Jasmine
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— Jasmine; aquele homem está morrendo de tesão por você. Eu conheço a raça masculina.— Que nada Camila. Um homão daquele? — ironizo sorrindo. Bebo o resto do meu chopp e lembro do perfume almiscarado de Jonas.
— Amiga, você já se olhou no espelho? Você tem um corpo que muitas mulheres praticamente moram na academia para conseguir enquanto você nem exercício pro glúteo faz — rimos. — Tem estes bonitos e misteriosos olhos cor de mel, um ma beleza natural única e ele com certeza só deve ficar com mulheres do tipo modelo: alta, loira, magérrimas. Deve ter sentido algo diferente.
— Genética de mamãe — brinco. Quando vejo fotos antigas da minha mãe percebo tenho o mesmo corpo que o dela quando tinha a idade que tenho.
— Se ele pressionar... Você dá uns beijos? Estou muito curiosa. — questiona sondando-me sorrateira.
— A minha intuição grita pra eu fugir dele. — minha postura muda, começo a ficar mais receosa.
— Vocês têm uma mega química. É difícil fugir disso.
— De qualquer forma, não vamos mais nos ver. Ele é meu chefe, CEO. Não há interação entre o ambiente de trabalho dele e o meu. Muito menos entre ele e eu. Então, as coincidências acabaram e a vida segue seu curso normalmente. — dou de ombros e ergo o braço pedindo a ao garçom que traga a conta.
— Será, Jasmine? — pergunta e embora eu saiba que é o curso normal das coisas. Meu estômago revira por saber que não iremos mais nos ver.
⚔️
Fecho a porta de madeira antiga pintada com a cor azul clara e olho para o relógio da cozinha que ponteia 03h00. Dou alguns passos na casa escura, silenciosa e me jogo no sofá pensando no Jonas, na nossa dança, na sua respiração no meu pescoço, da mão dele na minha cintura, na fragrância forte, marcante e que no mínimo deve ser exclusiva. Afinal, já trabalhei em uma loja de perfumes e nunca senti nada parecido.
Está gravado na memória, impregnado em minha roupa, em meu nariz, fecho os olhos e é como se eu estivesse revivendo a cena e nos vendo no tapete da minha sala, como se eu pudesse senti-lo de novo, mesmo sabendo que não vamos mais nos ver, ainda sinto como se ele fosse marcar a minha vida pra sempre.
Estava esperando minha mãe chegar enquanto pensava no Jonas que acabei entrando num sono profundo e me assusto ao escutar um estrondo. Ergo-me e com os olhos abertos forçosamente vejo que é minha mãe chegando ás 05h00 cantarolando.
— Até que enfim — reclamo e me deito novamente no sofá.
— Já te falei pra não me esperar.
— Eu sempre vou esperar mãe.
— E se eu quiser estender minha noite num motelzinho? — pergunta e a olho com uma carranca enquanto dobra as minhas pernas para ter espaço pra se sentar no sofá.
— Que nojo! Se for fazer isso ao menos me avisa. — ela gargalha retirando dos pés, os saltos e dos cachos, a flor branca.
— Vá pra cama filha. — manda descansando a coluna no encosto do sofá.
Minha mãe apesar de seu espírito livre, entende muito de sentimentos e é com ela que decido procurar um conselho.
— Mãe, a senhora sempre diz que, por toda a vida, só amou o meu pai. Quando você soube que ele seria o homem que te marcaria para sempre?
— Essas coisas a gente sente minha filha. Que engraçado. Tô lembrando agora do jeito que ele me olhava, tocava... Era como se eu fosse o centro da Terra e homem nenhum conseguiu fazer igual. - Assinto, dou um beijo em sua bochecha maquiada, recebo um afago nos cabelos, tomo um banho rápido e me deito.
Acordo lá pelas 09h00 e começo a molhar nossas plantas. Temos várias espalhadas por dentro e por fora da casa, em nosso minúsculo quintal. Estou passando óleo de coco nas folhas de algumas para hidratar quando Camila toda sorridente aparece no portãozinho de casa, abre e entra.
— Bom dia. Trouxe pão. Me diga que tem café da tia.
— Mesmo se não tivesse, para você ela faria. — confesso e ela sorri. Minha mãe e Camila tem pensamentos muito parecidos, o que faz com que tenham um enorme carinho uma pela outra.
— Jas... E aquele homem? Fiquei pensando ontem... O que vai fazer a respeito?
— Nada Camila. Foi tudo só uma grande coincidência. Não não vou mais vê-lo, então não há nada o que pensar a respeito. Esquece essa história.
— Eu discordo. Se ele sabe que você trabalha para ele, com certeza irá atrás. Homem quando quer algo...
Por um lado fico ansiosa de pensar em vê-lo, a minha lucidez me diz que o melhor é que ele desista, por outro lado, isso me deixa desapontada. Quando um homem me deixou assim?
⚔️
Ouço minha mãe e Camila dando risada enquanto falam sobre uma novela que as duas assistem. Mas fico de fora do assunto, pois não assisto televisão. Vivo no meu mundo com a cara nos livros e os ouvidos nas músicas.
— Jas? Vim te fazer um convite inusitado. Hoje vou fazer uma apresentação de Pole Dance numa boate chiquérrima no Leblon. Aceita ir comigo? Vai ser bom ter um rosto conhecido e você pode ficar nos bastidores. — cochicha enquanto minha mãe vai para os fundos lavar roupas.
— Mila, você sabe que eu não te apoio...
— Eu sei. Mas não vou me prostituir. Vou me apresentar, mostrar a minha dança e isso é algo novo para mim. Fiz o curso e essa será a primeira apresentação por isso estou aflita.
— Tudo bem, eu vou. Se este é o incentivo que falta para te fazer enxergar o quanto a sua arte pode te levar longe, estarei lá.
— Você é a minha família, Jas. — beija-me a bochecha e eu oro a Deus, em silêncio, pra que ela saia dessa vida.
Tentei blindar os pensamentos em Jonas enquanto Camila e eu passávamos o dia conversando sobre coisas banais, sonhos, mas foi impossível.
Quando a noite cai, Camila me arruma fazendo uma maquiagem com um delineado bem forte que acentua o tom mel dos meus olhos, um batom vermelho que deixa meus lábios grossos bem marcados, um vestido na cor rose que destaca minha pele negra e um salto que faz com que eu me sinta incrível.
— Garota... Você valeria caro, viu? — Camila brinca me dando um tapa na bunda que eu respondo com um revirar de olhos. Aliás, ela está incrível com os cabelos presos numa trança alta que fizemos com um aplique de cabelo que bate no seu cóccix, um Macacão Catsuit Fantasia, bota vinil cano longo e para dar um ar de mistério durante o Striptease, um sobretudo longo vermelho que combina com a lingerie que ela está usando por baixo do macacão.
— Pronta?
— Pronta.
Nem precisei inventar uma desculpa para a minha mãe, pois, ela já havia saído de casa. Deve ter ido a Gafieira com as "meninas".
Quando chegamos ao ponto de Mototáxi, os mais de 10 homens que estão sob suas motos estacionada param a conversa e disputam, entre si quem irá nos levar.
Uma atenção excessiva que muito me desagrada, mas muito agrada Camila. Pulamos cada uma em uma garupa e seguimos para o Leblon.
Eu ainda estava incrédula para onde estava indo. Mas nada me preparou para o que a noite me reservava.
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É Jasmine algo me diz que as "coincidências" não param por aí... E vcs o que acham?
Se tiver bastante voto e comentário eu posto +1 capítulo amanhã, o que acham?