Cap.7

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Luara

— Tá aberta! - escutei o grito da minha amiga do outro lado da porta, foi mais uma tentativa de grito.

Analu acordou hoje nesse estado terrível, quase morrendo com uma virose do cão, com muita tosse, gripe, febre e dor de cabeça. Ela me mandou uma mensagem dizendo que estava se sentindo meio indisposta e eu vim o mais rápido possível para ajudar a minha melhor amiga.

Entrei no seu apartamento e dei de cara com uma Analu xoxa e capenga, totalmente diferente do que ela é no dia a dia. Minha amiga estava deitada no sofá enrolada com várias lençóis o corpo inteiro enquanto passava algum filme ou série na televisão, a mesma me olhou com uma carinha de cansada.

— Oi, minha vida. Vim te salvar do monstro da virose - ela tentou sorrir. Mesmo com uma sensação térmica de cinquenta graus, ela se tremia inteira debaixo daqueles lençóis e cobertores. — Tem certeza que não quer ir no hospital?

— Não, prefiro ficar aqui - ela subiu mais os panos, levando-os até a altura do queixo.

— Tem certeza? Ariel tá de plantão hoje, posso tentar falar com ela - falei já colocando a mão no bolso para pegar o celular.

— Não, não incomoda ela.

— Quer que eu faça uma sopinha? Não sei cozinhar tão bem como você, mas posso tentar - não quis discutir com ela, tiver medo que o estresse piorasse a sua doença.

A casa estava tão abafada que estava parecendo uma sauna, não tinha uma corrente de ar circulado ali dentro. Corri para a janela mais próxima e abri-la.

— Quero sim, mas só se for de feijão - concordei com a cabeça, depois de abrir todas as janelas da casa, fui em direção da cozinha preparar a sopa. Mesmo doente, ela tinha limpado tanto aquela cozinha que chega estava brilhando. Abri a sua geladeira e procurei o feijão congelado em todo lugar no meio de tantas coisas deliciosas.

— O feijão já tá pronto? - perguntei enquanto procurava.

— Sim, tem feijão preto na parte... - ela não conseguiu terminar por conta de um ataque de tosse. Corri até ela, preocupada.

— Tem certeza que não quer ir para o hospital? - coloquei a mão sobre a sua testa e senti como se tivesse colocado a minha mão na brasa. — Caralho Analu, tu tá se queimando de febre. Você vai para o  hospital agora!

   — Não, eu não vou! Eu tô bem, vai passar - não acreditei nada nessa resposta.

   — Tome um banho de água gelada, pelo menos. Isso vai ajudar - puxei os trezentos cobertores e lençóis que cobriam o seu corpo.

   — Não faz isso, eu vou acabar congelando - tentou puxar os lençóis, mas eu não deixei.

   — Vamos, vamos. Não vou deixar ninguém morrer de tanta febre, já para o banho! - ajudei-la a se levantar, escutando várias reclamações.

   — Você tá parecendo a minha mãe.

   — Não vou deixar a minha melhor amiga morrer. Vai para o hospital ou para o chuveiro, você que sabe! - ela me olhou feio. — Até parece que eu tô conversando com o cascão — soltei uma risada alta e recebi outra olhada feia.

   Acompanhei a mesma até o banheiro para me certificar que ela realmente iria tomar banho frio e não iria fugir. Voltei para a minha obrigação na cozinha e tentei procurar todos os ingredientes, porém não achava nenhum deles no meio daquela arrumação toda. Por incrível que pareça, aquela arrumação estava atrapalhando a minha vida.

Quando eu já tinha desistido de ser cozinheira por um dia e estava procurando algum restaurante que vendesse sopa de feijão no ifood, a campainha do apartamento toca.

— Oi, Luara. Tudo bem? - Falou o Samuel quando eu abri.

O Samuel era o melhor amigo da Analu, eles se conheciam desde do maternal e tem até um restaurante juntos. Ele segurava um buquê tropical em uma das mãos e duas sacolas na outra, uma sacola da farmácia e outra desconhecida. Achei aquele ato tão fofo que até esqueci de respondê-lo.

— Pegou a doença da Analu também?

  — Não, só fiquei impressionada com você sendo fofo, chato - deixei que ele entrasse, o mesmo se sentou no sofá como um adolescente esperando a namorada para o primeiro encontro.

   — Eu só sou fofo com gente que realmente eu goste - mostrei a minha língua para ele.

   Analu não demorou para chegar na sala. Ela tinha trocado de pijama e se tremia da cabeça aos pés, senti tanta pena.

   — Oi, minha linda. Como você tá? - Samuel falou enquanto se levantava.

   — Tô bem - ela falou no meio da tremedeira. O menino em pé na sua frente a abraçou forte, como se estivesse tentando passar a dor dela para ele. Achei tão fofo.

   — Trouxe todos os remédios que você precisa e isso - ele entregou o lindo buquê para ela, vi os olhos da minha amiga brilharem de emoção.

  — Não precisava disso tudo, Samuel.

  — Precisava sim, faço tudo pela a minha melhor amiga - os dois sorriram um para o outro da forma mais linda do mundo. — Ah, eu trouxe o nosso jantar também. O nosso e da Luara, essa chata sempre tá atrapalhando tudo - nós dois mostramos língua um
para o outro.

    — Amo tanto vocês! Obrigada por cuidarem tão bem de mim!

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