cinco + cruelest months.

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A G O R A.
LOS ANGELES, CA.
S E T E M B R O.

"cruelest months

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"cruelest months."
cinco.

ABRIL É O MAIS CRUÉIS DOS MESES, escreveu T.S Eliot em um dos seus poemas mais famosos. Havia lido todos aqueles 434 versos pela primeira vez quando eu tinha apenas quinze anos e ainda achava complicado decodificar o mistério literário na tristeza dos poetas. Esmiucei cada linha e analisei cada sinal de pontuação, procurando por significados e resposta para a principal questão que pairava por minha cabeça na época: Por que abril? Por que ele que é o mais cruel dos meses? Não conseguia entender. Lembro de passar noites em claro, procurando nas profundezas do Google, tentando entender o que levara o Eliot a chegar nessa conclusão. Cheguei até a descobrir fatos estranhos, como pedaços de poemas reduzidos, mas nada que respondesse a minha pergunta. Nunca realmente soube o porquê do abril ser o mais cruel dos meses.

Ainda hoje nada parecia fazer muito sentido para mim. Por que abril? Quer dizer, eu até poderia entender a angustia do poeta; este mês em si não havia sido muito solidário comigo, portanto, ultimamente, o ano inteiro parecia meio cruel. Agora é setembro. O início de um novo ano letivo e de uma nova estação. O outono já bate em nossas portas, colorindo todas as árvores e deixando as calçadas griséus em um novo tom alaranjado. Ao mesmo tempo tudo parece cedo e tarde demais para resoluções e recomeços. Pelo menos, para mim.

Dois meses haviam se passado desde o acontecimento que mudou não só a percepção da minha existência, mas como também a forma que o About the Fit costumava funcionar. O casamento da Sofya havia sido um marco para a empresa, um sucesso que nem mesmo eu sabia como lidar. De um dia para noite — literalmente — a procura de nossos serviços aumentaram em uma quantidade inexpressível. A divulgação feita pela Heyoon do evento havia sido estritamente planejada de forma que os números de pesquisa do site expandiram, novos clientes e patrocinadores surgiam a cada instante e nós nos víamos até recusando algumas propostas já que nossa agenda oficial havia sido fechada até o Natal. Como a Joalin gostava de gritar aos ares toda segunda-feira às sete e meia da manhã assim que chegava à empresa; o About the Fit estava, aos poucos, virando um sucesso.

Em contraponto, tudo se tornou um pouco mais complicado. Éramos apenas cinco pessoas para lidar com uma enorme quantidade repentina de trabalho. Shivani e Joalin precisaram largar seus empregos secundários para se dedicar totalmente a empresa, o que de certa forma era bom, já que esse sempre fora o objetivo inicial. Porém, não estávamos preparadas e nem esperando que nós o atingisse assim tão cedo. Algumas contratações foram feitas; Sabina conseguiu um sub-chefe chamado Pepe, a Joalin uma assistente, a Shiv contratou uma estagiária que está terminando a faculdade de Administração Financeira e a Heyoon estava entrevistando alguns candidatos experientes na área de Design de Computação. Eu ainda era a única que sucumbia à solidão — em todos os sentidos que podem ser atribuídos a esta singela palavra.

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