André Luiz
Caralho, é só desgraça atrás de desgraça, parece que tudo na minha vida dá errado. Na realidade, parece que eu só atraio problema.Em um momento de desespero, acabei beijando a maldita da Luara, acreditando que essa seria a maneira mais fácil de me livrar da Júlia. Beijei a mulher que mais me despreza, a pessoa que provavelmente me odeia mais do que qualquer um neste mundo.
Eu estou me odiando por tê-la beijado. Não foi apenas ruim, foi o pior beijo da minha vida! Nunca imaginei que uma boca pudesse ser tão desagradável. Sua boca era amarga e desajeitada. Cada segundo me fez querer escapar, como se beijar fosse um erro que eu nunca deveria ter cometido.
Passo os dedos pelos lábios, ainda com a sensação do beijo impregnada neles. Um formigamento incômodo me faz franzir a testa. Penso nela e, porra... foi o pior beijo da minha vida!
Ainda consigo sentir o toque da sua pele macia e hidratada nos meus dedos, aquela sensação quase viciante de tão agradável. E o cheiro... aquele maldito cheiro insuportável que só ela tem! Seus seios pressionados contra meu peito... Caralho, isso foi, sem dúvida, a pior coisa que eu poderia ter feito nesse mundo!
Deslizo a mão por cima da calça, sentindo meu pau latejar na cueca. Filha da puta! Como é possível que o pior beijo da minha vida me deixou assim, tão excitado?
Passo as mãos pelo cabelo com tanta força que quase arranco alguns fios, tentando me acalmar e evitar a tentação de me masturbar. Não vou me entregar a isso pensando nessa maldita, eu simplesmente me recuso!
Ligo o ar-condicionado na temperatura mais baixa e abro alguns botões da minha camisa social, na tentativa desesperada de me acalmar. Espero que esse turbilhão de confusão e desejo passe logo.
Penso em um fusca completamente destruído, mas, mesmo assim, não funciona. Ele ainda continua ereto.
Tento imaginar uma idosa, mas a imagem não fica na minha mente. Pior ainda, ela se transforma em Luara, nua.
— Puta que pariu! — O grito escapa alto, incontrolável. No mesmo instante, ouço leves batidas na porta.
Respiro fundo, sentindo meu corpo inteiro pulsar, especialmente o meu pau dentro da cueca. Enxugo o suor da minha testa antes de falar:
— Pode entrar.
A porta se abre lentamente, revelando meu chefe entrando na sala. Levanto-me de forma rápida, desajeitado e assustado. Será que a Júlia já correu para falar merda para o pai?
— Bom dia, senhor Isaías. A que devo a honra da sua visita? — pergunto, tentando manter a compostura. Sento-me novamente ao lembrar que minha ereção pode está evidente através da calça.
Apesar dos seus 52 anos, o senhor Isaías mantém uma aparência surpreendentemente jovial. Ele pinta os seus cabelos toda semana, treina diariamente e ostenta um físico que deixa muitos jovens adultos para trás.
— Bom dia, André. — ele se acomoda na cadeira à minha frente, ajustando o terno novo com cuidado. — Vamos direto ao ponto.
Engulo em seco. Minha ereção desaparece instantaneamente com o pensamento da Luara perder o emprego... Porra de Luara! Eu é que posso acabar perdendo o meu emprego!
Assinto com a cabeça, o meu corpo todo tremendo de medo.
— Minha filha me contou sobre o que aconteceu mais cedo. — maldita vagabunda fofoqueira! — É verdade que você está namorando a sua secretária?
Não o respondo, apenas permaneço em silêncio. Na verdade, nem sei o que dizer. O medo de ver duas pessoas demitidas hoje por um erro meu, especialmente a ruiva que não tem nada a ver com isso, me paralisa.
— Não vou demitir ninguém, André. Só quero saber a verdade — diz ele, como se tivesse lido meus pensamentos.
Tenho medo de admitir e ele brigar comigo. Mas também tenho medo de negar e enfrentar a mesma reação. Minha mente está tomada por uma enorme dúvida.
— André, admita que você está namorando e prometa que vai deixar minha filha em paz. Por favor, me faça o homem mais feliz do mundo. — todos sabem o quanto Isaías é ciumento com a filha e não quer que ela namore com ninguém, pelo menos por enquanto. Ele planeja prepará-la para, em um futuro próximo, herdar os bens da empresa.
Após essa declaração, decido confirmar a história. Mesmo sendo uma mentira, faço isso apenas para garantir que Luara não perca o seu emprego.
— É verdade, senhor. Mas, por favor, não demita a Luara. A culpa é toda minha. Se alguém tiver que ser demitido, que seja eu. — assim que terminei de falar, um sorriso se abriu em seu rosto.
— André, você não faz ideia de quanto me deixa feliz neste momento. Só não te abraço para não amassar o meu terno. — ele ri com aquela risada típica de gente rica, e eu o acompanho, embora de forma desconfortável. — Vou te dar um aumento!
— Um aumento? Por que? — pergunto, completamente confuso.
— Porque você merece! — nunca vi esse homem tão feliz em todos os anos em que trabalho aqui.
— Não, eu não preciso de aumento. Dê o aumento para Luara, ela precisa mais do que eu.
— Que bonitinho, você querendo ajudar a namorada — ele diz, sorrindo ainda mais. — Os dois vão ganhar um aumento!
— Muito obrigado, senhor Isaías. De verdade, nem sei como agradecer. — passo a mão pelos cabelos, nervoso. No fundo, só estou agradecendo por ele manter meu emprego e o de Luara.
— Eu que agradeço por ter se afastado da minha filha, por deixar minha menininha em paz. — ele se levanta, alisando o terno. — Enfim, preciso ir, ainda tenho muitas coisas para resolver. — levanto-me também.
— Obrigado, mais uma vez. — ele acena com a cabeça e se dirige à porta.
— Quero ver você no evento da empresa, hein! E leve sua namorada também, os dois bem juntinhos. — ele diz isso e sai, deixando-me sozinho com pensamentos suicidas na cabeça.
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Amor Livre
RomanceLuara está à beira do caos. Desempregada e sem perspectiva, sua vida desmorona a cada dia. André Luiz, por outro lado, navega tranquilamente por uma vida confortável, onde o compromisso é apenas uma palavra distante. Apesar de se conhecerem desde se...