Cap.17

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Luara

Entro em casa quase sem fôlego, cercada por perguntas e dúvidas que não me deixam minha mente em paz. Uma euforia descontrolada pulsa em minhas veias, enquanto tento processar tudo o que aconteceu rodeando a minha mente.

Já se passaram algumas boas semanas desde aquele incidente horrível, e estou fazendo de tudo para evitar o André. Acho que nos vimos no máximo duas ou três vezes depois daquilo. Fora esses encontros inevitáveis, nossa comunicação se resume a e-mails, e mesmo assim, ele me responde quando é somente algo realmente importante ou urgente.

Sei que os boatos e fofocas sobre meu suposto namoro com o André já estão se espalhando pela empresa. Eu sabia que isso ia acontecer, mas não achei que seria tão rápido. Imaginei que demoraria um pouco mais para começar.

Semana passada, as duas secretárias da portaria vieram me procurar só para perguntar isso. Elas largaram a portaria sozinha só para vir perguntar se o boato era verdade ou não. Gente que não tem o que fazer, na verdade, até tem, mas prefere largar tudo para cuidar da vida dos outros.

Jogo minha bolsa com força no sofá e caio sentada ao lado dela, tremendo da cabeça aos pés. Hoje fui ao banco sacar meu primeiro salário, mas o que me esperava era uma surpresa enorme. Eu tinha certeza de que receberia apenas um salário mínimo, mas quase desmaiei ao ver quatro vezes esse valor na minha conta. Minha pressão despencou no instante em que meus olhos encontraram tanto dinheiro.

Estou apavorada só de pensar que podem acreditar que estou envolvida em algo criminoso, como uma quadrilha ou lavagem de dinheiro. E se me prenderem? Não consigo nem imaginar. Sou jovem demais para ver o sol nascer quadrado.

Como tanto dinheiro pode simplesmente aparecer do nada? Não pode ser um aumento, muito menos meu salário. Nenhuma simples secretária ganha uma quantia dessas. Tenho certeza de que vou ser presa a qualquer momento.

Com as mãos trêmulas, agarro o celular e disco o número do André, o coração acelerado e a sensação de que vou desmaiar a qualquer instante. Situações extremas exigem medidas drásticas.

O som repetido da chamada só aumenta minha ansiedade, fazendo meu pé bater compulsivamente no chão. Uma, duas, três vezes o toque ecoa, até que, finalmente, ele atende. Um breve alivio começa a se espalhar pelo meu peito.

— Alô? André? — minha voz sai trêmula enquanto começo a roer as unhas, os nervos à flor da pele, consumindo cada pedaço de mim.

— Oi? — sua voz soa entediada e exausta, como se minha presença fosse um incômodo insuportável para ele.

— Eu queria tirar uma dúvida com você. Aconteceu algo hoje e... — sou interrompida por um gemido alto do outro lado da linha. Não acredito! Ele atendeu minha ligação no meio de uma transa!

Cachorro Nojento!

— André? Estou... interrompendo alguma coisa? — pergunto, na esperança desesperada de que aquele som fosse apenas uma ilusão da minha mente.

Do outro lado da linha, ouço um 'shiu' abafado, seguido por uma risada feminina. O silêncio que se segue pesa no ar, nos envolvendo por alguns segundos intermináveis.

Eu não estou lá, mas o desconforto me invade como se estivesse. Só de imaginar aquele pau pequeno e broxa, sinto uma onda de náusea subir, quase me fazendo vomitar.

— Oi, estou ouvindo. Pode falar. — ele disse após vários minutos em silêncio, sua voz está acelerada e cansada.

— Então, apareceu um valor muito maior que o meu salário na minha conta, acho que foi engano... — sou bruscamente interrompida por outro gemido, só que desta vez ele também está gemendo junto com a garota. Ela geme tão alto que quase me deixou surda.

Como é possível que até um cara como aquele consiga transar? E como essa garota parece estar gostando? Ele sempre me pareceu péssimo na cama.

Como é que até ele consegue transar, enquanto eu estou aqui, na seca há tantos anos?

— É um aumento. — ele diz, e logo depois ouço o som nítido dos corpos se chocando, repetidamente. A garota geme ainda mais alto, e ele desliga na minha cara.

Estou ainda mais atordoada, mas agora o motivo não é o salário. É o que acabei de presenciar que me deixa completamente desnorteada.

Sinto um calor subir lá embaixo só de imaginar o prazer que essa garota deve estar sentindo. Meu Deus, como eu queria estar transando agora. Como eu queria gozar intensamente e depois dormir tranquila... mas, claro, com outro cara, não o André.

Decido deixar essa vida monótona para trás e sair para viver de verdade! De forma irônica, a transa do André acabou me inspirando.

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