Prólogo

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Não sou muito boa com apresentações e descrições pessoais. Na verdade, nunca gostei de falar sobre mim mesma. Para ninguém. Sempre fui reservada e fechada demais para isso. Mas, como tudo na vida tinha uma exceção, essa era a minha. Então, vamos lá!

Meu chamo Alison Campbell Williams, mas, na maioria das vezes, prefiro que se refiram a mim apenas como Ali. Tenho 18 anos, prestes a completar 19, dentro de poucos meses. Sou natural da cidade de Hesperia, Califórnia, onde vivo até hoje com os meus pais, em uma casa simples de um bairro tranquilo e agradável. E por último, mas não menos importante, é claro... Sou estudante de Direito.

Nada de muito emocionante.

Minha vida, no geral, era comum e normal. Assim como a de todas as outras garotas da minha idade e da mesma classe social, exceto por alguns detalhes bem pequenos...

Eu tive o privilégio de nascer e crescer em uma família estável, unida e feliz. Minha mãe e meu pai eram as pessoas mais incríveis do mundo, para mim. Sempre tão simples, amáveis e preocupados. Não puderam me dar tudo o que eu quis, mas também nunca me deixaram faltar nada. Mesmo com todas as dificuldades no caminho, conseguiram fazer um ótimo trabalho na minha criação. E eu os admirava demais por isso. Eles eram tudo o que eu tinha de mais precioso na vida, meu orgulho, minhas maiores inspirações.

Como sempre tivemos uma situação financeira estável, eu nunca precisei me preocupar com nada, além dos estudos. E eu estudava pra caramba. Não só porque aquela era a única coisa que meus pais exigiam de mim, mas também porque eu adorava. E isso me rendeu muitas coisas boas no decorrer do caminho, como notas altas e uma bolsa de estudos integral em uma das melhores univerdades do estado.

Minha rotina se resumia a acordar cedo, ir para faculdade, passar um tempo estudando na biblioteca, voltar para casa, revisar as matérias do dia, me distrair com redes sociais, filmes e séries, e depois dormir. Só para seguir o mesmo cronograma de novo na manhã seguinte.

Mas tudo aquilo havia mudado.

Agora eu quase não tinha tempo nem para respirar direito.

Depois de completar dois períodos do meu curso, mamãe descobriu que estava grávida. O que era uma coisa maravilhosa. Afinal, eu teria um irmão ou uma irmã para mimar e estragar. Mas não posso fingir que as coisas não começaram a ficar extremamente complicadas a partir daí, porque ficaram. E muito...

Com a gravidez, também vieram os vários problemas de saúde. A gestação era de risco total. Tanto para mamãe, quanto para o bebê. Ela precisava ficar em repouso absoluto. E por isso, foi obrigada a se afastar do emprego, até que a situação de revertesse.

E, bom... Com a mamãe impossibilitada de exercer suas atividades profissionais, todas as despesas da família e da casa caíram nas costas do papai. Aluguel, contas de água, luz, internet, comida, roupa. Tudo. E era muito difícil - na verdade, impossível - arcar com todas aquelas responsabilidades apenas com um simples salário de recepcionista de hotel.

Nem preciso dizer o quanto a nossa situação ficou crítica, não é?

Vendo meu pai não tendo condições para arcar com tudo e como ele já tinha alguns problemas de saúde que o impossibilitava de ser tão ativo, resolvi procurar um emprego. Aliás, não seria tão difícil achar um emprego perto da minha casa, era o que eu achava.

Depois de duas semanas distribuindo currículos por praticamente todos os lugares, eu finalmente havia conseguido um emprego. O que por um lado me deixava feliz por poder ajudar meus pais, por outro me deixava enojada.

O trabalho era num bar que ficava apenas duas quadras da minha casa, o salário não era tão alto mas juntando com o dinheiro que meu pai recebia, dava para cobrir todas as contas. Meu turno era de 18h00 até às 23h00, às vezes eu ficava até 01h00 quando tinha bastante movimento.

Eu fazia de tudo um pouco, desde garçonete até limpar os banheiros, sim, eu tinha que limpar o banheiro dos homens e ainda tinha que aguentar alguns clientes bem abusados dando em cima de mim. Mas agora vocês me perguntam, por que eu aceitei trabalhar naquele lugar?

Como eu não havia recebido nenhuma ligação de retorno dos outros lugares que havia deixado meu currículo e feitos as entrevistas, e o meu pai não estava conseguindo bancar tudo, resolvi aceitar esse emprego. Apesar de passar "o pão que o diabo amassou" naquele lugar eu estava conseguindo ajudar meus pais e era isso que me motivava a me vestir todos os dias para ir trabalhar.

Podemos dizer que minha vida era como qualquer outra, e eu gostava dela daquele jeito não havia porque mudar. Bom, era o que eu pensava até conhecê-lo.

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