Capítulo 25 - Marina

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Pouco tempo depois que desliguei o telefone, ele tocou com um número que eu não conheço. Mesmo já passando das onze eu atendi.

– Alô?

– Marina?

– Sim, quem fala?

– É a Gabriele, mãe da Jéssica e da Talita.

Meu coração bateu acelerado.

– Oi, Gabriele. Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

– Está tudo bem, mas aconteceu algo que eu não gostei muito. Hoje eu falei com as minhas filhas e a Jéssica está relutante em me encontrar. Eu não sei o que aconteceu, mas ela deixou muito claro que prefere ficar com o pai dela e com você. Olha, eu não quero criar nenhum mal estar entre você e o Fernando, mas eu não gosto nada de ter a minha filha se afastando de mim por sua causa.

– Espera aí, por que você está dizendo que é por minha causa?

– Bom, a Jéssica não para de falar em você, parece que ficar comigo é o mesmo que te trair. Eu imagino que não é isso o que está acontecendo, mas muito se parece com alienação parental.

Minha garganta ficou seca e as minhas mãos começaram a tremer. Essa é uma acusação muito grave. Como essa mulher pode sequer cogitar algo do tipo.

– Olha, Gabriele, eu jamais faria algo do tipo. Eu amo as meninas, mas a mãe delas é você.

– Exatamente, a mãe delas sou eu. E eu espero que você não deixe que a minha filha se esqueça disso.

– Pode ficar tranquila, Gabriele.

– Ótimo. Boa noite, Marina.

– Boa noite.

E nós desligamos.

Se eu disser que essa ligação não me partiu ao meio, eu estarei mentindo. Doeu em cada célula do meu corpo e eu me vi sem saber o que fazer. Mal consegui dormir, mas minha mente pediu que eu aproveitasse esse evento para respirar e deixar o Fernando e as meninas respirarem.

Quando nos encontramos no café, Fernando não conteve o bico quando me viu com uma mala de mão.

– Então você resolveu ir?

– Sim. Assim você pode aproveitar o tempo coma Jéssica.

– Ela gostaria que você estivesse conosco, Marina.

– Vai ser bom para vocês dois passarem esses dias juntos.

– Aconteceu alguma coisa, amor? Você está chateada por que eu não vou?

– Não. Está tudo bem.

Que tremenda mentira, a minha vontade era chorar e contar que a Gabriele me ligou e que me acusou de algo que eu jamais faria.

O ônibus fretado pela empresa buscou o pessoal do escritório logo após o almoço. Fernando passou na minha sala para me dar um beijo de despedida e eu me segurei para não chorar.

– Obrigada por me trazer nessa convenção, eu ia morrer de tédio. O que foi? Por que você está com essa carinha? – Élida perguntou ao perceber meu humor.

– Nada.

– Está assim por que o seu amor não veio?

– Ah, Élida, ontem a mãe das meninas me ligou e me acusou de afastar as meninas dela.

– Como assim? O que deu nessa vaca?

– A Jéssica, a filha mais velha dele, está se recusando a encontrar a mãe. Já é a segunda vez que ela não vai passar o fim de semana com a mãe. A maluca disse que a Jéssica não está indo vê-la por achar que se fizer isso estará de alguma forma me traindo.

– Você não tem ciúmes da ex? Nadinha?

– Olha, ela é bonita, sabe. Loira, alta, mas eu sei que o Fernando me ama, eu sinto isso, por isso eu não me incomodo, mas eu amo as meninas e não quero causar qualquer problema.

– E você não está causando. Mas você devia ter contado isso para o Fernando. Ele não pode achar que você simplesmente entrou no ônibus e foda-se ele.

– Eu queria ter ficado, de verdade. Eu nem gosto desse tipo de evento.

– Ah, eu vim só para sair um pouco de casa. Aquele lugar anda cheio demais. O amigo do meu namorado está morando com a gente e esse final de semana vai vir mais um pessoal do Sul para passear.

– Nossa, imagino a bagunça.

– Esse evento veio no dia certo. – Ela riu e voltou a falar. – Mas é sério, Marina, quando você esfriar a cabeça, ligue para o Fernando e diga a verdade.

– Eu farei isso, amiga. Obrigada por me ouvir.

Amando NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora