CAPITULO 24 - Sensações

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Capítulo sem revisão.

Arealin

Para a sorte de Tairos, assim que adentramos a cozinha, apesar da situação, uma senhora rechonchuda, cerca de 60 anos, vem oferecer seus serviços culinários. O semblante da mulher de idade avançada é abatido e tristonho. Suponho que ela deve estar abalada por tudo o que aconteceu em seu local de trabalho.

Chegando a uma distância respeitavel do Príncipe ela curva-se e diz:

- Vossa alteza, perdoe-me, este ambiente ainda está um caos, parte da equipe de cozinheiros foi morta, estou praticamente sozinha. Suplico que perdoe essa desordem. - Sua fala é apreensiva e trêmula.

Tairos perscruta ao redor, seus olhos transparecem a emoção que ele recusa demonstrar - indignação, raiva e tristeza - Todavia, com um semblante complacente, ele se dirige a mulher de modo afável e intimista.

- Não se preocupe, Madalena. Não devo te perdoar, pois você não tem culpa de nada o que aconteceu. - Ele faz uma breve pausa para analisá-la - Você está bem? Sua filha trabalha com você, como ela está?

A mulher parece surpresa com atitude empática do príncipe, além de saber seu nome. Ela aparece relaxar e então ajeita um pouco a postura.

- Eleonora está bem, alteza. Ela sofreu alguns arranhões e está um pouco tonta, só foi visitar o curandeiro para garantir, em breve estará de volta. Fico honrada por sua preocupação.

Assentindo com a cabeça para Madalena, Tairos se afasta e me dirige até a grande bancada da cozinha. Durante todo o percurso me mantenho em silêncio. Observo e reflito sobre o diálogo dele com a cozinheira, percebo sua preocupação genuína e isso me faz, por um breve momento, conceder-lhe um ar mais pacífico entre nós.

Lembro-me que no caminho das masmorras até aqui ele disse que inúmeras pessoas morreram no ataque, inclusive membros da Guarda real, inconscientemente meus pensamentos se recordam de Zennor. Antes mesmo de conseguir controlar, me vejo perguntando.

- Zennor está morto também?

- Você costuma ser bem direta, não é mesmo?

- Não vejo porquê fazer rodeios em uma pergunta cujo a resposta é objetiva. Ele morreu no ataque?

Digamos que eu não esteja com paciência para firulas, sempre fui direta nos assuntos que me interessam.

Sento-me em uma cadeira um tanto suja, percebo que ela provavelmente sofreu danos por toda a situação ocorrida.

Acomodada e com o Príncipe á poucos centímetros de distância, olho-o e ergo as sobrancelhas aguardando a resposta.

- Não, Zennor está vivo e cuidando das novas estratégias de proteção do Castelo. Ele se feriu superficialmente.

Uma sensação de leveza me atinge com sua resposta. Logo em seguida lhe encaro com dúvida e curiosidade.

- E onde você estava? Vejo que não sofreu nenhum arranhão.

- Você pretende fazer o quê? Me interrogar? Está não é sua posição, prisioneira. - Percebo sua grande ênfase no prisioneira.

Dou de ombros com tranquilidade e sorrio.

- Não sei, mas é peculiar. Talvez um filho candidato ao trono queira eliminar seu pai ou enfraquece-lo para chegar mais rápido ao posto. É uma boa teoria. Não acha? - A provocação em minha voz é nítida.

- Acho que alguém precisa de mais alguns dias nas masmorras para aprender a segurar a língua. É isso que eu acho. - Vendo que me excedi para o momento, respiro fundo e troco de assunto.

- Podemos seguir o plano original?

- Que plano? - O deixei confuso

- Aquele que você me tira das masmorras, me alimenta e da roupas novas. Eu gostava dele.

Respirando fundo Tairos se afasta, pega algumas frutas em um cesto de metal e me olha.

- Coma isto por enquanto - Ergue-me a mão - Irei providenciar uma refeição reforçada. Em meio a este caus vai demorar além do previsível.

Aceito sem discutir. A fome que sinto não irá passar com míseras frutas, mas ajuda. Voltando as minhas condições físicas, lembro-me da sensação de frio profundo e estremeço.

Tairos percebe, se aproxima e retira seu manto de pele animal. Sutilmente, ele fica atrás de mim e vagarosamente despeja o tecido sobre meus ombros magros.

É imprescindível o arrepio que sinto quando seus dedos longos e grandes tocam rapidamente minha pele exposta. Por um breve segundo, cogitei que o calor emergente não era proveniente da pele animal agora em meu corpo, mas sim da respiração de Tairos que batia em meu pescoço. Só isso já me tirava o frio agressivo que sofria.

Os segundos que ele permaneceu ali também foram suficientes para surgir um desconforto pelas sensações passadas. Concentrando-me, pirragueio e mordo bruscamente uma maçã, sem demostrar nenhuma etiqueta ou modos á mesa.

Desconcertado, ele se encaminha ao outro lado do balcão, bem mais longe do que antes.

- Coma essas frutas, leve quantas quiser para seu aposento. Em breve lhe será servida um refeição completa por lá mesmo. - Tairos não me olha, somente diz e se retira do cozinha.

Vejo-o virar as costas e partir, depois contemplo o vazio ao meu redor.

Obviamente demora menos que um minuto para 5 soldados fortemente armados entrarem no ambiente e montarem guarda. Não para me proteger, longe disso, mas para me vigiar, como sempre.

Continuo a comer algumas frutas em pleno silêncio, somente o "croc" da mordida ocupa minha mente. Olho os soldados, os estragos da invasão, as portas inutilmente altas e colossais, até que....

- Minha nossa, você está horrível.

No primeiro momento só escuto a sua voz, ele está a minha direita e vários metros nos separam.

- Obrigada pela parte que me toca, Zennor... - Viro-me para vê-lo melhor e faço um sorriso malicioso e cínico - Gostou da nova peça do meu guarda roupa? - Movimento os ombros com o manto.

Zennor caminha lentamente até mim. Toda sua imponência, força e masculinidade bruta é despejada em um simples andar. Seus olhos agora estão sérios e obstinados.

- Temos muitas coisas para tratar, Arealin.

"E lá vamos nós", pensei comigo mesma...

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⏰ Última atualização: May 22, 2020 ⏰

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A Assassina De Erisan (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora