Epílogo

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"Não esconda as lágrimas, nem fuja da dor ; Aceite-a, mas não permita que ela tome conta da sua vida."

Jenna narrando:

" 3 Anos Depois"

- Você quer provar? - pergunto e Paul assente. Me remexo entre suas pernas, no lençol estendido me virando para ele de lado - está bom?

-Hm... Hummm - ele faz uma cara engraçada, como se estivesse provando da sétima maravilha do mundo. - Como sempre está delicioso.

Me recostei novamente de costas no peito de Paul, pegando o pote da sobremesa que coloquei, logo comendo com bolachas em forma de palitos.

Nós dois - na verdade três - estamos no chalé preferido da família sentados no chão, e encostados em uma árvore, com uma bela vista do lago.

Eu aprendi muito com a vida, contudo que passei na vida acho que no final com certeza devo ter alguma lição.

Não digo que superar a morte de minha mãe foi fácil - É claro que não - me foquei na fase seguinte, a história não podia se repetir, eu tinha que ser forte, seguir em frente ao invés de me afundar na dor.

Lembro que uma vez - quando estivemos aqui no chalé - mamãe me disse algo que sempre me vem a memória, toda vez que olho para trás. Suas palavras exatas foram: "Minha filha, você é forte e Capaz. Não admira que tenha conseguido chegar até o hoje, aqui. Você é muito especial e merece ser feliz... Amanhã você pode até chorar, mas em breve tudo vai melhorar. Olha, meu amor... Eu sei que agora tudo parece ilusão, mas um dia a vida, o tempo e as circunstâncias trarão respostas para todas as suas perguntas. "

Agora que penso, ela tinha razão. Sempre teve .

O tempo me ensinou que limpar as lágrimas e cuidar das feridas é a primeira coisa que devo fazer quando a vida me deixar sem chão.

Ao mesmo tempo em que aprendi isso, percebi que a perda de um ente querido, é um momento de profunda dor, que sozinhos não conseguimos suportar. Talvez eu esteja desacreditando de mim mesma, mas quando perdi minha mãe eu tinha alguém para compartilhar da mesma dor, não papai, não um alguém qualquer, eu tinha Paul que se tornou uma pessoa íntima para mim. Eu sabia que não estava sozinha, não era a única.

Por mais que sintamos a falta dos que já nos deixaram, infelizmente nossa vida tem de continuar.

- você está pensativa -Paul acariciou minha barriga já arredondada e visível de 5 meses - Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada! Só estava pensando na vida - sorrio colocando minha mão por cima da dele - Pensando no quanto a vida foi generosa em me dar você.

- Sério!? - ele ri - Também devo muito a vida por me dar uma esposa como você.

Ele estala um beijo no topo da minha cabeça, me fazendo me aninhar mais em seus braços.

Ficamos em silêncio, um silêncio confortador e agradável.

-Lohane - digo vendo algumas crianças brincando.

-O quê? - Paul se remexe me fazendo olhá-lo. Sua feição era confusa.

- Lohane é nome da nossa filha no sonho que tive um dia antes da morte da minha mãe - digo me recordando do sonho de há 3 anos.

- É um nome lindo -diz ele sorrindo. - mas e esse sonho!?

- No sonho nós estávamos aqui no chalé fazendo piquenique com mamãe, tinha uma garotinha também... Lohane, era nossa filha  - sorrio triste - Foi nesse sonho que minha mãe ia embora. Eu acho que desde sempre no fundo eu já sabia que ela não resistiria, eu... Eu acho que só eu não quis encarar a realidade como devia ser.

- Eu também sinto falta dela - Ele fala

- Mas você gostou do nome? Concorda em nossa filha se chamar assim? - pergunto e Paul abre um sorriso.

- Concordo sim - responde - se você está feliz, eu também estou.

O beijo com um sorriso de orelha a orelha.

- Você vai ser elétrica Lohane?  - Questiona brincando com minha barriga coberta

- Meu amor... Eu acho que sim -digo - só sentir como ela chuta.

- Como a avó - diz Paul - Mas claro que a materna, minha avó era um anjo.

- Não tem problema - digo maliciosa - vou ser o diabinho no ombro dela, para te dar dor de cabeça.

- Está vendo como sua mãe é uma má influência meu amor - dá um beijo na minha barriga continuando - Escute apenas o que eu disser.

- Até parece sua voz a assusta - digo risonha.

- É mesmo!? Então me explica porque ela fica tão feliz quando me ouve. - retruca me desafiando.

- Ela chuta porque tem raiva de você ficar a acordando sempre -respondo - A mim ela vai escutar, porque eu sou a mãe.

- Veremos quando ela nascer - Paul

Sorrio e pego um pedaço de bolo de chocolate e o entrego.

- Eu estou cansada -digo manhosa - minhas mãozinhas estão doendo. Você pode me dar na boca por favor?

- Está achando que sou empregado é - ergue uma sombracelha e rio.

- Por favor - faço biquinho - Você não pode negar isso a sua esposa grávida.

Ele faz uma careta mas logo ri.

-  Eu não vou negar. Mas bem que você podia comer fruta para ficar mais saudável.

- Está me chamando de gorda é? - faço cara de brava

- Talvez - fala um pouco receoso, logo rindo - Estou brincando Amor, você está linda assim. No final da gravidez vai ficar mais linda ainda com ele barrigão, que eu vou amar dar carinho.

- Eu amo você -digo um tanto emocionada, culpa dos hormónios.

- Eu também amo você - me deu mais um beijo, me fazendo sorrir mais - Agora se aconchega aqui, que eu também estou precisando dessa delícia.

               

Eu não podia pedir melhor da vida, apesar de tudo agradeço por ter achado finalmente minha felicidade.

Com o tempo aprendemos que o mais importante é o que permanece. E só as lembranças e o legado de cada um existe de verdade.

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