32⛱

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Eu estava completando 3 meses hoje, o que de certa forma era assustador. O pequeno volume que já tinha na minha barriga começava a se destacar um pouquinho mais, assim como algumas outras transformações pelo corpo. Os enjoos tinham reduzido um pouco, me deixando mais tranquila.

- tá sorridente hoje... - falei pra Nina, que lavava as panelas feito uma idiota - devo me preocupar?

Ela balançou a cabeça e revirou os olhos.

- não é nada demais.

- sei...

- é só um garoto - ela deu de ombros - nada com que eu já tenha lidado antes.

Sorrio satisfeita.

- e ele tem nome?

- por enquanto, não - ela pisca.

- então tá...

Volto pro meu trabalho, secando os pratos e os guardando nas prateleiras. Acabo reparando no olhar curioso de Nina sobre mim.

- posso te fazer uma pergunta? 

- pode - falo tranquila.

Ela se prepara pra perguntar e larga as panelas.

- você ainda gosta do Pope?

Estranho a pergunta.

- como assim?

- ah, sei lá... - ela volta pras panelas - vocês ainda conversam? Tipo, da mesma forma que antes?

- ele tem umas crises as vezes, mas... sim, ainda conversamos. Não como namorados, mas como bons amigos.

Ela assente.

- por que a pergunta? 

- ah, nada não... - ela força um sorriso.

Assinto ainda desconfiada e volto pro trabalho.

***

- sem carona dessa vez, garçonete? - Rafe surge junto com Topper na estrada.

- só pode tá brincando... - resmungo, já sentindo meu sangue ferver.

Topper dirigia a moto, levando Rafe atrás, que me fuzilava com o olhar.

- eu não esqueci da moto - ele disse.

- isso já faz muito tempo, Rafe. Ninguém liga mais - continuo andando.

- mas eu sim - ele fala bravo - e você vai vir com a gente pra concertar ela.

- vai se fuder, Rafe - reviro os olhos - tenho que ajudar minha mãe hoje.

- que desculpa mais falsa - Topper riu sozinho.

- e também, eu não entendo de moto e muito menos sei concertar uma.

- não fui eu que quebrei ela e não será eu que vai concertar. Se vira, garçonete - ele fala.

Permaneço caminhando e ignorando os dois patetas do meu lado.

- achei que fosse uma pogue, kiara - Rafe zomba - deveria se animar de prestar serviços pra nós.

- eu sou uma pogue e não uma escrava, seu imbecíl - corto.

- que se dane, kiara - ele esbravejou - eu quero minha moto de volta hoje mesmo. Você vem com a gente. Aproveita que a Sarah tá lá em casa e pede ajuda pra ela. 

- pogue ajuda pogue, não? - Topper voltou a provocar.

Os dois riram, me atormentando ainda mais.

- na verdade, tenho uma ideia melhor - Rafe sorriu feito um doente - se você não vir concertar minha moto, eu pego a do seu namoradinho filho da puta em troca e vendo ela pra comprar uma bem melhor pra mim.

- não o chame assim - falei calma.

- não acredito que vai mesmo deixar eu roubar a moto dele só porque você não quer ir concertar a minha.

- puta namorada foda que você é, kiara - Topper resmungou.

Respirei fundo, tentando não me etressar mais com os dois. Apertei meus punhos e cerrei meu maxilar.

- tá, eu concerto - acabei cedendo. 

Eu sabia muito bem que Rafe não iria somente roubar a moto de JJ se eu não o fizesse, mas também iria aproveitar pra comprar briga com ele. E a última coisa que queria no momento era ter que separar os dois enquanto se matavam.

- boa escolha.

***

Assim que cheguei na masão dos Cameron, os funcionários ainda trabalhavam. Tentei encontrar JJ no meio deles, mas não obtive tanto sucesso. Rafe pulou da moto de Topper e me guiou pra garagem, onde sua moto destruída estava.

- as ferramentas estão ali, garçonete - ele apontou pra prateleira - e vê se não demora.

- onde você vai? 

- e te interessa? 

Revirei os olhos e prendi meu cabelo num coque alto. Rafe saiu, me deixando sozinha com a moto. Admito que tive que controlar pra não estragar ela ainda mais de tanta raiva que eu sentia. 

Peguei as ferramentas e me ajoelhei do lado da roda traseira não fazendo a mínima ideia por onde começar. Xinguei Rafe mentalmente e começei a mexer em algumas coisas que eu tinha algum conhecimento por conta das tardes que eu passava com Pope na oficina.

Fiquei uns dez minutos tentando ajustar os parafusos. Minhas mãos já estavam sujas de graxa e meus dedos já doíam de tanto mecher com isso. Não iria ficar surpresa se meu rosto também estivesse sujo.

Mas, de repente e me pegando de surpresa, uma dor forte me atingiu na barriga me fazendo largar as ferramentas imediatamente. Não fazia ideia do que estava acontecendo, mas só queria que parasse. Me encolhi e abraçei minha barriga, tentando não gemer de dor.

- Kie, o Rafe me disse que... - Sarah parou de falar assim que me viu no chão e correu até mim - meu Deus! Kiara, tá tudo bem?

- eu não sei... - levantei meu rosto pro dela - tá doendo muito, Sarah...

- puta que pariu - ela segurou no meu braço - você tá tremendo!

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, mais uma onda forte de dor me atingiu me fazendo gritar.

- kie... - Sarah paralisou olhando pro chão - você tá sangrando...

- o-o que? - começei entrar em pânico e vi uma pequena poça de sangue atrás de mim.

- pro carro. Agora! - ela me levantou, mais desesperada que tudo - me espera lá. Eu vou chamar o JJ.

Assenti e fui apressada pro carro, ainda gemendo com os braços em torno de mim. Abri a porta e me joguei no banco do passageiro, tentando controlar minha respiração. A esse ponto eu já pensava no pior e não me importei em começar a chorar de desespero.

- rápido JJ! - Sarah gritou vindo com ele, que estava atordoado também.

- ei, ei... - ele abriu a porta ofegante e se sentou do meu lado, não entendendo nada - o que foi?

- eu to perdendo... - falei entre soluços.

- como assim? - ele percorreu seus olhos por mim com desespero - kie?

- perdendo o bebê - disse com pesar e chorei mais, de dor e de medo - faz isso parar, por favor...

O rosto de JJ ficou pálido.

- fecha logo essa porta! - Sarah gritou, já dando partida no carro.









JJ and Kiara//outer banks⛱Onde histórias criam vida. Descubra agora