Vários dias se passaram e eu continuava afastada dos meus amigos.
Minha relação com meus pais se tornava cada vez mais fria e sempre resultava em mais brigas e em mais castigos, que me privavam de qualquer coisa que não fosse o hospital ou o restaurante.
- vá atender os clientes - meu pai surgiu na cozinha do restaurante enquanto eu organizava os talheres - deixa isso comigo agora.
Assenti e larguei o pano de prato no fogão, ajeitando minha blusa, que ficava cada vez mais justa. Uma hora ou outra eu teria que comprar roupas mais largas pra mim. Nem sequer isso eu tinha parado pra planejar. Eu nem vazia ideia de como e onde iria criar meu filho, mas não seria sob o mesmo teto que meus pais. Essa criança merece receber amor em vez de ódio.
- pois não? - cheguei até o balcão, vestindo meu avental.
- queria pedir um misto.
Mas assim que reconheci a voz, ergui meus olhos e encontrei Nina sorrindo esperta pra mim. Meus pais não faziam a mínima ideia de que ela fazia parte do grupo e talvez por isso não barraram sua chegada.
Sorri de volta e não me importei de abraçá-la na frente de todos. Agradeci por minha mãe estar em casa e meu pai na cozinha.
- ai meu Deus... - suspirei e saí de seus braços, olhando pra cada centímetro do seu rosto com necessidade - você é mesmo real?
Ela riu e deu de ombros.
- alguém tinha que ver como você estava - a garota disse tranquila.
- eu sinto muito por não conseguir ficar com...
- relaxa, você não tem culpa de nada - ela interrompeu - o pessoal não vê a hora de te encontrar de novo. Sarah tá quase perdendo a cabeça.
- me sinto péssima por tudo isso, Nina. De verdade.
Ela toca no meu braço.
- não vai durar pra sempre. Uma hora ou outra eles vão ter que te liberar de casa.
- ah, duvido muito - resmunguei - o JJ tá bem? Tá com o pai ainda?
Nina desvia o olhar, numa tentativa de não me deixar mais preocupada. Reviro os olhos já prevendo a resposta.
- é claro que ele tá com o pai... - cruzei os braços sentindo uma angústia crescer em mim.
- ele tá dando um jeito nisso também - a garota tentou soar positiva - tá planejando fugir pra casa abandonada do meu pai.
Fiquei em silêncio. JJ sempre planejava, mas eram raras as vezes que ele de fato cumpria algo.
- e ele quer te ver, Kie. Não para de falar de você.
- como?
- parece que ele tentou ir pra sua casa umas quatro vezes já, mas ninguém atendeu. E no restaurante, seu pai o expulsou inúmeras vezes.
Senti minha garganta fechar e um peso se acumular em meus ossos. Mesmo não sendo minha culpa, me senti parte daquilo de alguma forma.
- por que vocês não se encontram hoje a noite?
- hoje não dá. Tenho uma consulta daqui a pouco...
Ela suspirou.
- mas... - começo com uma ideia na cabeça - amanhã a tarde. Depois que eu sair do restaurante, talvez dê. Meus pais vão sair pro mercado por algumas horas, me deixando livre.
- isso é ótimo - ela exclamou - vou avisar pra ele então.
- fala que eu vou estar esperando atrás do restaurante no final da tarde. Vou fazer de tudo pra conseguir.
Ela assentiu, mas antes que eu pudesse agradecer a ela, meu pai surgiu e olhou de relançe pra nós duas.
- na verdade, prefiro aquele bolo ali - Nina disfarçou, apontando pra bandeija atrás de mim.
- só isso? - entrei na onda dela.
- e um suco também.
Meu pai passou por nós e saiu pra uma outra área.
- amanhã então, certo?
Confirmei pra garota, e antes que ela fosse embora, a impedi.
- obrigada.
Ela sorriu e piscou pra mim.
- disponha.
***
Meu coração estava um pouco acelerado e eu não parava de mordiscar meus lábios por conta da ansiedade. A mesma médica de duas semanas atrás retornou com aquele mesmo sorriso iluminado.
Dessa vez, eu estava acompanhada com meu pai também, até porque essa seria uma consulta importante. E mais uma vez pensei no quanto que JJ estava perdendo, e só isso bastava pra que eu evitasse ao máximo olhar pra cara dos meus pais. Eu era um mix de emoções sem sombra de dúvida.
- prontos pra descobrir o sexo do bebê, família?
Pelo clima tenso que insistia nos acompanhar ninguém respondeu a médica.
- passa tão rápido, né - ela comentou um pouco sem graça e se virou pra mim - já pode deitar, kiara.
Meus pais se sentaram nas poltronas que tinham ali e eu me ajeitei na cama. Ela começou a me fazer algumas perguntas sobre os meus sintomas, enquanto ligava o aparelho. Levantei minha blusa e ela começou a passar o gel, que eu já tinha me acostumado.
- já cresceu mais um pouco - ela reparou no meu ventre e sorriu gentilmente - pareçe que o abacate já não é bem um abacate.
Sorri.
- muito bem, vamos lá.
Ela limpou a mão e começou a passar o aparelho na minha barriga. Meus pais olhavam pra tela um pouco mais interessados. Respirei fundo, ansiosa pra rever o borrão mais uma vez. Assim que o som das batidas fortes do pequeno coração dele ecoaram na sala, esqueci de todos os problemas, ficando totalmente anestesiada. Desejei mais uma vez que JJ tivesse a oportunidade de escutar isso e fiquei pensando na cara que ele faria. Sorri comigo mesma.
A médica falava algumas coisas enquanto dava zoom na tela e analisava com precisão aquele borrão. Honestamente, não sabia como ela conseguia enxergar um ser humano ali, mas só de saber que ele estava bem já era o bastante pra mim.
- já dá pra ver? - perguntei ansiosa.
- dá sim... - ela abaixou um pouco mais o aparelho pra confirmar com precisão.
E assim que ela parou em um determinado ponto, abriu mais um sorriso empolgado.
- o que é? - me atrevi a perguntar.
Ela se virou pros meus pais e depois pra mim. Meu pai se endireitou, confiante.
- uma menina.
*já que vcs pediram pra ser uma menina, resolvi n contrariar :))
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JJ and Kiara//outer banks⛱
Romanceonde JJ e Kiara quebram a regra básica dos pogues numa noite qualquer, e acabam numa situação complicada. Kiara estava muito ferrada. 🎖#1 outer banks (22/05) 🎖#1 jj (04/06) 🎖#1 kiara (04/06) 🎖#1 obx (04/06) 🎖#1 sarah cameron (04/06) 🎖#3 adole...