Cap.19

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Eu não sou nenhuma especialista em sexo, longe disso. Na verdade, mal tenho lugar de fala. Das duas vezes em que transei, nenhuma me fez gozar. Eu não sei o que é gozar!

Mas, caramba, a transa de ontem foi, sem dúvida, a pior da minha vida, e, arrisco dizer, da vida de qualquer ser humano desse universo. Não tenho nada contra paus pequenos ou caras precoces, de verdade. Até acho que são bastante simpáticos.

Sortuda mesmo foi aquela garota que transou com o André. Aquilo ali merecia um Oscar de melhor filme pornô. Só de ouvir o que rolou, já fiquei com... tesão? Tesão, não. Nojo!

Infelizmente, toda transa ruim cobra seu preço, e eu estou aqui pagando o meu. Acordo com o som ensurdecedor do ronco ao meu lado. Ele me agarra como se eu fosse sua última tábua de salvação, enquanto sinto a baba dele escorrer pelo meu ombro.

Respiro fundo e tento me livrar do aperto dele, mas é inútil, só faz com que ele ronque ainda mais alto. O bafo quente invade meu rosto, e a náusea vem com força. Sinto vontade de vomitar.

Viro o rosto na tentativa de escapar do bafo dele, e é nesse exato momento que o celular começa a vibrar descontroladamente. Me estico o máximo que consigo até alcançar. Quando a tela acende, lá está: 'Esposa ❤️', ligando sem parar. Puta merda! Ele é casado! Meu Deus, como isso pode piorar? Eu só me meto em roubada.

Desbloqueio o celular com o reconhecimento facial dele e entro no WhatsApp. Sinto um nó no estômago por invadir a privacidade de alguém, mas, fazer o quê? Já estou aqui, né?

Tem uma lista interminável de contatos de mulheres no celular dele, de todas as cores e nomes. Mas o da esposa está fixado no topo. Só consigo pensar naquele meme da Gabi Brandt.

O fato de ele ter o número de várias mulheres no seu celular e, todos os dias, da hora que ele acorda até a hora que ele vai dormir, ele me escolher pra estar fixada no WhatsApp dele, pra dormir com ele, pra ficar só com ele. Pra mim, pesa muito mais do que o fato dele ter o número de todas.

Evito entrar em qualquer conversa, tanto para não invadir sua privacidade quanto por medo de descobrir algo perturbador.

Por pouco não arremesso o celular longe quando, sem querer, juro que foi sem querer, atendo uma das inúmeras ligações da esposa dele.

— Droga, Luan, onde você está? Passei a madrugada inteira tentando falar com você, inferno! Como você simplesmente desaparece assim? — Ela grita, e para piorar, está no viva-voz. Seus berros quase me deixam surda.

Com toda a gritaria, Luan acorda sobressaltado ao meu lado, os olhos completamente arregalados, como se estivesse assistindo a uma cena de terror se desenrolar bem diante dele.

Ele salta da cama com os gritos da esposa ainda ecoando, agarra o celular e sai disparado. Eu me levanto apressada, pego suas roupas e corro atrás dele.

— Calma, meu amor. Já estou indo para casa. Tive que cobrir um DJ de última hora numa festa. — Fico completamente perplexa com o que ouço. Como ele consegue mentir tão descaradamente?

— Calma? Como você me pede para ter calma? Você está me traindo de novo, Luan! Eu te conheço, caramba! — Meu Deus, a coitada é muito corna mansa.

— Não é traição, amor. A gente já conversou sobre isso. — Ele mal termina de falar e ela já desliga na cara dele.

Luan guarda o celular no bolso, ajeita o cabelo e me lança um sorriso. Parece que está tentando fingir que nada aconteceu.

— O nosso sexo foi incrível. Me passa seu número pra gente repetir a dose. — Não me aguento e começo a rir descontroladamente. Juro que tentei me segurar, mas foi impossível. O nível de sonsice dele, combinado com o fato de ele pedir outra rodada de sexo, foi demais pra mim.

A risada explode em uma crise de risos incontrolável. Por mais que eu tente, não consigo parar de jeito nenhum. Ele me lança um olhar desconfortável, provavelmente achando que eu enlouqueci de vez.

— Cara, você é casado, não me fez gozar, é precoce... você é um desastre completo, e ainda tem a cara de pau de pedir uma segunda chance? Vai se foder. — Digo entre risos, lutando para me recompor.

— Eu não sou precoce, e meu relacionamento é aberto. — Isso só faz minha risada explodir ainda mais.

— Relacionamento aberto é a minha pica no seu cu! — Arremesso suas roupas na sua cara e vou direto para a porta. — Sai da minha casa!

— Calma, vamos conversar. A gente pode resolver isso.

Não digo nada. Apenas abro a porta do meu apartamento, esperando que ele tenha o bom senso de sair por conta própria.

— Eu não vou sair. A gente vai conversar e resolver isso. — Ele começa a vestir a camisa enquanto eu reviro os olhos, já sem paciência.

Antes que eu tenha a chance de xingá-lo e mandá-lo embora, um vulto passa por mim tão rápido que mal consigo processar o que está acontecendo. Num piscar de olhos, ele se lança em cima do Luan, agarrando sua camisa com força.

— Ela tá mandando você sair, porra! — Só então percebo quem é, mas já é tarde demais. André acerta um soco na cara de Luan e, literalmente, o arremessa porta afora.

Continuo paralisada à porta, incapaz de me mover. O vulto que se aproxima, como se fosse meu príncipe encantado, fecha a porta suavemente e a tranca.

— Daqui a pouco, vou ter que ser contratado como seu segurança pessoal. Você só se mete em confusão. — Ele massageia o punho ainda latejante do soco, antes de se jogar no sofá, exausto.

— O que você está fazendo aqui? — Ajusto o pijama rapidamente, tentando parecer menos indecente. Mais... apresentável.

— Nem um obrigado? Acabei de machucar a mão por você. — Me aproximo devagar, ainda desconfiada. Cruzo os braços sobre o peito, tentando me proteger. Depois de tudo o que ouvi, me sinto nua e desconfortável na frente dele.

— Obrigada, André. O que você veio fazer aqui?

— Vamos precisar viajar juntos. É um evento da empresa neste fim de semana, com uma agenda cheia: workshops, treinamentos, cursos, palestras... e muito mais. E, como minha secretária, você precisa me acompanhar.

Meu Deus, um fim de semana inteiro ao lado do André. Eu posso me matar agora ou tá cedo?

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