Fiquei com o celular na mão esperando uma chamada da Marina. Os segundos não passavam e o meu peito estava apertado. Ela estava muito triste quando passei em sua sala para me despedir. Eu senti que ela não queria ir nessa convenção, mas alguma coisa aconteceu para ela resolver ir sem mim.
– Me desculpa, pai. – Jéssica disse ao se sentar ao meu lado no sofá.
– Por que está pedindo desculpas, filha?
– O senhor não foi com a Marina por minha culpa. Agora está aqui triste e olhando para o seu telefone.
O telefone vibrou e eu saltei de alegria, mas era a Talita.
– Oi, pequena.
– Oi, papai. Tudo bem?
– Tudo, meu amor e você? Já está pronta para dormir?
– Sim. A mamãe desceu para falar com uma amiga dela e eu aproveitei para te ligar.
– Que bom, eu estou com saudades.
– Eu também. – Ela parou por alguns instantes e continuou. – Papai, eu ouvi a minha mãe contar para a amiga dela que ele ligou para a tia Marina.
– Como a sua mãe ligou para a Marina.
– Eu não lembrava, mas ela me pediu o telefone da tia Marina esses dias e eu passei.
– Você sabe o que ela conversou com a Marina?
– Ela falou que ligou ontem de noite para a tia Marina e falou para ela que ela, Gabriele, é nossa mãe. Ela falou também que a tia Marina ficou toda sem graça.
– Ela disse isso na sua frente?
– Não, eu fiquei escondida ouvindo a minha mãe conversar com uma amiga feia dela. A minha mãe está muito brava com a Jéssica.
– É mesmo?
– Sim, ela até falou palavrão quando falou da Jéssica.
E com isso eu quase sufoquei de raiva.
– Obrigado por me contar, filhinha.
– Papai, não deixa a tia Marina ficar triste por causa da minha mãe.
– Eu não vou deixar.
– Tá bom. Um beijo. Eu vou dormir.
– Um beijo, meu anjo.
Jéssica que estava com o ouvido colado no telefone ouviu boa parte do que a irmã me contou.
– Então a Marina está triste por minha causa. – Jéssica falou com os olhos cheios de lágrimas. – Ela não pode ir embora por isso, pai. Ela não pode te deixar por causa disso.
Eu abracei Jéssica e senti o coração partir.
– A Marina não vai me deixar, filha. Fica tranquila, está bem?
– Tá bom, pai.
Eu não sei que danos essa ligação causou no meu relacionamento com a Marina, mas eu não vou deixar a Gabriele atrapalhar a minha vida.
– Que tal amanhã bem cedo nós sairmos para buscar a Marina naquela droga de resort? – Perguntei para Jéssica e ela concordou abrindo um sorriso.
Liguei para dar boa noite para a Marina, mas o lugar estava muito barulhento.
– Está muito barulhento. – Falei.
– É que o jantar está sendo servido no salão de festas. Tem a droga de um DJ.
– Está se divertindo?
– Nossa, infinitamente. – Ela falou com desanimo e eu ri.
– Quais são os planos para amanhã?
– Vai ter uma palestra às dez. Ao meio dia será o almoço e depois vamos para as gincanas.
– Que excitante.
– Demais.
– Sinto sua falta.
– Também sinto.
– Te amo.
– Também.
Jéssica me acordou às sete, disse que precisávamos comprar flores para a Marina. Ela estava mais preocupada do que eu.
– Ah, não, pai. Se nós vamos invadir a festa, o senhor tem que estar perfeito.
Olhei para a minha roupa e não vi nada de errado.
– O senhor parece um solteirão de meia idade.
– Eu estou moderno, olha essa calça jeans.
– Credo. – Ela fez uma careta e praticamente entrou no meu guarda-roupas.
Jéssica me produziu e só não me fez uma maquiagem porque eu fiquei muito bravo. Compramos as flores, ela me obrigou a comprar um ursinho também e seguimos para o Resort.
Foram quase três horas de viagem.
– Vamos chegar na hora do almoço. Está preparado para fazer uma cena? – Jéssica perguntou toda animada.
– Eu não vou fazer cena nenhuma, vamos encontrar a Marina. Trazê-la até o carro, depois vamos entregar os presentes e convencê-la a voltar com a gente.
– Credo, pai, que resgate mais sem emoção.
– Temos que ser discretos, Jéssica. Não se esqueça que é um evento da empresa.
– O senhor já é quase sócio.
– Mas ainda não sou.
– Que bobagem. – Ela resmungou me fazendo rir.
Mostrei meu crachá na recepção do resort e me encaminharam para o salão onde estava sendo servido o almoço. Jéssica segurou minha mão e procuramos por Marina. Eu a vi e o meu coração acelerou de alegria. Ela estava tão linda sentada com o queixo apoiado na mão enquanto ouvia atentamente o que a assistente dela falava. Vi que o Iago estava na mesa com elas. Para se exibir ele estava com uma camiseta apertada e eu senti vontade de jogá-lo para longe dela. Minha Marina estava com os cabelos castanhos soltos. Seus olhos escuros brilharam quando ela gargalhou.
– Ela parece animada. – Jéssica resmungou.
– É uma convenção, filha, não um velório.
– Vamos logo pai.
– Calma, deixa eu dar mais uma olhada nela.
Marina vestia um traje esportivo rosa e eu quis apertá-la em meus braços.
Nos aproximamos e algumas pessoas nos cumprimentavam com acenos e sorrisos. Assim que ela nos viu, percebi o choque.
– Boa tarde. – Cumprimentei a todos.
– Olha quem chegou. Agora temos mais um integrante no time masculino. – Iago falou cheio de animação.
– O meu pai não veio jogar, ele veio fazer outra coisa. – Jéssica falou e olhou para Marina, que nos encarava boquiaberta.
– Vocês vieram. – Ela falou.
– Senti a sua falta, tia Marina. – Jéssica falou e passou o braço pelo ombro da minha namorada.
– É mesmo? – Marina olhou para a minha filha com amor.
– Sim.
As duas deram um abraço apertado e ninguém entendeu o que estava acontecendo, exceto Élida que tinha um sorriso de orelha a orelha.
– Você pode vir com a gente? – Minha filha perguntou para Marina, que concordou, se levantou e saiu do salão conosco.
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Amando Novamente
RomanceFernando é pai de duas meninas. Após o divórcio ele se fechou para o mundo, até que em um momento de lucidez ele resolve procurar um novo relacionamento em um aplicativo de namoro. Por ironia do destino ele encontra Marina. Marina esteve a poucos m...