JJ and Kiara//outer banks⛱

37⛱

Minha mãe bateu forte a porta do meu quarto assim que me empurrou pra dentro do cômodo. Eu ainda estava irritada e ela também.

- você perdeu o juízo, kiara? 

Me controlei pra não começar a gritar com ela.

- falando daquele jeito com o policial! E ainda chamando o outro moço de maníaco? - ela cruzou os braços - tava pior que uma criança dando birra!

- o Rafe que começou - disse meio rouca - ele que nos irritou e ficou provocando o JJ. Você não enxerga que era ele que queria comprar briga? 

- não mude de assunto.

- mãe! - exclamei - os kooks sempre fazem isso! Sempre enchem a porra da nossa paciência e depois quem se dá mal somo nós.

- kiara! Olha a boca! - ela bateu no meu braço como advertência - e não fale como se você fosse uma do bando deles. Você sempre será uma kook, querendo ou não. Está no seu sangue.

Me afasto tentando juntar o resto da minha sanidade pra me controlar.

- se o JJ for preso...

- e ele vai, por que é assim que a justiça funciona - minha mãe me interrompeu mais uma vez - e eu não quero mais te ver com ele a partir de hoje. Eu e seu pai já conversamos sobre isso e não vamos aceitar que um zé ninguém suje nosso nome na polícia.

- você tá se ouvindo? - me aproximei dela com o sangue fervendo - JJ faz parte da família e eu não vou deixar que prendam ele injustamente por causa dessa briguinha de merda que o Rafe começou.

Ela segurou forte no meu braço e olhou no fundo dos meus olhos.

- ele não faz parte da família e nem vai fazer. Nossa família não tem espaço pra delinquentes - ela disse num tom sombrio e baixo o suficiente pra que eu calasse a boca - e se ele for preso, vai ser com razão. Não é atoa que ele tem o nome na lista de prioridades da polícia.

Ela me soltou com raiva, me fazendo bater na cama.

- não quero você com ele. Já demos uma chance pra vocês se mostrarem responsáveis, e veja só onde estamos!

Senti meus olhos queimarem.

- você quer mesmo saber o porquê do JJ ser tão conhecido da polícia? - perguntei e me endireitei mas ela não respondeu, bufando e revirando os olhos com tédio - sempre que um de nós se encracava com alguma coisa, era o JJ que se voluntariava pra assumir a culpa. E ele fazia isso com a consiência leve, mesmo sabendo dos riscos.

Ela parecia me ignorar, mas mesmo assim eu continuei já sentindo meus olhos encherem de água. Me aproximei dela.

- e sabe porque que ele fazia isso? - abaixei o tom, com minha voz já falhando. Minha mãe ergueu seus olhos pra mim.

- por que kiara? - ela zombou num tom de voz infantil - por que que seu herói se sacrificou tanto em nome dos amiguinhos? 

Tive que retomar um pouco do ar, fazendo de tudo pra não deixar as lágrimas caírem.

- porque ele não tinha nada a perder - falei ainda mais baixo - ele sofria das agreções do pai em casa e tinha esquemas nem tão bons assim com os traficantes daqui.

Ela ergueu uma sombrancelha fingindo estar surpresa.

- JJ nunca teve nada a perder com a polícia e não se importava de se meter mais algumas vezes com a delegacia em nosso lugar.

Fiz uma pausa percebendo que a cada palavra que eu dizia, ficava mais difícil de segurar as lágrimas.

- mas agora, mãe... - me aproximo ainda mais dela, sem medo de levar uma surra - agora ele tem uma coisa a perder. Nós dois temos.

Ela fechou a cara.

- JJ é parte da família, você querendo ou não - falei - e não vou parar até que ele saia de lá seguro.

- e vai fazer o que, kiara? - ela me provocou - você até pode ser a namorada dele, mas não é a responsável legal. Se ele não for preso, o pai dele que decide o que vai fazer com o JJ. Não cabe a você se meter nisso.

- acha mesmo que o pai dele sabe o que deve ou não fazer com o JJ? 

- isso não é da nossa conta - ela corta - não quero mais você com ele e muito menos com a polícia.

Ela se vira, indo embora.

- é melhor você gastar seu tempo pensando no que vai fazer quando seu filho nascer, já que até hoje você não fez isso.

E antes que eu pudesse rebater, ela trancou a porta me deixando sozinha. Xinguei alto sem me importar se ela tinha escutado e bati com força na parede.

- porra...

Me permiti deslizar por ela, me afogando nas lágrimas que agora rolavam soltas. Abraçei minhas pernas e soluçei até perder a noção do tempo.