A MÃE DO MEU FILHO

Capítulo Quarenta e Um

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Não queria que as palavras do bartender tivessem surtido tanto efeito como fizeram. Na manhã seguinte, ainda com aquilo em mente, decidi, enfim, carregar meu celular. Haviam tantas notificações perdidas que não me dei ao trabalho de checar todas elas, somente a mais recente, uma de Tommy.

— Oi, pai. — dizia ele na mensagem de voz. Meu coração se partiu ao escutá-lo. Eu sentia tantas saudades e me odiava por ter sumido daquela forma. Sentei na cama com o aparelho pertinho do ouvido, lagrimando, prossegui com a mensagem. — Duvido que você vá ouvir isso. Mas a mamãe sempre me disse para não desistir, então... E ela meio que me obriga a mandar essas mensagens idiotas também. Bem, tanto faz, só queria lembrá-lo do jogo de futebol no sábado. É o último antes da formatura. Estarei usando a camisa dos Lobos da Montanha uma última vez... De qualquer forma, não vou pedir desculpas pelo celular, então... acho que isso é um tchau.

Joguei o celular contra a parede, irritado. Como eu pude esquecer do último jogo do meu filho?! Como pude esquecer dele? Abandoná-lo? Não podia ficar mais nenhum minuto ali. Eu precisava voltar e se me apressasse chegaria a tempo para assistir ao jogo. Juntei todos os meus poucos pertences, desci as escadas, rapidamente fiz o check-out, comprei um mapa e entrei no carro. Dirigi incansavelmente durante toda a manhã e o inicio da tarde, sem parar nem para comer. Não havia tempo a perder.

Assim avistei a placa que anunciava que eu estava entrando na cidade, a partida devia estar iniciando. Pisei no acelerador, provavelmente infringindo inúmeras leis de trânsito. Contudo, era um longo caminho da entrada para o centro da cidade era longo, passava por um cenário verde de diversas fazendas. Quando finalmente avistei o colégio e entrei em disparada, já estava na metade.

Entretanto, ao passo que me aproximava do campo de futebol, passei a caminhar cada vez mais devagar, nervoso. Aquela cidade e suas lembranças era tudo que eu queria evitar. Não conseguia tirar da minha cabeça a imagem de Thomas me colocando em seus ombros e comemorando juntos com a minha mãe a vitória do nosso time. Agora, ambos estavam mortos.

A dor parecia retornar ainda mais intensa pois eu tinha a reprimido por muito tempo. Tive que controlar o impulso de voltar para o carro e fugir novamente. Não. Eu vou ficar. Por Tommy.

Meu coração disparou ao ver Ariana na arquibancada. Mas, dessa vez, a presença dela não foi suficiente para que tudo parecesse mais fácil, mais simples ou mais certo. Pelo menos, eu tive a certeza de que ela estava melhor sem mim. Livre do fardo. Com ela, estava seu noivo, Sam, seus pais, April e os filhos dela. Até Spencer, Chloe, Ben, Javier e Allison estavam lá. E eu não estava. Quer dizer, Tommy não sabia que eu estava. Revirei os olhos ao imaginar que ele devia ter pedido para que eles não exagerassem na torcida para que ele não se sentisse envergonhado.

O que eu estou fazendo?! Esperando uma festa de boas-vindas?! Eles não se alegrariam com o meu retorno. Um desastre estava prestes a acontecer e eu sabia.

Tentei ignorar os pensamentos ruins e focar em Tommy. Esbocei um largo sorriso ao vê-lo em campo com a mesma que camisa que eu usei há anos. Lembrei do meu último jogo. Eu estava ansioso e animado. Lobos da Montanha foram o meu lar por bastante tempo, agora era o de Tommy. Eu estava tão orgulhoso da forma que ele conduzia o time à vitória. Até que, estranhamente o técnico do time adversário chamou um de seus jogadores, o que tinha o nome "Cooper" estampado na camisa, para conversar.

Semicerrei os olhos, analisando-o. Era o mesmo garoto que brigara com Tommy no primeiro dia dele no colégio. Sobretudo, reconheci o técnico. Estava mais velho, e definitivamente, parecia mais irritado. Porém, era ele. Com os mesmos olhos verdes e cabelo preto. Era o ex-namorado de Ariana que havia sequestrado o mascote do nosso time. Era Luke Cooper.