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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

Clarice Lispector

Jenna narrando

Esses dias tem sido difíceis, mas estamos aprendendo a conviver com eles.

Minha mãe num dia está melhor e no outro pior, mas ela ficou feliz pelo nosso casamento.

Num dia estamos em casa, mas no outro ela piora e voltamos sempre ao hospital, pisamos mais esse lugar que nossa própria casa.

Eu e Paul decidimos nos casar o mais rápido possível, sempre que estamos no hospital, mamãe nos ajuda nos preparativos e eles já estão quase prontos, em uma semana vamos nos casar.

Eu não queria, que tudo isso acontecesse nestas circunstâncias, mas nem tudo sai como a gente quer, isso é óbvio, eu conheci o Paul em um momento totalmente inconveniente.

O papai, nem sei o que posso falar, ele está completamente arrasado, ele se faz de forte perto da mamãe e de mim, mas bem no fundo ele sente essa dor que eu sinto, por vezes ele chora pelos cantos e isso me deixa totalmente partida.

Ele não merece nada disso, mas eu tenho certeza que vamos superar, precisamos superar e o faremos juntos, ele está sendo forte por mim, e eu o farei por nós dois.

Eu estou me esforçando muito para superar isso, já sofri demais, já derramei muitas lágrimas, e acho que basta disso, minha disse que a dor faz parte da vida, temos que enfrentá-la e superá-la.

O mundo é cruel, mais eu não devo permitir que isso me derrube ou me deixe sem chão.

•••

Bem hoje é o dia do casamento, meu nervosismo está a flor da pele, acho que estou me encarando no espelho faz uns 20 minutos, nunca pensei que depois de tudo eu estaria aqui, para ir ao altar de novo com alguém que amo.

Todos os dias vou agradecer a Paul por me fazer feliz, por me dar esperanças de um novo recomeço, não sei o que fiz para o merecer, já que minha vida é composta de burradas.

Enfim, estou usando um vestido pode se dizer... Talvez extravagante? Não sei, mas gostei dele.

A cerimónia será na casa dos meus pais, minha mãe está um pouco melhor para participar dela, eu queria algo mais simples, sem muita gente, apenas próximos

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A cerimónia será na casa dos meus pais, minha mãe está um pouco melhor para participar dela, eu queria algo mais simples, sem muita gente, apenas próximos.

-Filha você está linda -disse mamãe entrando no meu quarto.

Limpei a lágrima na sua bochecha logo a abraçando de forma atenciosa.

- A senhora quer me fazer chorar tão já? -digo sorrindo -nem casei ainda.

Ela riu e eu a acompanhei.

- O Paul vai te fazer feliz, mas do que já faz -diz ela pegando minha mão.

-Eu sei mãe, sou uma sortuda -digo sorrindo abertamente, desde mais cedo estou sorrindo, a esta altura minhas bochechas deviam estar doendo.

- Uma vez alguém me disse que a vida não tem garantias, procurá-las seria uma perda de tempo - sorriu -viva o que for para ser vivido, a vida é curta. Então minha filha, não sinta medo, o medo é um piores inimigos da vida e da felicidade .

Não aguentei e desabei no choro, ainda bem que essa maquilhagem não borra com qualquer líquido se não estaria como um Zombi.

- Aí mãe...-digo

- Você devia estar desidratada eu ein -diz ela rindo -tantas lágrimas, a quem será que você puxou.

Rimos, pois ela também é assim, com lágrimas de crocodilo.

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