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"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente."

(William Shakespeare)

Jenna narrando

Com as lembranças de meu filho, desabei no choro novamente, eu me sinto tão vazia e depois de descobrir sobre a minha mãe, sinto que a parte que Paul me ajudou a completar, está cada vez mais desabando, eu não sei se vou aguentar tanta dor.

Eu não sei quanto tempo chorei a ponto de cair no sono, mas assim que acordei tinha alguém fazendo cafuné em minha cabeça.

Ergui a cabeça bruscamente e dei de cara com Paul, ele me sorriu em forma de conforto, mas eu não consegui retribuir e só o abracei, começando a soluçar.

Acho que ele me entendeu, pois não falou nada, apenas ficou em silêncio fazendo carinho em mim.

O silêncio era confortável, mas eu decidi falar alguma coisa.

- A culpa é toda minha nem -digo.

Ele se move e me vira para ele.

-Você não tem culpa de nada Jenna -ele diz - isso aconteceu porque tinha que acontecer.

Fiquei calada o encarando, mas  logo falei.

- Ela devia ter me contado -digo limpando uma lágrima - Ela devia ter me contado, doesse como Não. Justo ela, a pessoa em que eu mais confiava no mundo, ela me traiu.

-Olha Jenna, ela não traiu você -diz ele - Tudo bem que foi errado, mas ela o fez para evitar te machucar. Ela não queria que você sofresse mais, entenda.

-O que eu devo entender? -levanto bruscamente - Que eu só deveria saber disso, assim que o médico ligasse no último minuto? Que eu soubesse disso, depois de não ter aproveitado mais tempo com ela?

Ri sarcasticamente.

-Isso sempre acontece comigo, nunca tenho tempo para me despedir, um aborto espontâneo e um acidente não basta? -Pergunto me exasperando 

-Não é isso Jenna -ele se aproximou de mim.- você não precisa se torturar com isso. Ela errou, mas continua viva, então se você quer mudar algo, aproveite o tempo que resta com ela.

-Não é todos os dias que se tem uma mãe -continua ele.

-Mas... - Paul me interrompeu

-Jenna, você passou por muito, entendo você. -diz ele -Mas você não pode continuar se espelhando no passado, você devia estar lá do lado dela, a apoiando, fazê-la feliz.

Ele me abraçou e eu retribuí soluçando.

-Me desculpe -digo -desde que nos conhecemos você tem que aturar meu temperamento e minhas lágrimas de crocodilo.

Ele sorri de lado.

-Não precisa se desculpar meu amor -beijou meu cabelo -O que for para ser será.

Paul narrando

Encontrar a Jenna foi mais fácil, o que me deixou aliviado.

Rastreei o celular dela e saí correndo ao seu encontro.

O pensamento de que algo podia acontecer me atormentava e isso me deixava muito preocupado.

Mas para o meu alívio, quando cheguei na casa e achei a casa, senti uma pontada forte no peito, essa Era a casa dela e do marido a algum tempo atrás.

Imagino o quão doloroso foi regressar lá, mas como eu sempre prometi, estarei sempre do lado dela para sofrer junto com ela e apoiá-la.

Entrei na casa, que por sorte estava com a porta aberta, não a achei no piso inferior, então subi e vi uma porta entreaberta com uma plaquinha de bebé, segui meu instinto e fui até ela, deitada na cama abraçada a um boneco de peluche.

Me sentei ao lado dela e fiz cafuné em seus cabelos, assim que ela despertou, começamos a conversar, doeu ver ela se culpar tanto pelo que aconteceu, e ver ela com raiva dos pais piorou tudo.
Mas com a calma que sempre tive, comecei a consolá-la tentando a convencer de que ela não tem nada a ver com o que aconteceu ou ainda pode vir a acontecer.

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