AndréColoco o meu pé dentro do apartamento e as minhas mãos na frente da porta, impedido que ela se feche na minha cara.
Nesse exato momento, eu estou do lado de fora do apartamento da Luara. Vou tentar explicar exatamente o que aconteceu nesse meio tempo, o que me trouxe até aqui.
Eu estava extremamente feliz e animado, tomando a minha cervejinha enquanto tomava conta da churrasqueira, esperando a minha carne assar. Já tinha dançando bastante e conversando muito com o meu pai e meu tio. Porém, essa minha felicidade acabou quando um furacão a levou, esse furacão tem nome e se chama mãe. A mulher apareceu do meu lado igual um espírito obsessor, ela me olhou extremamente puta e saiu me arrastando pelo o braço como se eu fosse uma criança de cinco anos que acabou de fazer merda.
Paramos na calçada da casa, no exato lugar que a Luara estava à algumas horas atrás. A mulher que estava na minha frente cuspia ódio pelo o olhar, ela dobrou os braços e me olhou de forma severa.
— Você vai agora revólver esse negócio da Luara! - ela gritou no começo, mas ficou com medo de alguém escutar e foi abaixando a sua voz até ficar quase no silencioso.
— Oxe, e o que foi agora, meu Deus? O que foi que aconteceu com essa menina? - perguntei sem entender nada, meio desorientado com o álcool que já estava subindo para a minha cabeça.
— O pai dela chegou tão triste com a situação que a filha dele está. Sei que você não tem nada a ver com isso, meu filho. Mas eu te imploro, tente ajudá-la, por favor.
Alguns minutos depois, eu já estava me despedindo do pessoal e vindo correndo para o apartamento da Luara. Simples assim. O que a minha mãe não me pede sorrindo que eu não faço chorando?
Voltando para o presente, só com o tempinho que eu tô ali já sei que foi uma péssima ideia ter vindo. A Luara é uma mimada insuportável que não aceita ajuda de ninguém, garota idiota.
— Eu vou ligar para a polícia se você não for embora! - a maluca ruiva gritou do lado de dentro enquanto pisava no meu pé e tentava empurrar a porta. Que menina insuportável da porra.
— Eu vim na paz, porra. Tô querendo bater um papo contigo na paz, fique calma! - pra que eu fui inventar de agradar a minha mãe? Podia tá agora comendo a minha carne enquanto escutava um pagode, que ódio dessa vida.
— Não quero conversar contigo! - ela esfregou o seu calcanhar no meu pé e só faltou eu gritar de dor.
— Deixa de ser maluca, mulher! Abre esse caralho de porta logo e vamos resolver isso igual adultos, menina infantil do caralho.
— Você veio pra me oferecer um emprego, né? Já disse que eu não quero nada! Você já pode ir embora. Aliás, eu recebi uma proposta agora e já vou fazer uma entrevista amanhã.
— Você mente mal pra caralho, né? Eu não vou sair daqui até você me deixar entrar. Vamos ficar horas e horas nessa situação.
Ela respirou fundo e ficou em silêncio. Já estava achando que ela tinha ido buscar uma faca pra cortar meu pé, mas depois de muito tempo em silêncio, ela finalmente abriu a porta e me deixou entrar. Respirei aliviado, estava cansado de tanto esforço que eu fiz pra manter aquela porta aberta.
— Entra, logo vai. Só tô te deixando entrar por conta da tia Lilian, pela a consideração que eu tenho por ela.
Observei todo o seu apartamento. Era uma quitinete simples, sem nada de interessante e muito normal para uma moradora igual a ela. Todos os móveis eram de péssima qualidade e muito antigos, alguns até quebrados.
— Seja bem-vindo ao meu apartamento, quer um copo de água? - ela falou de uma forma forçada, tentando ser educada. O sorriso que tinha no seu rosto era de puro deboche.
— Não precisa, obrigada - senti algo nos meus pés e pensei que era baratas ou ratos, mas era apenas um gatinho alisando as minhas pernas. Ele parou nos meus pés e me olhou miando, sorri para o mesmo. — Como ele se chama?
— Lula - ela pegou o gato no colo e me olhou entediada. — Pode falar logo o que você quer aqui?
— Vim te oferecer um emprego como minha secretária.
— Não quero, obrigada e tchau - ela foi em direção a porta e fez que ia abri-lá.
— Calma menina, nasceu de oito meses foi? Aceite logo isso e todo mundo fica na paz.
— Por que você quer tanto que eu aceite esse emprego em? Quer me tornar a sua empregada particular?
— Minha mãe me obrigou a isso. Não vai aceitar de forma adulta? Então eu vou lhe tratar igual uma criança. Ou você aceita essa porra ou eu vou contar tudo isso para os seus pais, vamos ver o que eles vão achar disso.
— Não ouse em dizer nada para eles!
— Então aceite essa buceta logo, porra. Eu não tenho o dia todo - ela refletiu por bastantes tempo.
— Tá bom, eu aceito o emprego.
— Ótimo.
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Amor Livre
RomanceLuara está à beira do caos. Desempregada e sem perspectiva, sua vida desmorona a cada dia. André Luiz, por outro lado, navega tranquilamente por uma vida confortável, onde o compromisso é apenas uma palavra distante. Apesar de se conhecerem desde se...