Cap.12

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Luara adormeceu assim que eu comecei a dirigir de volta para casa, e o som suave de seus roncos me fez companhia durante todo o trajeto. Quando chegamos, tirar ela do carro foi um desafio por si só, mas subir essas escadas terríveis do seu prédio, com ela nos braços, tá sendo um verdadeiro inferno.

— O que você está fazendo aqui? — a ruiva pergunta, a voz carregada de surpresa e confusão. Ela se contorce no meu colo, e eu luto para mantê-la perto. Seus olhos piscam repetidamente, a mesma deve estar com a visão turva por conta do álcool.

— Calma, Luara. Eu estou cuidando de você. Você está claramente embriagada e não consegue nem andar sozinha. Não posso te deixar assim. - observo-a com uma expressão preocupada. Aperto ela com mais firmeza no meu colo, determinado a não soltá-la enquanto continuo a subir aquelas escadas terríveis.

— Eu não quero que você cuide de mim. Você me odeia, eu sei.

— Não odeio você. E pelo amor de Deus, pare de se mexer, pare de me impedir de te ajudar. - suspiro profundamente, tentando manter a calma.

Quando finalmente chegamos ao seu apartamento, a coloco cuidadosamente no chão para poder abrir a porta. Sem forças para se manter de pé, ela se deixa cair, sentando-se diretamente no chão.

— Cadê as suas chaves? - pergunto. Ela aponta para a bolsa que está pendurada no meu ombro. Remexo rapidamente até encontrar a chave. Abro a porta e olho para ela. — Certo, podemos entrar. Vou te ajudar a levantar.

Me abaixo para ajudá-la a se levantar, mas ela recusa. Com um gesto, balança a cabeça e ergue o braço, sinalizando para que eu não a ajude e não chegue perto.

— Porra, por que você é sempre assim? Por que não aceita ajuda quando obviamente está necessitando? Parece uma criança, caralho. - passo a mão pelo o cabelo, tentando manter a calmar.

— André, eu não tô bem. Me deixa respirar um pouco. Eu tô muito tonta. - observo ela respirar fundo, passando mal.

Depois de trancar a porta do seu apartamento, me sento ao seu lado naquele chão sujo do seu prédio. Se você reparar bem, consegue ver as baratas passando por ali. Ela me observa discretamente pelo canto do olho.

— Por que o seu prédio parece que vai desabar a qualquer momento? Esse lugar é o próprio lixão da mãe Lucinda - comento, observando as rachaduras enormes nas paredes.

A ruiva solta uma risadinha abafada e abaixa a cabeça, apoiando-a nos joelhos. O silêncio nos envolve, quebrado apenas pelo som de nossas respirações.

— Esse vestido tá pinicando muito... — sussurra, começando a puxar o vestido para cima, para retirá-lo do seu corpo. Arregalo os olhos, espantando.

— Luara, o que você tá fazendo?! Eu estou aqui, caralho! Abaixa esse vestido! - digo, quase gritando, enquanto puxo aquela merda de tecido com força para baixo.

— André, está pinicando muito. Eu não vou ficar com isso no meu corpo.

— E você quer ficar nua? Do meu lado?

— Não, eu só quero tirar isso de mim. - ela tenta novamente retirar o vestido.

— Calma. - retiro rapidamente minha camisa preta e a entrego a ela. — Coloque isso no lugar. — Fecho os olhos enquanto ela troca de roupa ao meu lado.

— Pode abrir os olhos. - obedeço-a, abrindo os meus olhos, tentando evitar de olha-la. Já me envolvi em muitas confusões esta noite, não quero me meter em mais uma. — Como está a sua mão?

Assim que ela fala, olho para minha mão, a mesma que machuquei ao socar aquele desgraçado. Só agora percebo a dor e o inchaço.

— Só tá meio dolorida, mas vai sobreviver.

— Você é tão forte... tão gostoso. - olho para Luara, incrédulo com aquele comentário inesperado.

— E você tá muito doidona. - respondo. Solto uma risadinha abafada.

— Vou me arrepender muito de tá falando isso, né? - ela levanta a cabeça apenas para me olhar.

— Vai se arrepender só um pouquinho, mas continua falando, é bom para o meu ego.

— Você era uma criancinha tão feia, e agora virou esse homem gostosão... — ela murmura, deitando a cabeça no meu ombro.

— Por acaso, isso era pra ser um elogio? Só vou te perdoar porque você está bêbada. - coloco meu braço ao redor do seu ombro, puxando-a para mais perto de mim.

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