Capítulo 2 - Desculpa

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Sentada na sua cama, Rachel pediu para que a deixassem sozinha de modo a recolocar as suas coisas nos seus devidos lugares. Ao pousar o livro que estava a ler sobre a banquinha, a sua mente é invadida por histórias do passado, os fantásticos momentos com Gar, as gargalhadas ao lado de Kory, os incríveis abraços reconfortantes de Dick, mas por fim a luta com o seu pai, toda aquela dor e o desentendimento com Jason... 

"ABERRAÇÃO"

Aquela palavra começou por ecoar-lhe na mente, cada vez num tom mais elevado e impossível de se controlar, irritada, triste, nervosa, a filha de Trigon era capaz de se sentir a perder o controlo, cravou as mãos na mesa com imensa força, ofegando.

- Rach! - exclamou Garfield assustado ao entrar, o que a fez descer à Terra novamente - Que aconteceu? Calma está tudo bem...

Limitou-se a abraçá-la, tranquilizando-a, contudo, ambos saltaram ao ouvirem um grito, um grito de uma voz conhecida que deixou um amargo aperto de medo no peito dela.
Saíram correndo porta fora, em busca da origem do mesmo até entrarem de repente no quarto de Jason que se encontrava prestes a ser sufocado pela magia de Rachel que, por sua vez, foi capaz de dominar o pânico e recuperá-la, fazendo o rapaz cair no chão, inconsciente.

- Vai chamar o Dick, Gar!! - implorou Rachel que se aproximou de Jason com rapidez, agitando-o ao de leve, numa tentativa de o acordar.

Mal o ex Robin entrou acompanhado de Kory, Dawn e Rose, Rachel afastou-se mesmo insistindo que não sairia.

- O que é que tu lhe fizeste?! - gritou Rose furiosa.
- Eu, eu não queria... - gaguejou ainda trémula, de olhos lacrimejantes.
- Nunca queres não é?! Nunca queres mas só magoas todos à tua volta! - vociferou deixando Rachel cada vez mais inervada.
- O que... O que é que... - balbuciou Jason ao recuperar os sentidos, chamou todas as atenções para si, incluindo das duas miúdas que pouco faltou para acabarem a lutar.
- Estás bem? Como é que te sentes? - indagou Rose aproximando-se.

Rachel tentou fazer o mesmo, mas foi-lhe impossível pois mal lhe colocou os olhos em cima, este recuou assustado.

- Tu, foste tu...- balbuciava.
- Talvez seja melhor saíres. - pediu-lhe Kory com a mão sobre o seu ombro.
- Não quero! - declarou Rachel.
- É melhor, Rach... - disse Gar.
- Quero falar com ele... - insistiu a filha de Trigon.
- Para acabares por matá-lo? Não me parece! - afirmou Rose atravessando-se-lhe à frente.
- Rose... - murmurou Jason - Deixa, deixem-na ficar e saiam por favor.
- Are you sure?
- Se ele quer vamos. - concordou Dawn criando um sorriso tímido nos lábios da mais nova.

Por fim lá saíram do quarto, cedendo à surpreendente vontade dos jovens.

- Vais só ficar aí calada...? - questionou Jason ao fim de minutos de silêncio a observar Rachel de cabeça baixa. Mal o mesmo sabia que esta tentava ganhar coragem para proferir alguma palavra decente.
- Não... Desculpa... - sussurrou ainda sem se virar para o rapaz deitado na cama - Desculpa por te ter quase matado, duas vezes...
- É um bocado complicado desculpar isso, sabes? - exclamou, orgulhoso como sempre.
- Sei mas, eu ainda estava a aprender, mal tinha controlo de mim mesma, do que sinto... 
- E agora pelo que parece não mudou muito. - isto seria mais complicado do que ela imaginava.
- Mudou! Na ilha aprendi a meditar, a controlar as minhas emoções, no entanto, de certa forma voltar fez tudo regressar ao que era... Porra devia lá ter ficado! - berrou entre dentes, irritada consigo própria.
- O que é que fez realmente aquilo acontecer? Não pode ter sido só estares de novo cá. 

Na voz de Jason havia algo diferente, um irreconhecível tom de compreensão.

- Foi... Foi pensar em ti... No que me disseste na altura... - e as bochechas brancas de Rachel tornaram-se de imediato rosadas.

Jason sentiu pela primeira vez algo mesmo incomum, era culpa, também ele se sentia culpado... Nunca se preocupou com as palavras que lhe saíam da boca, nunca se preocupou com o que iam sentir as pessoas que as ouvissem, mas ali, de alguma forma ao entender a tristeza e a mágoa que cravou em Rachel com aquela ofensa, ficou verdadeiramente arrependido.

- Desculpa, agora sou eu que te devo um pedido de desculpas. - aquilo não podia tê-la chocado mais.

Even if I hate you a lot of timesOnde histórias criam vida. Descubra agora