Capítulo Trinta e Sete

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— Não sabia que você tinha decidido ser comediante. — soltei uma risada nervosa, após ficar em silêncio alguns segundos, tentando processar o que ela dissera.

— Não seja estúpido. — Spencer revirou os olhos. — Está escrito na sua cara.

— Então as pessoas estão escrevendo coisas em mim agora? — retruquei, num tom brincalhão. Spencer me lançou um olhar de reprovação. — Olha... — suspirei. — Não importa o que aconteça... juntos ou só como amigos, ela sempre terá um espaço no meu coração. Ela é a mãe do meu filho. — expliquei, como se fosse óbvio.

— Jason, eu vejo o jeito que olha para ela. É o mesmo jeito que você olhava para ela quando tínhamos dezoito anos. Eu sabia que você a amava naquela época, e eu sei agora. — comentou, colocando a mão em meu ombro. Fitei o chão.

— Como você soube que ainda amava Chloe? — questionei.

— Ah, essa é fácil. — ela sorriu ao falar da futura esposa. — Enquanto eu estava no Chile, tudo me fazia pensar nela. No quanto eu a queria ao meu lado. Quando algo ruim acontecia, eu queria desabafar com ela. Ou quando tinha uma novidade, algo que me deixava feliz, eu só queria compartilhar com ela. E se eu tivesse que viajar, ela seira a primeira pessoa que eu pensaria para me acompanhar. Ou quando eu me sentia sozinha, quando queria ir num restaurante novo ou quando queria sair para me divertir. Era sempre nela que eu pensava. E foi dessa forma, que eu soube que não queria passar o resto da minha vida com mais ninguém além dela. — deu de ombros. A cada frase que ela dizia, somente um rosto surgia na minha mente. Ariana. — Porque todas as vezes que nós nos despedíamos, tudo que eu conseguia pensar era na próxima vez que nos veríamos. Para cada "adeus", eu precisava de um "oi". E não porque eu dependo dela ou algo assim. — para concluir, ela me encarou profundamente e disse: — As pessoas dizem que amar é doloroso. Elas estão erradas. O amor não dói. O que dói é não poder amar.

Recostei na cadeira. Aquelas palavras me atingiram em cheio. Porque eu sabia que ela estava certa. Ariana e eu tínhamos uma conexão, que nem sempre era possível se explicar. Nós podíamos conversar por horas, rir de piadas que apenas nós entenderíamos e entender um ao outro como ninguém, e, assim, nos perdermos num mundo só nosso. Nos perder nos olhos um do outro. Quando eu olhava nos olhos dela, eu via tudo aquilo. E quando nos beijávamos... Era certo. Eu queria ela presente na maioria dos momentos importantes da vida. Se eu realmente ainda amasse Ariana, como ela havia dito, afastá-la porque acreditar que não a merecia era o que me machucava.

Não!, me repreendi. Ela estava com Sam agora, ele era o seu presente e seu futuro. Eu e Ariana éramos passado e eu precisava parar de me prender à ele.

— Você está atrasada pelo menos quinze anos. — murmurei.

— Parece que você não me conhece mesmo. — Spencer respondeu, se levantando. — Eu nunca estou atrasada, Jason. Você está.

Spencer, em seguida, se despediu, desejando melhoras à minha mãe e saiu, deixando-me para afundar sozinho em meus pensamentos. Antes de cair no sono, porém, recebi uma mensagem de Ariana, dizendo que o carro de Sam havia sumido e ela temia que ele tivesse mesmo ido embora por causa da briga.

Após uma noite desconfortável que me trouxe torcicolo, no dia seguinte os enfermeiros cedo apareceram para checar minha mãe. Parecendo bem melhor, ela foi encaminhada para uma consulta com a médica e para realizar alguns exames. Felizmente, ela logo recebeu alta, entretanto, teria que ficar de repouso em casa tomando inúmeros remédios e voltar para realizar mais exames e continuar seu acompanhamento médico.

— Está confortável aqui? — perguntei, ao ajudá-la a se deitar na cama. — Quer que eu traga alguma coisa? Um copo d'água? Uma fruta? Cobertores mais quentes? Mais um travesseiro? Quem sabe eu não consigo trazer os Beatles de volta para que eles façam um show particular para você?

A MÃE DO MEU FILHOOnde histórias criam vida. Descubra agora