Capítulo Quarenta e Oito

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— Ariana, acorda!

— O que...? — resmungou ela, sonolenta. Continuei a cutucando até que ela abrisse seus olhos, recobrando a consciência e lembrando que estávamos no avião a caminho de New Heaven. Nós estávamos levando Tommy para lá e o ajudando com a mudança.

— Teve um furacão e tivemos que fazer um pouso de emergência! Estranhamente agora tudo tem cor, e eu tenho quase certeza de que tem uma bruxa morta debaixo do avião. — brinquei.

— Está dizendo isso porque estávamos assistindo O Mágico de Oz antes...

— Antes de você adormecer no meu ombro. — completei. — Era fofo até você começar a babar.

— Eu não estava babando! — reclamou. Naquele momento, o aviso de colocar os cintos foi desligado, indicando que já poderíamos nos levantar e descer do avião. — Acorda o Tommy. — pediu, se colocando no corredor e buscando as malas de mão do compartimento de cima. Eu, sentado na poltrona do meio, cutuquei nosso filho até ele acordar.

— Bom dia, campeão. E bem-vindo ao seu novo lar.

Depois de pegarmos nossas malas, tivemos que pegar um táxi para irmos para o meu antigo apartamento, pois James não poderia nos buscar, já que ele estava esperando para receber as coisas de Tommy que chegariam pelo caminhão de mudança.

— Oi, pessoal! Como foi a viagem? — disse James, abrindo a porta para que entrássemos. O apartamento estava uma bagunça, cheio de caixas para todo lado. — Espero que você seja um melhor colega de apartamento que seu pai. — falou para Tommy.

— Eu só tomo muito café. — respondeu Tommy, analisando o local. Passar alguns dias ali comigo, como ele fazia quando morava em Nova York, e se mudar para aquele lugar eram coisas totalmente diferentes. — O quão ruim o papai era?

— Eu não era tão ruim assim! — protestei.

— Seu pai é a pessoa mais bagunçada e a menos saudável que eu conheço. — explicou James.

— Por isso eu preciso da Ariana na minha vida. — falei, a abraçando. — Isso e porque eu amo ela, claro.

— Eu amo você também. — disse ela, me dando um rápido selinho.

— Por Deus. — reclamou Tommy, revirando os olhos. — Eles estão com essa melação as férias todas.

— Ah, droga! — exclamou Ariana. — Acho que deixei meu casaco lá embaixo. Vou buscar e já volto.

— Eu deixei o casaco dela lá. — falei, quando ela saiu do apartamento. Eu queria mostrar algo para meu filho e meu irmão e não podia fazer isso com ela na sala. — Olhem isso. — tirei uma caixinha de veludo do bolso. James e Tommy se entreolharam, surpresos e se aproximaram para ver melhor.

— Isso é o que eu acho que é? — perguntou James. Assenti com a cabeça, abrindo a caixa e revelando duas alianças douradas. Uma era grossa e simples, a outra era fina e delicada e tinha uma pedra no centro.

— É, sim. — respondi. Naquele momento, meus olhos definitivamente deveriam estar brilhando de felicidade e amor. — Vou pedi-la em casamento.

— Uau... — Tommy suspirou. — Meus pais vão se casar.

— Parabéns, irmão. — disse James, dando leves tapinhas no meu ombro.

— Ei, fiquem calmos. Ela nem disse sim ainda.

— Pai, não tem nenhuma chance de que ela não diga sim! — bradou Tommy.

Ariana voltou e nós começamos o trabalho de desempacotar caixas e arrumar as coisas de Tommy. Quando terminamos o trabalho, saímos para dar uma volta, introduzir Tommy ao bairro e até paramos para tomar sorvete. Logo, Ariana reparou numa loja de camas e decidiu entrar com nosso filho, uma vez que ele realmente estava precisando de um colchão novo. Como não poderia entrar com alimentos, eu e James ficamos do lado de fora segurando os sorvetes, quando de repente, um carro parou perto de nós. A janela abaixou, revelando uma figura intimidadora, que, infelizmente, tinha os mesmos olhos azuis que eu.

— Nossa... não são esses os meus filhos? Eu quase me esqueci que tinha, já que não os vejo há meses.

Era ele. Meu pai. Joseph Martell. O homem que era violento em casa, abandonou à mim e à minha mãe, e se casou com uma mulher rica apenas pelo dinheiro. Meu sangue fervia ao vê-lo e ao lembrar de tudo que ele havia me causado.

— Finalmente você provou do próprio veneno. Parece que ligar uma vez no mês e mandar cartões no natal e no aniversário não são suficientes, não é? — falei em tom de deboche, pois isso era o que ele fazia comigo, agora, eu fazia com ele.

— O que está fazendo aqui? — questionou James.

— Eu estava indo ver aquele lugar que vocês chamam de casa. Eu ouvi de alguns amigos que meu neto, quem você nunca deixou que eu conhecesse, não vai para a faculdade. E, que você, Jason, vai se tornar professor de artes. — disse ele, com nojo. Tive que me segurar para não voar no pescoço dele. — Precisamos conversar.

Depois daquele encontro com o meu pai, não podia parar de pensar no que ele havia me dito. Fiquei o resto do dia em silêncio, pensativo. Eu não queria que ele me afetasse daquela forma. Terminamos de arrumar metade das coisas e eu e Ariana fomos dormir num hotel próximo, para termos mais privacidade. E ela percebeu que eu estava mal. Mas eu não sabia como poderia dizer aquilo para ela.

— Você está estranho o dia todo, quer conversar? — indagou ela, quando entramos no quarto do hotel.

— Na verdade, acho que vou dar uma volta. — falei, pegando meu casaco e me dirigindo para o telhado do hotel. Lembrava o telhado do colégio, onde costumávamos passar algum tempo juntos e tinha uma bela vista. Me encostei no parapeito e logo senti a mão de Ariana tocando no meu ombro.

— Jason... fale comigo.

— Ariana... — respirei fundo, virando-me para encará-la. — Eu me encontrei com o meu pai.

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o pai do jason só aparece nos piores momentos possíveis, vcs lembram o que aconteceu da última vez?

A MÃE DO MEU FILHOOnde histórias criam vida. Descubra agora