Cap.3

8.7K 668 236
                                    


André

    Já faz alguns bons minutos que estou estacionando aqui na frente da casa do meu tio, só observando a cena. Luara chorava de se acabar abraçada ao meu tio marquinhos. Eu sabia que ela tava passando por um momento difícil, só não imaginava que ela estava tão ruim assim.

Eu e Luara sempre tivemos nossas controvérsias, ela sempre deixou bem claro que nunca gostou de mim e até hoje eu não sei o por quê. Não tenho nada contra ela, apenas aceito a sua opinião de não gostar de mim e é isso.

Pra ser sincero, sempre tive um carinho enorme pela a mesma, acho que tá mais para um "crush" quando era criança. Eu tenho a total certeza que hoje em dia eu não sinto nada, apenas retribuo os sentimentos que ela sente por mim

Meu celular faz barulho avisando que eu recebi uma nova mensagem, me tirando dos meus pensamentos. Checo as horas antes de abrir a mensagem, vai fazer quase vinte minutos que eu estou aqui parado, e com esse calor do Rio de Janeiro, acho que vou carbonizar dentro desse carro.

Mãe:
Já fiz o seu pratinho
Cadê você, meu filho?
a comida vai esfriar

eu:
Tô quase chegando
Menos de vinte minutos

Será que ainda ia demorar muito? Eu tô morrendo de fome e sentindo o começo de uma carbonização. Minha barriga ronca como se tivesse um monstro faminto ali dentro.

Mas antes que eu pudesse reclamar de novo, quando volto a observar aquela cena, percebo que agora só tem a Luara ali. Nem demorei tanto no celular.

Cogito em ir até ela, mas acho que não seria a coisa mais apropriada o seu maior inimigo ir consola-la e até um pouco estranho. Demoro tempo demais pensando nos prós e contras que o meu tio acaba chegando, acabando com o meu questionamento bobo. Os dois entram em um carro e vão embora.

Pego tudo o que eu preciso e saio do carro. A melhor decisão que eu já tomei na minha vida, me sinto outra pessoa longe daquele carro abafado. Limpo o meu suor com as costas das mãos e toco a campainha.

    O churrasco está bombando. Escuto da calçada o som altíssimo, as risadas, as conversas e sinto o cheiro de carne assada, minha barriga ronca de novo.

    Minha mãe atende a porta com o sorriso maior do mundo, ela me puxa para um abraço e quase derruba cerveja na minha camisa branca.

   — Meu filho, que saudades! Vou ter que fazer um churrasco todo dia pra ver se você aparece para me visitar - retribuo o seu abraço.

   — Pare com isso que quase todo dia eu vejo a senhora.

   — Mas ainda não é todo dia - ela me solta do abraço. Vamos até onde todo o pessoal está reunidos, comprimento todos antes de ir para a cozinha almoçar

    Me sento na mesa enquanto a minha mãe me entrega o pratinho que ela guardou pra mim, só de ver a comida a minha barriga já ronca.

   — Obrigada, mãe. Não sei o que seria de mim sem a senhora - falei de boca cheia enquanto atacava aquela comida dos deuses, quem cozinhou isso tá de parabéns!

   — Não seria nada, literalmente - solto uma risada, quase me engasgando com a farofa. Bem feito, quem mandou ser esfomeado. Bebo um gole da cerveja que me deram e continuo a comer.

     Algumas pessoas entraram na cozinha e começaram a conversar sobre a Luara. Estavam todos preocupados com a situação dela e não sabiam o que fazer para ajudá-la. Escuto tudo, atento a informações novas. Espero todos sairem para buscar mais informações por meio da minha mãe.

    — Mãe, esse negócio da Luara é muito sério? - seu semblante muda de alegre para preocupada em questão de segundos.

   — Muito sério. Faz meses que ela está desempregada e nenhum lugar está a aceitando - um brilho de esperança surge nos seus sonhos. — Filho, será que na empresa que você trabalha não tá precisando de ninguém? Alguma secretária... não sei, qualquer cargo que estejam contratando já vai ajudar e muito.

    — É seu dia de sorte, eu estou precisando de uma secretária - minha mãe da um gritinho de alegria e corre para me abraçar.

   — Obrigada, meu amor! Eu sabia que você nunca ia me decepcionar - falou enquanto me esmagava em um abraço.

    — Calma, mãe! Eu não sei se ela aceitar - ela me solta e volta para o lugar que estava sentada.

    — E por qual motivo ela não aceitaria? Ela precisa desse emprego.

     — Ela não gosta de mim. Não posso força-la a ser a minha secretária.

    — Oxe, ela não vai perder essa oportunidade por briguinha lesa de infância. Vou conversar com ela e você trate de fazer as pazes, isso não pode continuar assim!

Amor LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora