A G O R A
LOS ANGELES, CA.
S E T E M B R O."changes"
seis.— Uau.
É a única coisa que sai da boca da Sabina assim que termina de ouvir atentamente um resumo detalhado do que aconteceu nas últimas horas. A morena leva um semblante admirado, mas, ao mesmo tempo, inexpressível, como se não soubesse como reagir ou muito menos, o que falar. Não a julgo — já que ainda consigo sentir meu cérebro dolorido e em total estado de dormência, consequente da quantidade exacerbada de tempo que ficara ativo —, mas a sua ausência de reação apenas intensifica o meu nervosismo, causando uma rigidez desconfortável em meus músculos e quando o silêncio, finalmente, se torna algo gritante entre nós, eu começo a sentir o peso que foi levar aquele dia começar a cair sob minhas costas.
Desde o momento que uma versão mais animada da Sofya saiu do meu escritória nesta tarde, prometendo mandar mensagens com mais informações, meu corpo pareceu entrar em êxtase. Um avalanche de sentimentos invadiu meu peito e fez com que eu não conseguisse mais focar ou pensar em nada que não fosse a situação em que eu me meti. Tentava me convencer que tomara a decisão certa, mas a realidade é que eu já não tinha tanta certeza assim. Não podia negar que o discurso da loira havia sido bastante convincente e usar aquela foto como a cartada final, decididamente, desencadeara alguma coisa esquisita dentro de mim. Portanto, no instante em que parei para analisar sobre o que eu havia concordado, um balde de água fria caíra sob minha cabeça.
Quer dizer, eu entendo a angústia da garota; eu a vi e consegui sentir também. E eu tenho a certeza que é real. Além disso, quero mesmo acreditar que ela apenas recorrera à mim por não ter outra opção. Por estar realmente sem saída de uma situação calamitosa, até porque aquilo havia sido um tanto quanto humilhante, e não só para mim.
— O Noah não sabe — completo, me jogando no sofá enquanto assisto a mexicana preparar um delicioso chocolate quente de consolação. É sua maneira de mostrar apoio quando algo ruim realmente acontece. Às vezes não é preciso nem falar nada, só em uma pequena análise do meu rosto, ela é capaz de identificar quando a bebida é necessária. — A Sofya marcou um jantar hoje para contá-lo essa novidade esplêndida. E aparentemente, eu também concordei em ir.
Sabina me encara intensamente por alguns segundos, como se estivesse digerindo a informação, mas logo depois volta sua concentração para panela que borbulha no fogão e repete:
— Uau.
Lanço um olhar pouco convencido para a morena e bufo, me apoiando em meus cotovelos.
— É só isso que você tem a dizer? — pergunto.
Minha voz manhosa soa pelo lugar e eu preciso morder a língua para não deixar que as minhas glândulas lacrimais realizem seu trabalho. A verdade é que a aprovação da Sabina sempre fora uma das coisas mais importante para mim. A Carolina poderia até chamar isso de dependência, mas, desde sempre, eu aprendi que tomar decisões com o apoio da morena tornava tudo um pouco mais fácil. E por esses exatos motivos que tive a coragem de abrir o About the Fit, de largar a faculdade, de me mudar de Pittsburg. Sua amizade é uma das coisas mais valiosas que eu possuía e mesmo que eu nunca admitisse em voz alta, ouvir um "sim" sair da sua boca é equivalente ao ouvir um "sim" na entrada para o paraíso. E é por isso que eu necessito tanto da validação da mexicana agora. Que ela diga que vai ficar tudo bem e que eu tomara a decisão certa, mesmo que ambas soubéssemos que é tudo mentira.
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wake up. ⁿᵒᵃⁿʸ
Fanfiction[noany] + onde o Noah não quer acordar sem a Any ao seu lado. ou... Noah e Any se conhecem no pior dias de suas vidas: testemunham juntos a traição de seus respectivos namorados. E é assim que os dois acabam no corredor de um prédio trocando conf...