Capítulo 20 - Fernando

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Ao mesmo tempo em que fiquei feliz, fiquei triste ao ver como as meninas ficaram ao se despedirem da Marina. Percebi que as duas não queriam que ela fosse embora, eu também não gostaria, mas as coisas aconteceram tão depressa entre nós, e nós nos vimos completamente envolvidos.

– Obrigada pelo fim de semana maravilhoso. As meninas são muito especiais. – Marina falou quando estacionei em frente ao seu prédio.

– Nós adoramos ficar com você.

– É surreal como tudo aconteceu tão rápido e mesmo assim eu não estou assustada.

– Também não estou assustado, estou feliz.

– Eu também.

– Sabia que o assunto dos próximos dias será você.

– Imagino. Te encontro amanhã no café?

– Claro. Mas eu te ligo antes de dormir.

Marina me beijou e eu inspirei profundamente para absorver tudo dela em mim.

– A tia Marina é muito legal, eu gostei que ela é sua namorada. – Talita falou com um sorriso enorme quando cheguei em casa.

– Ela é sim.

– Sem contar que ela agora é a nossa super heroína depois de salvar a Talita. – Jéssica completou.

Todos já estávamos cada um no seu quarto quando alguém bateu em minha porta e entrou.

– Oi, podemos falar? – Jéssica perguntou.

– Claro, entre.

Ela entrou e se sentou na minha cama.

– O que foi? Você parece muito pensativa.

– Eu fiquei pensando no senhor e na Marina. Fazia muito tempo que a gente não tinha um fim de semana tão bom. Ela é uma pessoa muito especial. Sem contar que ela te faz sorrir e isso me deixa muito feliz.

– Obrigado por se preocupar comigo, filha.

– A Marina e eu conversamos um pouco lá no zoológico, ela disse que eu não devo puxar tanta responsabilidade para mim, que eu devo viver como uma menina da minha idade.

– E ela está certa.

– Eu sei disso, e eu me sinto mais segura agora que o senhor tem a ela. Também sei que é cedo demais para a gente comemorar, mas acho que algo como o que aconteceu entre a gente não acontece por acaso. Acho mesmo que a Marina é a pessoa certa para o senhor. Nem mesmo com a mamãe o senhor pareceu tão feliz.

E eu comecei a lembrar dos meus momentos com a Gabriele. Nós nos conhecemos muito jovens e convivemos por mais de quinze anos antes de nos separarmos. Antes dela eu só tive duas outras mulheres e quando a gente se divorciou eu jamais imaginei que fosse me apaixonar novamente. E então aconteceu a Marina que entrou na minha vida feito um furacão. Foram sentimentos diferentes. Com a Marina eu sou eu mesmo, é um relacionamento maduro, não há tanta exigência de nenhuma parte, sem contar que temos histórias em comum.

Com a Gabriele as coisas foram esfriando gradativamente. Ela começou a se ausentar e viajar demais, depois veio a indiferença comigo e depois com as meninas. Comigo eu até suportei, mas com as meninas foi inadmissível e então ela jogou a bomba que não queria ficar com a guarda das crianças. Lembro de como foi dar a notícia para uma menina de onze anos e outra de cinco. Talita chorava porque não entendia os motivos da mãe ter que sair de casa, já Jéssicaa ficou séria escondendo de mim seus verdadeiros sentimentos. Ela nunca falou nada sobre o que sentiu naquela época, a minha menina simplesmente amadureceu de uma maneira que me faz sentir culpado.

Saber que a Marina deu aquele conselho para a minha filha me fez admirá-la ainda mais, pois é algo que eu tento falar para a Jéssica, mas ela insiste em não me ouvir.

– Será que vocês algum dia vão se casar? – Ela perguntou me encarando.

– Eu não sei, meu amor. Só estamos juntos há uma semana. Estou me questionando se foi certo trazê-la tão cedo.

– Se ela não estivesse aqui talvez a Talita tivesse se machucado.

Jéssica não conseguia esquecer o que aconteceu com a Talita e isso me deixou curioso, mas não era algo que eu quisesse mexer tão cedo, pois eu percebi que isso mexeu muito com ela.

– Eu gostaria que tudo desse certo. A Talita seria muito feliz tento a Marina como madrasta.

– E você? – Ela conteve o sorriso antes de responder, mas não me enganou.

– Eu também.

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