Capítulo 18 - Fernando

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Fiquei imaginando se é assim que uma família normal se sente. Os pais e os filhos em perfeita harmonia. Marina parece ser a peça que faltava na minha vida. Eu não quero que ela seja mãe das minhas filhas, mas eu sei o quanto a presença dela pode influenciar positivamente as meninas. Eu vi a maneira que Talita a olhava e tocava, a necessidade de ter uma mulher para fazer aquilo que a mãe nunca fez. Já a Jéssica tinha alguém por perto que não era eu, e isso a deixou mais relaxada. Às vezes é complicado conversar com uma garota adolescente quando você nunca passou pelas coisas que ela está passando.

Voltamos do passeio e estávamos todos esgotados do calor e da caminhada. As meninas foram cada uma para seu quarto para tomar banho e descansar e eu levei Marina para o meu.

– Não é muito estranho ficarmos aqui no seu quarto em plena luz do dia? – Ela perguntou.

– Não estamos fazendo nada demais. Só quero tomar um banho e me esticar na minha cama. O que você acha?

– Eu trouxe algo parecido com um pijama.

– Hoje podemos ficar à vontade.

– Se é assim então está bem. Eu vou para o banho primeiro. – Ela pegou a bolsa e foi para o banheiro.

Me sentei na minha poltrona ao lado da janela e olhei para o teto. Eu estava tão feliz que parecia ser um sonho.

Quando Marina saiu do banho vestindo uma combinação parecida com um pijama eu estendi minha mão e a puxei para perto. Ela ficou entre as minhas pernas e eu abracei sua cintura e inalei o perfume dela. Senti seus dedos tocarem meus cabelos. Uma massagem suave em um ritmo tranquilizante. Inspirei me sentindo em paz.

– É muito estranho eu estar me sentindo tão bem com tudo isso? – Ela perguntou parecendo pensativa.

– Eu estava pensando exatamente a mesma coisa.

Levantei a cabeça para olhar seu rosto e ela sorriu para mim.

– Eu estou perdido.

– Por quê?

– Porque eu estou te amando.

– Estava pensando exatamente a mesma coisa. – Ela tocou meu rosto. – Então vá para o seu banho e vamos ficar enroscados antes que as meninas queiram matar a curiosidade sobre o que nós estamos fazendo.

Sorri e fui para o banho.

Ficamos deitados na minha cama, conversando sobre tudo. O dia estava dando lugar à noite e alguém bateu em nossa porta.

– Pode entrar. – Falei.

– Com licença. – Talita falou já entrando no quarto e se aproximando da minha cama. – A gente vai comer o quê?

– O que vocês querem comer?

– Ah, pode ser pizza, mas como a tia Marina é a visita ela pode escolher.

Marina fingiu pensar e respondeu:

– Pode ser pizza.

– Perfeito! – Talita foi até a porta e gritou: – Jéssica, pode pedir pizza. – Então olhou para nós dois ainda deitados e perguntou: – Posso me deitar aí com vocês?

Abrimos espaço no centro da cama e ela se esparramou entre nós.

– O que vocês estavam fazendo? – Ela perguntou.

– Estávamos descansando. – Respondi.

– Eu tomei banho e dormi.

– Nós também quase dormimos.

– Tia Marina, eu gostei muito do nosso dia.

Marina acariciou o rosto da minha filha e disse:

– Também adorei o nosso dia, Talita.

Minha filha se enroscou em Marina e suspirou profundamente.

Jéssica abriu a porta e olhou para nós três na cama. Percebi em seus olhos a vontade de se juntar a nós, mas sua idade não permitiria isso, e antes que eu comentasse algo, Marian falou:

– Vem, vamos nos enroscar até a comida chegar.

Jéssica abriu um sorriso enorme e se enfiou entre nós. Eu pensei que o meu coração fosse explodir com tanto amor. Quando tocaram a campainha com a pizza, as minhas filhas pularam da cama e saíram correndo como duas desesperadas. Me virei e olhei para Marina que sorria para mim.

– Se elas quisessem dormir com a gente essa noite, eu não seria capaz de me opor. – Ela falou e foi a minha vez de me enroscar em Marina e beijá-la.

– Você existe mesmo, Marina?

– Eu estou aqui.

– Sim, e eu quero que fique.

– Eu quero ficar.

Amando NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora