou de toda a atenção que recebeu... Ele acabou comendo o vestido favorito da minha irmã, acho que nem preciso falar da gritaria que foi quando ela viu a boquinha do cachorro cheia de glitter azul e pedaços do pano de seda espalhados pelo chão do seu quarto....

Nós dois acabamos levando o engraçadinho para o veterinário, até porque... Comer vestidos não deve fazer muito bem para a saúde canina, certo? Mas o que realmente me deixou surpreso, e acredito que nem mesmo a minha irmã esperava por aquilo... Era ver papai aparecendo por lá e trazendo lanches de fast food num saco marrom nas mãos. Ele estava com uma camiseta verde e três vezes maior que o seu tamanho, calças caqui bem folgadas e um de seus tênis gastos... Parecia sóbrio também.

Ele simplesmente se sentou no banquinho ao nosso lado enquanto esperávamos terminarem os exames no yeontan e entregou a comida para mim, e sem olhar nos meus olhos, perguntou: "ele está bem?"

Sério, foi impossível não sorrir com isso e também não deixar que ficasse uma confusão na minha cabeça quando escutei aquilo. Papai nunca gostou de Yeontan, sempre reclamava da bagunça que fazia e até mesmo já bateu nele quando era menor... E agora estava ali, junto conosco e perguntando se o cachorro que ele tanto parecia desprezar... Estava bem ou não.

"O que foi? Essa praga é importante pra você, e também vocês dois estavam demorando demais pra voltar." Ele tentou se explicar, sempre olhando para frente. Acho que o fato de eu não ter conseguido parar de olha-lo com a confusão estampada na minha fuça fosse o suficiente para conseguir ler a minha mente.

Minha irmã riu na hora... Nosso pai nunca se importou se passávamos tempo demais ou não fora de casa, desde que nossa mãe foi embora.

Pois é Jeon Jungkook.... Acho que estamos tendo algum tipo de progresso por aqui... Ou a bebida já está mexendo com os restos dos miolos que ele ainda tem, vai saber...

Aliás... Foi intencional você ter citado o seu primeiro nome no final da última carta ou você só criou um primeiro nome falso pra deixar o seu nome falso mais completo? Ou tenho que adivinhar isso também? Aish... Quem deveria tentar adivinhar alguma coisa aqui era você... Estragou a minha brincadeira, não irei mais mandar cartas para você, sinta-se feliz.

Mas voltando ao que importa... Assim que soubemos que não havia nada de errado com Yeontan, nós três voltamos para casa. Tipo, de verdade, nosso pai voltou para >casa< junto com a >gente< e simplesmente não saiu pra beber ou sumir por aí... Apenas foi para o seu quarto e passou um bom tempo lá, quieto. Só voltou quando já estava de noite, saiu literalmente como um raio de lá para fechar as janelas e cortinas da sala, que era aonde estávamos. Ele sempre fazia isso quando eu era pequeno, pois sabia o quanto eu tinha medo da chuva e que quanto menos eu a ouvisse... Mais rápido e fácil seria para que eu voltasse a dormir. E ontem caiu um temporal do lado de fora, e enquanto minha irmã me abraçava no sofá com a televisão ligada num volume mais alto que de costume, papai simplesmente fechou tudo e ficou olhando para nós dois antes de seguir de volta para o quarto. Mesmo estando de costas para ele, pude sentir o seu olhar, e até agora não consigo entender o que tudo isso signifique....