JJ and Kiara//outer banks⛱

11⛱

- meu Deus, kiara! Onde você se meteu? - Sarah exclamou assim que abriu a porta, correndo os olhos de cima a baixo por mim - olha só pra você! Tá tremendo...

Ela me puxou pra dentro de sua enorme casa, passando seus braços por cima dos meus ombros.

Eu e meus pais tivemos mais uma discussão antes de me expulsarem de casa e não tinha pra onde ir. Estava com fome, com frio e com medo do que poderia me esperar no futuro.

- vim andando até aqui - disse somente, enquanto ela nos guiava pro seu quarto. Limpei meu rosto, que era marcado por trilhas de lágrimas que tinham se secado com o brisa da noite.

- você podia ter me ligado - Sarah comentou - o carro estava disponível.

- não queria abusar da boa vontade.

- kie... - ela revirou os olhos - somos amigas. É seu dever "abusar da boa vontade".

Só assenti e entramos no quarto. Sarah pegou minha mochila, que estava pesada e a guardou num canto. Me sentei na cama, ainda arrasada com meus pais.

Eu me sentia muito mal por ter feito tudo isso. Me sentia culpada.

- vou pegar uma colchão no quarto do meu irmão e já volto, tá? - Sarah disse, fechando a porta.

Deixei que meus pensamentos me atingissem, retomando todas as palavras da minha mãe sobre como eu estraguei tudo de uma hora pra outra. Também me recordei do olhar decepcionado de meu pai, que tinha gritado comigo pela primeira vez na vida.

Meu coração estava acelerado, meu cabelo bagunçado e minha pele suja de poeira.

E ainda nem tinha acabado tudo isso. Ainda teria que falar com o meninos sobre minha situação. O Pope com certeza iria surtar. Iria ficar tão decepcionado comigo por ter jogado os planos da faculdade no lixo. Já o John B, nem iria dormir direito pensando numa solução pra tudo isso como ele sempre faz quando um de nós entra numa furada.

E o JJ...

- voltei! - Sarah arrombou a porta, jogando o colchão no chão - prontinho. Lar doce lar.

Não sabia nem o que responder. Ela, percebendo o meu silêncio repentino, olhou pra mim e seu sorriso morreu.

- por que tá chorando? - ela correu até mim e se sentou do meu lado.

- eu to? - toco no meu rosto, percebendo que lágrimas já rolavam por ele.

- kie... - ela me abraçou apertado, não se importando com a sujeira.

Me deixei desabar no seu abraço e me afundei no seu pescoço, deixando rolar todas as lágrimas possíveis que eu tanto segurava.

- eles me expulsaram - falei com a voz abafada e entre soluços - eu nunca vi tanta raiva neles, Sarah... o jeito como eles gritavam comigo e me pediam pra abortar o...

- ei, ei... - ela me interrompeu, alisando meus cabelos - calma, kie... - ela sussurrou - o pior já passou. Você fez o que pôde e o que era certo a se fazer. Tá mais que ótimo.

- não tá não - neguei com a cabeça, tentando controlar meus soluços - ainda falta os meninos...

- a gente dá um jeito neles.

- não, Sarah - neguei mais uma vez - eles vão me matar. O Pope...

- esquece o Pope por um momento, tá bom?

- e o JJ... - fico quase sem ar - ele vai gritar tanto comigo. Do jeito que ele é esquentadinho, nunca mais vai querer olhar pra mim. Vai me largar nessa ilha... e fingir que nada aconteceu. Eu to muito ferrada...

- kiara! - ela me interrompeu. Me afastei dela, permitindo que ela me olhasse sério nos meus olhos - para de pensar no pior. O JJ até pode ser um cuzão as vezes, mas não vai ser tanto assim ao ponto de te largar grávida. Confia em mim.

- mas...

- e se ele largar, eu juro que compro a primeira passagem e vou atrás dele. E quando eu encontrar aquele filho da puta, vou arrebentar tanto com a cara dele, que o JJ vai ficar até irreconhecível - ela disse com um brilho de satisfação nos olhos - e depois... eu volto pra cá, e nós duas criamos essa criança. Junto com o John B e com o Pope. Olha só que família da porra essa criança vai ter!

Reviro os olhos.

- Sarah...

- é sério, kie - ela exclamou - lembra do que eu te falei?

Fico em silêncio.

- nós estamos juntas nessa. É uma promessa - ela fala séria - e eu nunca quebro promessas. Levo elas muito a sério.

Sorrio fraco pra ela.

- como que eu pude te odiar tanto? - me perguntei e ela riu.

- vem, vamos dormir.