JJ and Kiara//outer banks⛱

14⛱

JJ paralisou naquele momento e tirou seus olhos do meu rosto, se virando pro lado oposto meu, ficando de costas pra mim enquanto pensava.

Honestamente, eu deixei que ele tivesse seu momento antes de me atrever a falar qualquer coisa. Não queria que ele perdesse a cabeça comigo. Não sei se iria suportar mais alguém saindo da minha vida naquela situação.

Engoli seco e fiquei o observando. Ele passou as mãos no cabelo e soltou o ar, se agachando no chão e olhando pro nada. Ele passou a mão no rosto inúmeras vezes e depois abaixou a cabeça tentando se acalmar.

Deixei ele assim por alguns minutos, até tomar coragem pra me aproximar podendo sentir o medo dele também.

- quantos meses faz isso? - ele perguntou com uma voz pesada, que poucas vezes tinha escutado.

- fiz 2 meses essa semana - respondi sentindo minha garganta fechar.

- é sério mesmo? - ele perguntou ainda olhando pro nada e eu confirmei com pesar - então eu vou ter um filho?

Me abaixei do seu lado, o abraçando como forma de conforto. Ele se permitiu desmanchar no meu pescoço, me apertando como se assim todos os problemas sumissem.

- eu sinto muito JJ. Não estava nos planos de ninguém... - disse quase num sussurro. Eu também estava desmanchando.

Ele tinha cheiro de praia e de fumaça. Seus cabelos roçavam meu rosto enquanto ele ainda estava enterrado no meu pescoço.

Alisei suas costas, fechando os olhos tentando me acalmar também.

- nós dois estamos fudidos - ele disse com a voz abafada.

- nós? - me assustei e ele saiu do meu abraço com uma cara abatida - você vai assumir? - perguntei mesmo tendo medo da resposta.

- você é minha melhor amiga Kie - ele falou respirando fundo e finalmente levantou seus olhos azuis pros meus - grávida ou não, é meu dever te ajudar. E mesmo não fazendo ideia por onde começar tudo isso, vou assumir. Me desculpa por ter causado isso. Parte disso tudo é minha culpa também.

Senti meus olhos ficarem marejados. Não de felicidade, mas de alívio. Nunca me senti tão aliviada e grata por uma coisa como sentia nesse momento.

JJ estranhou e me olhou assustado.

- o que foi? - ele perguntou se aproximando mais.

- eu achei que você iria surtar e me largar sozinha nesse lugar - limpei meu rosto - obrigada, JJ. De verdade.

Ele me abraçou novamente, me deixando deitar em seu peito

- eu não iria saber lidar com tudo sozinha - disse com a voz fraca - eu estava com tanto medo...

- nós vamos dar um jeito.

Assenti num gesto e voltei a controlar minha respiração, me separando dele.

- a Sarah já sabe - falei.

- como?

- ela descobriu junto comigo e até comprou os testes pra mim - expliquei - ela tem sido um anjo comigo.

- e seus pais?

Desviei o olhar, sentindo as lágrimas voltarem.

- me expulsaram. Simples assim. - olhei pra areia - como sempre fazem quando não sabem lidar com um problema. Excluem ele rapidamente. E dessa vez, era eu.

- eu sinto muito.

- não sinta... - dispensei seus gestos gentis - vou arrumar um lugar melhor pra ficar.

- os meninos sabem?

- ainda não - neguei ainda morrendo de medo do Pope - queria falar com eles amanhã.

- o Pope...

- eu sei - o interrompi, com um certo pânico de pensar no Pope lidando com isso.

- ele vai me matar - JJ suspirou fundo e passou as mãos no cabelo bagunçado.

Resolvi não dizer nada.

- ele ainda te ama sabia? - o loiro comentou - mesmo estando com essa "Cynthia", ele vive falando de você pra nós quando saímos de barco.

- eu também o amo - JJ levantou o rosto pro meu um pouco surpreso - mas não nesse sentido. Amo como um amigo, assim como todos vocês. Vocês agora são minha família.

Ele sorriu fraco. O primeiro sorriso desde que começamos a conversar.

- vai falar pro seu pai? - perguntei pra ele, que soltou um xingamento baixo.

- ele sim vai me matar - JJ disse desesperado - vai pegar a arma dele e vai arrebentar comigo.

Toco em seu joelho, tentando o acalmar.

- nós não precisamos falar com ele por agora - sugiro.

- uma hora ou outra ele vai perceber.

- a gente foge então.

Ele sorri mais uma vez.

- com que barco? E pra onde?

- sei lá... - supiro imagiando meu futuro bem longe desse lugar - pra qualquer outro lugar que não tenham pais doidos pra acabar com a raça dos filhos. E que tenha uma praia.

- a gente pode pensar melhor nisso depois.

Sorrio pra ele, e por um momento podia jurar que seus olhos brilharam pra mim.