Cap.6

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Me sento na única cadeira vazia do bar. Como era sábado, o comércio de álcool e drogas ilegais do Samuel estava tão lotado que quase não tinha lugar para sentar. Esse lugar só vive cheio e hoje está mais ainda.

    Aceno com a cabeça pro meu amigo e espero ele vim me atender. O mesmo está em um papo sério com uma garota, não sei se está atendendo ela normalmente ou tentando conseguir o seu número. Pego o celular do bolso do short e vejo que tem quase 500 mensagens da Júlia, respiro fundo para não surtar.

Ela me ligou algumas vezes enquanto eu estava na casa da Luara, meu celular estava em modo silencioso e acabei não vendo as notificações. Abro a conversa com a mesma e me arrependo na hora. Cada mensagem tem uma diferença de alguns minutos, eu não tô brincando quando disse que são quase 500 mensagens.

Júlia:
Oii
Tudo bem?
❤️❤️
Tô com saudades❤️
Oi?
Responde André
🙄
Porra vsf
Responde filho da puta
Eu te odeio com toda a minha alma!
Eu te amo tanto e é assim que tu me trata?
Blz
Vamos se encontrar hoje?
Na minha casa ou na sua?
Responde droga
Qual é a puta que tu tá comendo em?

Parei de ler depois dessa última mensagem. É sério isso? Só pode ser brincadeira.

A Júlia é filha caçula do meu chefe. Ela parecia ser uma garota normal, até que começou a me perseguir igual maluca. Antes dela se tornar o que é hoje, a gente ficava e era até bom no começo. A gente não tem um relacionamento, só transamos sem compromisso algumas vezes, na verdade, eu nunca quis compromisso, já ela...

Eu sei que ela tem uma dependência emocional fortíssima em mim. A dependência emocional é uma das coisas mais triste que alguém pode enfrentar, já aconselhei de todas as formas ela tentar uma ajuda psicológica, mas eu só levei xingamento, gritos e lágrimas.

   Avisto o meu alcoólico anônimo favorito vindo me receber e guardo o meu celular de volta no bolso.

  — Acho que tô apaixonado — ele se inclina no balcão e coloca as mãos sobre a cabeça. Solto uma risada alta que faz o mesmo me olhar com a sobrancelha erguida — Não entendi o motivo do seu riso.

  — Tu fala isso todo dia.

  — É porque todo dia eu me apaixono por alguém. Sou o último romântico que sobrou nesse mundo! Aliás, como que tá sua irmã Analu em?

  — Não toque no nome da minha irmã! — seu sorriso aumento ainda mais, filho da puta demônio nojento.

  — O que foi, André? Somos amigos, é normal um tocar no nome da irmã do outro.

—Não vou te mandar corrente de "te quero pro meu próximo ano" não, visse? Oxe, se foda.

— E quem precisa de você quando se tem ela? Sou tão apaixonado nela — Revirei os olhos.

— Aliás, cadê a minha irmã? Ela não veio trabalhar hoje?

   — Não, ela acordou meio doente. Me ofereci pra ser o ser enfermeiro sexy mas o amor da minha vida recusou.

   — Faça silêncio e vá pegar minha cerveja, vá.

— Não tô me reconhecendo não, pensando nela bem na hora que eu vou dormi — Ele saiu cantando.

Aproveitei pra responder as inúmeras e infinitas mensagens da Júlia.

André:
Oi
Tava sem internet

Júlia:
Porra
Tu vem me responder agora?
Quero papo contigo não


E fui bloqueado.

Mas era normal, já tava acostumado com dezenas de bloqueios durante o dia.

Observei ao redor do bar. Muitas pessoas se amontoavam em uma pequena pista improvisada. Mulheres lindíssimas dançando até o chão e demonstrando sua sensualidade.

— Eu tenho um negócio pra te contar - falei para o Samuel quando o mesmo voltou com a minha bebida.

— Qual foi a merda que tu se meteu dessa vez? Faz tempo que você não vem aqui, né? Me abandonou - ele fez um beicinho enquanto me olhava com cara de cachorro abandonado.

— Deixe de besteira que não faz tanto tempo assim, eu vim semana passada.

— Eu fiquei uma semana sem lhe ver! Por que não me matou logo? - revirei os olhos enquanto o meu amigo fazia o seu drama de sempre.

— Pare com essa besteira logo - tomei um gole da minha cerveja que estava estupidamente no ponto, graças a deus. — Adivinha quem vai trabalhar comigo — o maior fofoqueiro que eu já conheci se aproximou para escutar melhor

— Quem?

— Luara - a boca do menino foi no chão de tanto choque.

— Luara? A menina que você é apaixonado?

— Eu não sou apaixonado nela!

— É sim! Desde de pequeno essa paixão existe.

— Só quando eu era pequeno, agora já passou - ele me olhou desconfiado.

   — Isso não vai dar certo.

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