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"O sofrimento é o nosso meio de vida porque é o único meio através do qual temos consciência de existir, a lembrança dos sofrimentos passados nos é necessária como um testemunho, uma prova de que continuamos a manter a nossa identidade."

Oscar Wilde

A casa dos meus pais é bem grande, uma mansão... meus pais estavam no jardim, fui até eles toda sorridente, porém antes que lá chegasse ouvi minha mãe gritando.

- Você não vai contar para ela John -gritou mamãe.

Eu franzi a testa confusa e em Passos sorateios andei até a varanda e me escondi atrás do Pilar gigante que havia ali para ouvir melhor - não me julguem mal, eles estão escondendo algo de mim, preciso saber...

-Querida, se a Jenna souber disso só no final, vai se sentir traída -disse papai pegando as mãos da minha mãe.

-Vai ser pior se eu contar sobre a doença agora, se eu esperar vai doer menos -suspira mamãe

-Não esconda isso dela, é nossa filha - papai

Mamãe se soltou de papai e se levantou exasperada.

-Como você acha que ela vai se sentir, quando souber que além de perder o filho e o marido, ainda vai perder a mãe, por um maldito câncer? -Gritou começando a chorar.

Eu por minha vez, ao ouvir isso gelei, meu coração acelerou ao máximo e mexi na cadeira que ali estava causando um ruído, que fez meus pais me notarem.

O pânico era notável no olhar dos meus pais, minha mãe me encarou com tristeza enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto, já meu pai abanou a cabeça como forma de lamentação.

Lágrimas brotaram em meus olhos e num impulso criei forças do âmago, para me mover, me virei bruscamente e saí dali o mais rápida que pude, mesmo ouvindo meu nome sendo gritado.

Saí de casa de carro e apenas saí pela estrada sem destino ou rumo, mesmo soluçando e com os olhos embaçados, continuei dirigindo e depois de um conflito comigo mesma decidi ir ao lugar onde eu fui feliz, mas que um dia me fez chorar.

Paul Narrando

Bem, vocês já conheceram minha história, portanto vou falar do presente mais recente.

A Jenna, ela me faz feliz e saber que a conheci no dia em que ela tentara cometer suicídio, me causa um nó na garganta, mas acho que tudo acontece por um motivo, se ela não tivesse feito aquilo talvez eu não à conheceria.

Ela sofreu tanto que quando ela desabafou sobre sua história, desejei passar toda a dor dela para mim, mas eu não podia então optei por sofrer junto com ela. Ela não merecia nada daquilo, e vê-la daquele jeito toda quebrada, fraca, extremamente sensível e com a cara inchada e vermelha de tanto choro me deixou encantado por ela...

Nós estamos tão felizes, tudo vai bem, o restaurante dela está sendo um sucesso, o que é bem normal, a Jenna tem um talento nato para cozinhar, sem falar na criatividade.

Até agora tudo está indo bem.

Agora eu estava no meu escritório revisando alguns relatórios de trabalho, quando meu celular tocou anunciando uma chamada... Na tela brilhava John Turner, o pai da Jenna.

Atendi a ligação um pouco receoso.

📲 - Senhor Turner! - Digo

📲 - John... -Diz ele me corrigindo.

📲 -Claro, se... John - digo rindo nervosamente, não acredito que ainda não me adaptei a ter um sogro.

📲 - Paul cuide da Jenna -fiz ele com a voz exausta.

📲 -O que houve com a Jenna? -pergunto já me preocupando -A Jenna saiu de cá faz pouco tempo.

📲 - Não aconteceu nada com a Jenna, ainda. -Suspira John -Ela vai precisar de um ombro amigo, ela descobriu da pior forma que a mãe tem uma doença grave.

Suspirou novamente parecendo frustrado:
-Cuide dela por mim, por favor. Ela já sofreu muito -diz

-Sinto muito pela Sra.Francine -Passo a mão no cabelo -O senhor pode me dizer onde a Jenna pode estar? Ela não veio para cá novamente.

-Não faço ideia de onde ela possa estar agora -disse ele.

-Tudo bem, não se preocupe a acharei -digo confiante, mesmo estando um pouco aflito.




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