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Mais um dia acordando com uma baita dor de cabeça.
Naquela segunda-feira, eu estava sozinho na minha cama, ao lado de um buraco entre os lençóis e um bilhete que dizia "Me diverti muito ontem a noite, mas precisei sair cedo". Me sentei na beirada da cama, com a cabeça entre as mãos, me xingando mentalmente ao recordar da conversa com Eliza na noite passada. E como provavelmente eu estaria ferrado no momento em que pusesse os pés no escritório. Eliza não hesitaria ao me denunciar pela falta de produtividade e eu não tinha nenhum projeto pronto para apresentar, ou qualquer argumento para me defender.
Me levantei tentando lembrar qual era o nome da mulher que deixara aquele bilhete, enquanto algumas lembranças da noite anterior surgiam na minha cabeça. Eu me vi na minha banheira, coberta de espuma, com uma taça de champanhe na mão, mesmo que eu já estivesse bêbado. Eu falava para ela se aproximar, e ela vinha em minha direção com um sorriso atrevido.
Linda, Lara... Lucy!, pensei, ao entrar no banheiro, é definitivamente Lucy.
Coloquei um dos meus ternos de trabalho, tentei ajeitar os fios loiros do meu cabelo rebelde e bagunçado e fui para a cozinha, onde me deparei com James, tomando seu café da manhã.
— Jason...
— Nem começa. — rosnei, o interrompendo. — No que estava pensando?! Na verdade, eu devia chamar um médico porque você nem estava pensando! Talvez seja sério! Em duas semanas, vai estar em todos os jornais "doença misteriosa tira a capacidade de pensar de algumas pessoas!".
— Eu sinto...
— Você mexeu no meu pen-drive! E ligou para Eliza!
— Mexer no seu pen-drive um acidente. — James tentou se explicar. — Eu ia ligar para ela de qualquer forma. Eu a chamei para sair. Eu só mencionei no assunto porque eu estava preocupado e achei que ela pudesse fazer algo.
— Que gracinha, vocês se merecem. — resmunguei. — Me diga uma razão para não lhe expulsar do meu apartamento agora mesmo.
— Eu pago você pelo quarto! — protestou.
— Eu não preciso do seu dinheiro. — afirmei, saindo do apartamento e batendo a porta atrás de mim.
Assim que cheguei na empresa, fui direto para a minha sala. Era como se eu estivesse apenas esperando o momento em que fosse chamado. Na minha mesa era uma verdadeira bagunça de documentos, canetas, fotos de Tommy, cartões de visita e post-its. Atrás de mim, haviam alguns dos meus projetos que me levaram à diversas promoções e, bem no centro, o meu diploma de Yale. Eu ficava estressado toda vez que olhava para ele, pois sabia que nada daquilo fora mérito meu. E me odiava por isso.
Por outro lado, meu emprego trouxera estabilidade para a vida de Tommy, que sempre estudou nos melhores colégios, e Ariana, que tivera muita dificuldade no início da sua carreira como jornalista.
Para me distrair, fiz um aviãozinho de papel, parecido com o que tinha feito na primeira vez que Tommy viera me visitar no trabalho. Ele tinha mais ou menos sete anos e naquela época só saía de casa se fosse com um chapéu de cowboy ou uma bola de futebol americano.
— Meu Deus, papai! Aqui é alto! — exclamou ele, observando a vista.
— Por isso você tem que ficar longe da janela. — retruquei, tirando-o e perto da janela, mesmo que ela estivesse trancada, não devia ser totalmente segura. — A não ser que você seja o super-homem e pode voar.
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A MÃE DO MEU FILHO
RomanceQuinze anos depois que Ariana Baker apagara aquela mensagem que o pai do seu filho deixara na caixa postal, a vida de Jason Martell nunca mais foi a mesma. Agora, ele vivia em New Heaven com o meio-irmão, tendo que administrar seu tempo entre o trab...