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A casa tinha alguns poucos móveis que o proprietário deixou. Não eram totalmente novos, mas por enquanto daria uma ajuda extra até conseguirmos arrumar outros melhores.

Depois de uma semana ajeitando as coisas e conhecendo melhor a cidade, eu e JJ resolvemos ir atrás de um emprego qualquer em uma das barraquinhas que ficavam próximas à praia e que pareciam lucrar bastante.

John B já tinha arrumado um serviço na praia, junto com Sarah. Já Pope e Nina quase não saíam de casa alegando estarem estudando pra bolsa que seria daqui há poucos dias.

Chegando lá, tentamos procurar ao menos uma pessoa que soubesse falar um pouco da nossa língua. Acabamos conversando com o dono do estabelecimento que de primeira já topou nos receber, execeto eu, que teria que esperar até um pouco depois do nascimento da Summer pra ser aceita. Mas resolvi não questionar.

Eu também já tinha ido atrás da Lea, a doutora que tinha sido recomendada pela médica sorridente. E segundo ela, Summer já estava quase totalmente na posição certa para o parto, o que indicava que a partir do oitavo mês tudo seria muito incerto. Ou seja, semana que vem.

- o que foi? - JJ perguntou enquanto caminhávamos de volta pra casa.

- nada.

- é por causa do emprego?

Soltei o ar e segurei na sua mão, não tirando os olhos da estrada de areia.

- não, ele tem razão. É melhor eu esperar - comentei.

Mas isso não foi o suficiente pra que ele parasse de me olhar desconfiado.

- é que semana que vem eu entro no mês 8.

- e daí?

Revirei os olhos, juntando o restinho de paciência pra aturar a lerdeza do garoto.

- e daí que a Summer pode nascer a qualquer momento.

- mas não era até o nono?

- cada gestação tem seu próprio jeito, e pelo visto alguém anda bem ansiosa pra nascer.

Ele não respondeu nada, parecendo entender a ligação entre os fatos agora.

- e nós nem temos um berço ainda. Nem fraldas, nem roupas, nem...

- ela pode dormir com a gente.

- não mesmo - neguei - não to afim de esmagar um recém nascido enquanto durmo.

Ele deu de ombros e continuamos andando.

- eu ainda tenho o dinheiro extra dos meus pais - comentei depois de um intervalo de silêncio - talvez dê pra comprar pelo menos o básico pra ela. A gente pode improvisar um berço até conseguirmos comprar um.

- sabe que nós podemos comprar um.

- não é bom gastar tudo de uma vez, JJ. Agora não temos mais as ajudas do Billy e você ainda nem começou a trabalhar. Vamos focar no essencial antes.

- um berço não é essencial?

Tive que segurar uma risada diante da inexperiência dele no assunto. Mas corretamente, eu estava bem pior. Dois idiotas conversando sobre um assunto totalmente novo.

- isso dá pra improvisar... - disse - já fralda e roupa não.

JJ voltou a ficar pensativo e a se concentrar na estrada. Segurei em seu braço, me enroscando nele e o acompanhado em silêncio.

- quer ir amanhã procurar algumas coisas?

- seria ótimo.

- então porque não vamos hoje? - ele sugeriu de repente - o comércio não deve ser tão longe daqui.

- sinto muito, mas hoje não dá - começei - meus tornozelos estão muito inchados e minhas pernas estão doendo muito. Mas se você quiser ir pra explorar o lugar, fique a vontade.

- vou te deixar em casa primeiro.

- chama a Sarah e o John B pra ir junto. O Pope e Nina não iam aceitar nem de longe.

Ele assentiu.

***
Não sei como, mas acabei dormindo a tarde inteira e acordei com uma dor imensa no pescoço. A cama que tinha aqui não era tão boa quanto a de outer banks, mas pelo menos evitava de termos que dormir no chão. Mas mesmo com tudo isso, ainda preferia Yucatan.

JJ ainda não tinha voltado com o pessoal e por isso resolvi tomar banho. Meus tornozelos já estavam um pouco melhores, mas em compensação meu pescoço gritava de dor pelo mal jeito da cama.

Depois que terminei de tomar meu banho, fui atrás de um pijama qualquer, que ficava bem justo no meu corpo. Fiz uma nota mental de ir comprar ao menos duas peças de roupas pra mim depois que comprasse as de Summer.

Peguei meu celular e fui pro sofá tentar relaxar mais. Ultimamente meu corpo parecia mais tenso e sempre tinha um ponto ou outro que doía.

Fiquei treinando minha respiração tentando esquecer do meu pescoço por um momento. Acabei sentindo um chute involuntário de Summer, que já tinha se tornado rotina pra mim. Sorri de leve e fechei os olhos, sentindo a nossa conexão forte.

Soltei o ar e levei minhas mãos pra barriga, voltando a relaxar. Fiz alguns minutos de meditação, tentando manter o controle da respiração e da postura. Até ser interrompida por meu celular vibrando.

- vai pra merda... - resmunguei e interrompi minha meditação.

Peguei meu celular e li o nome na tela.
Era minha mãe.

JJ and Kiara//outer banks⛱Onde histórias criam vida. Descubra agora