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"Num certo momento da vida, não é a esperança a última a morrer, mas a morte é a última esperança."

(Leonardo Sciascia)

Continuando...

Jenna Narrando:

Eu passei todo o tempo chorando, fiquei abraçada a Paul o tempo todo, ainda não tínhamos notícias de mamãe e isso era completamente frustrante.

Papai estava mais abalado do que nunca. O mesmo ficou junto de mim e Paul se retirou nos dando um tempo a sós.

Depois de mais um pouco de choro me acalmei e Paul voltou a entrar no quarto.

Logo o médico apareceu e me levantei num pulo.

- Doutor, o que houve? - Papai

- Mais uma convulsão - suspirou o médico visivelmente exausto - Só que mais grave, ela ficou com dificuldades de respirar.

- Ela vai ficar bem não é?- pergunto cautelosa. Senti Paul se aproximando e segurando minha mão.

-A Sra. Francine, está mais pior do que quando a doença foi descoberta, os exames indicam que o câncer se espalhou por todo o corpo.

- O que isso quer dizer? - Papai se apressou aflito.

- Que o facto de ela ainda estar viva é um grande milagre, nós não podemos fazer mais nada. - O médico respondeu.

- Vocês não podem fazer mais nada? - pergunto me exaltando, com as lágrimas descendo novamente. - O que ela está vivendo não é o suficiente, vocês precisam se esforçar mais.

- Filha se acalme - papai me abraçou. - Doutor o que vai acontecer agora?

O médico respirou fundo novamente.

- A Sra. Francine pode até dormir, mas a probabilidade de ela acordar é nula. - Nos olhou triste - Ela foi forte até agora, mas seu corpo já está esgotado.

Meu coração falhou uma batida e senti meu corpo entrando em colapso, como se tivesse congelado.

Impossível.

Ela não pode me abandonar.

Não posso perder ela também.

Porque a vida está me fazendo isso?

Justo agora que tudo estava se indireitando?

- Vai ficar tudo bem, minha filha - sussurrou papai enquanto afagava o meu cabelo.

- Nós podemos ver ela? - questionou Paul depois de um pequeno momento de silêncio.

- Podem sim, vocês não tem muito tempo - fala o médico - com licença.

O médico se retirou e eu depois de me acalmar fui junto de papai ver minha mãe, Paul nos acompanhou até a porta, o mesmo alegou que nós precisávamos de um tempo a sós.

Eu e papai entramos no quarto e mamãe estava numa cama, que continha muitos aparelhos, sem deixar faltar a famosa máquina de "bip, bip, bip, bip... ".

Seu rosto tranquilo estava pálido como a neve, seus olhos fechados, mas aparentemente esgotado.

A mesma não demorou a acordar já que tinha dormido desde o acontecido a horas atrás, seus olhos piscavam e rodeavam o quarto freneticamente - talvez se adaptando a luz do quarto.

- John... - Sussurrou -Filha... ?

- Estamos com você querida - papai acariciou seu rosto.

- Mãe - digo com um aperto no peito.

Ela curvou os lábios levemente num sorriso.

- Vocês vão ficar bem - disse - Vocês são fortes.

Minha mãe estava morrendo.

E eu não estava preparada.

Eu não podia fazer absolutamente nada, para impedir tal acontecimento.

Eu e papai trocamos um olhar.

- John você é meu marido -continuou - e você meu bem, é minha filha. Tem que ser forte. Igual eu sou.

- Nós somos fortes - digo engolindo em seco - A senhora também foi, ainda é forte.

- Eu amo vocês - sussurrou curvando os lábios novamente num sorriso, a mesma fechou seus olhos.

- Nós te amamos mãe -sussurrei vendo seu sorriso se desfazer lentamente como um borão.

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