18⛱

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- deu certo com o senhor Cameron? - perguntei assim que chegamos no quintal da casa e lhe entreguei meu capacete.

- começo amanhã - ele disse um pouco tenso e pendurou os capacetes no retrovisor da moto e ajeitou seu boné pra trás.

Percebi que ele se estremecia por dentro. De todas as coisas que o deixavam assim, seu pai estava no topo da lista e me senti muito mal por não poder ajudar da melhor meneira.

Ele tirou seu isqueiro e um maço de cigarro, mas antes que ele ascendence, o impedi.

- não é uma boa ideia ficar chapado antes de falar com seu pai - falei séria, e segurei mais forte na sua mão - eu sei que não vai ser fácil, mas quando acabarmos de conversar com ele você pode ficar livre de uma vez. Ai você se diverte com isso - aponto pro caixinha na sua mão.

Ele desvia o olhar pro chão e concorda, guardando seus amiguinhos no bolso. Solto sua mão e me ajeito antes de entrarmos na casa. Vou na frente, mas espero ele na porta que continuava tenso.

Antes que ele pudesse abrir, seus belos olhos azuis encontraram os meus como se aquilo fosse o bastante pra fazê-lo criar coragem. Sorri fraco e acariciei seu ombro.

- vai ficar tudo bem - disse.

- bora logo com isso.

Ele abriu a porta de uma vez e eu o segui, logo atrás. A casa estava uma bagunça e cheirava álcool e maconha. A cada cômodo tinha umas três garrafas de vodka largadas no chão.

- pai? - JJ o chamou, indo até a sala.

Nós o encontramos entretido na TV e em um cigarro, que pelo visto já era o quarto do dia com os demais já caídos no chão.

Ele estranhou minha presença e se sentou, jogando fumaça pro ar e abaixando o volume da TV.

- não tenho dinheiro pra você - ele disse curto e grosso pro filho - e o que ela tá fazendo aqui?

- não vim pedir dinheiro - JJ disse no mesmo tom que o pai - só queríamos que você soubesse de uma coisa.

- o quê? - ele soltou mais fumaça.

- mas antes, quero que saiba que não queremos sua ajuda e não vamos te envolver nisso, então fica tranquilo tá?

Ele sorriu com o aviso de JJ.

- o que é tão especial assim que vocês não querem dividir comigo? - ele parecia se divertir com as nossas caras nervosas.

O loiro engoliu seco e respirou fundo. Discretamente segurei em sua mão pra dar apoio, e ele a apertou.

- a kiara tá grávida - ele disse.

- e daí?

- e daí que é de mim - ele completou com um terror da reação do pai.

O homem sentado no sofá mudou o semblante divertido e largou o cigarro. Seu rosto se fechou de ódio, assim como seus punhos. JJ segurou mais forte na minha mão. Ele sabia o que seu pai poderia fazer naquele momento.

Mas um silêncio perturbador pairou ali, o deixando mais inquieto.

- não vai falar nada? - JJ perguntou.

- quer que eu fale o quê, garoto? Parabéns? - ele gritou furioso - mas que porra, JJ! O que você vai fazer agora?! Já pensou nisso?

- vou trabalhar pro senhor Cameron e a kiara...

- não to falando disso porra - ele se levantou e JJ recuou um passo pra trás, soltando minha mão - to falando de casa, de escola, de hospital.

- ainda não pensamos nisso, tá bom? - ele disse se irritando.

- vai criar seu filho a onde, imbecil? - ele se aproximou mais ainda e JJ ficou quieto - foi o que eu pensei - ele riu de nervoso e recuou pra sala, andando de um lado pro outro - dá proxima vez, usa a cabeça de cima pra pensar antes de transar com alguém. Dá nisso!

Ele quebra uma garrafa.

- tá de quantos meses, garota? - ele se vira pra mim.

- dois.

- puta merda...

- a gente só queria que você soubesse disso - JJ disse.

- mas sabe o que eu queria? - ele se aproxima com tudo do loiro - arrebentar com sua cara por isso. Você não tem noção da merda que fez.

JJ desviou o olhar do pai, que segurou com força no seu rosto e o forçou a olha-lo nos olhos.

- a gente já tava fudido por causa desses seus esquemas com aqueles traficantes de merda, mas agora... - o pai dele o apertou mais, fazendo JJ xingar de dor - agora a gente tá mais que fudido. Eu já cansei de você trazendo problema pra mim, garoto. E agora me aparece com essa.

Ele larga JJ de uma vez, que bate na parede. Vou até ele, mas ele dispensa minha ajuda.

- quero que vocês dois me escutem bem... - ele voltou pra perto da gente, me olhando com raiva - quando essa criança nascer, não quero que ela pise nessa casa, entendeu? Não quero nem olhar pra cara dela. Isso não é um problema meu...

Ficamos em silêncio, e eu me segurei pra não chorar ali.

- entenderam? - ele pergunta mas nenhum de nós dois responde e ele nos empurra com força pra parede - responde porra! Entenderam?

- vai ser um prazer - JJ disse furioso, mas eu permaneci quieta.

- não ouvi você, kiara - ele disse baixinho.

- tudo bem - respondi, torcendo pra ele se afastasse.

- ótimo! - ele se afastou - agora saiam daqui antes que eu arrebente com vocês. Principalmente com você JJ. Ainda não acabamos com essa conversa.

- você é um monstro de pessoa - falo sem medo - acha saudável espancar o próprio filho pra ter controle da situação?

- cala a boca, garota. Você não sabe de nada - ele esbraveja.

- eu sei sim - fico séria e relembro de todas as vezes que o JJ chegava pingando de sangue na casa do John B - e você não faz ideia de como isso...

- eu mandei calar a porra da boca - ele agarra meu pescoço de repente - o que foi? A gravidez te deixou surda também?

- filho da puta - xinguei ele e antes que ele pudesse me apertar mais, JJ deu um murro na cara dele me deixando livre.

- nunca mais toque nela assim, entendeu? - JJ esbravejou, mas sabia que parte daquela raiva não era por minha causa mas sim por todas as outras vezes que seu pai havia o espancado.

- vai bancar o namorado protetor agora? - seu pai disse com a boca cortada e se levantando - ela sabe melhor que eu que você não passa de um viciado em erva que...

JJ deu mais um murro nele, mas dessa vez ele batia várias vezes e seu pai revidava com força.

- chega JJ! - o puxo ainda atordoado - vamos embora...

- você tá fudido, garoto! - seu pai gritou feito um doido e eu tive que segurar mais forte em JJ pra que ele não voltasse a bater mais.

- vem, vamos sair daqui.












JJ and Kiara//outer banks⛱Onde histórias criam vida. Descubra agora